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domingo, 30 de janeiro de 2022

Após 50 anos, comunidades recordam unidas o "Domingo Sangrento"

Foto dos acontecimentos em Londonderry naquele 30 de janeirode 1972 
(AFP or licensors)

Recorda-se neste domingo, 30 de janeiro, o aniversário do 'Domingo Sangrento' na Irlanda do Norte. As duas comunidades, a republicana e a unionista, estarão reunidas na memória e na esperança. Dom McKeown: hoje Derry é um exemplo de solidariedade e dignidade.

Francesca Sabatinelli e Fabio Colagrande - Cidade do Vaticano

50 anos se passaram desde o “Bloody Sunday”, o domingo sangrento em Derry, na Irlanda do Norte, onde, em 30 de janeiro de 1972, soldados britânicos abriram fogo contra manifestantes pacíficos e desarmados, que participavam de uma marcha de protesto não violenta organizada pela Northern Ireland Civil Rights Association contra a chamada Operação Demetrius, que previa a prisão por tempo indeterminado e sem julgamento de cidadãos com histórico no IRA. Treze pessoas morreram no local, uma décima quarta morreu no hospital.

Dom McKeown: hoje a guerra acabou

Aquele foi um dos tantos eventos dramáticos do sangrento confronto entre nacionalistas republicanos e unionistas leais à coroa britânica, que entrou para a história como "troubles". São muitas as cerimônias previstas para o fim de semana, começando com uma missa na noite deste sábado, como explica o bispo de Derry, Dom Donal McKeown, que na época do massacre tinha 21 anos e era estudante em Belfast.

Dom Donal McKeown, como a sua Diocese de Derry está vivendo o 50º aniversário do massacre conhecido como o massacre do Bloody Sunday?

Será um fim de semana de celebrações. Começa na noite deste sábado com a celebração de uma Missa, como tem sido feito todos estes anos, pelos mortos, por todos aqueles que morreram há 50 anos, na Igreja de Santa Maria, em Creggan. Comigo estarão alguns sacerdotes e também o bispo anglicano Andrew Forster, que quer participar desta celebração para estar entre as famílias que celebram a memória de seus familiares. Em seguida, haverá manifestações, apresentações teatrais e até uma celebração no monumento dedicado às vítimas, na manhã de domingo, na presença de políticos e representantes das Igrejas Católica e protestantes.

Com que espírito vocês se prepararam para viver este aniversário?

Com uma grande dignidade. Eu estive por 36 anos em Belfast, estou aqui em Derry há oito anos, e é um privilégio estar no meio de um povo que tanto sofreu ao longo das décadas, mesmo séculos e que encontrou, no meio de tanto sofrimento, uma dignidade e um sentimento de solidariedade uns com os outros. Quando o Relatório Saville do governo britânico sobre o Bloody Sunday foi publicado há 13 anos, os líderes das Igrejas protestantes se reuniram com as famílias para expressar sua alegria pela inocência de seus familiares. As relações entre as Igrejas na cidade são positivas há décadas, as Igrejas juntas buscaram construir a paz.

Que significado assume este aniversário à luz da fé?

Sempre se lê também na Bíblia que o povo de Deus sempre soube olhar para trás, para tempos e experiências difíceis, e encontrar no meio do sofrimento sinais da graça de Deus. As pessoas de fé podem olhar com compaixão para os problemas do passado, com o olhar da fé e encontrar desígnios de graça, de coragem humana, de espírito humano, de amor de Deus, procurando a verdade, mas procurando também criar um futuro cheio de esperança para os nossos jovens e não um futuro cheio de arrependimento.

O senhor se lembra onde estava naquele domingo de 1972?

Estávamos no seminário em Belfast, éramos cerca de vinte estudantes na universidade. Primeiro ouvimos falar de um homem morto, depois de todos os outros. Dois dias depois houve uma greve na universidade, saímos de trem para ir ao sepultamento, na quarta-feira da semana seguinte ao massacre. Foi uma época forte para mim, como eu tinha 21 anos, com um senso de idealismo. Queríamos estar com aqueles que tinham sofrido naquele domingo, para tentar construir a paz.

Cerca de 25 anos após a assinatura do acordo da Sexta-feira Santa, pode-se dizer que o conflito na Irlanda do Norte terminou definitivamente?

Estou certo de que a guerra acabou, o conflito permanece no sentido de que não é um conflito dentro da Irlanda do Norte, mas diz respeito à questão de saber se a Irlanda do Norte deve pertencer à Grã-Bretanha ou à República da Irlanda. O conflito continua, mas politicamente e de forma pacífica e podemos olhar para o futuro com esperança e alegria. No entanto, sim, a guerra acabou, as Igrejas especialmente trabalharam duro para criar essas pontes, elas foram as criadoras da paz e também podemos celebrar a grandeza de tantos que criaram a paz mesmo nos anos mais difíceis. Por eles damos graças a Deus.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF