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Dom Paulo Cezar Costa / Arcebispo de Brasília
Batismo do Senhor
Jesus, ungido pelo Espírito
Hoje, celebramos a solenidade do batismo de Jesus. Jesus se submeteu ao rito batismal de João Batista e o Espírito desceu sobre ele (Lc 3, 21-22). João Batista batizava no Jordão. O seu era um batismo para pecadores, aonde as pessoas iam a João Batista, confessavam seus pecados e eram submetidas a este rito penitencial. São Lucas apresenta o povo que recebeu o batismo e Jesus, também, foi batizado e achava-se em oração. É típico do Evangelho de São Lucas, nos momentos centrais do seu ministério, apresentar Jesus rezando.
O céu se abriu. O céu fechado simbolizava a separação entre Deus e os homens. Israel vivia uma secura de profetas, isto é, a falta da voz de Deus, do falar de Deus, da revelação de Deus. Agora, no Batismo de Jesus, o céu se abriu e Deus ungiu com o Espírito Santo o seu Filho Jesus. O Filho encarnado é ungido com o Espírito Santo e desenvolverá toda a sua missão na força do Espírito. Na cruz, entregará o Espírito e ressuscitado será doador do Espírito para os seus, para a Igreja. São João Crisóstomo, fazendo uma comparação entre a pomba no dilúvio e o Espírito, em forma de pomba que desce sobre Jesus, no batismo, afirma: “… a pomba não leva mais aos homens, hoje, um ramo de oliva, mas mostra-nos Aquele que deve liberar-nos de todos os males e nos faz antever grandes esperanças. Essa não faz sair da arca um homem só, destinado a repovoar a terra, mas quando aparece, atrai toda a terra ao céu e, no lugar do ramo de oliva, trás para todos os homens a adoção filial.”.
Mas o Pai manifesta, no batismo, quem é Jesus: “Tu és o meu Filho, eu, hoje, te gerei!”. Jesus é o Filho que está no meio dos homens, que se tornou verdadeiramente solidário com os seres humanos. Deus verdadeiramente passou da nossa parte. Se o céu fechado indicava a ausência da Palavra de Deus, agora, Deus está no meio dos homens, se tornou um de nós. Nele não se encontrava pecado, mas ao se submeteu a este rito de João Batista que era um rito para pecadores, ele se solidarizou com os pecadores, mostrou que era exatamente para eles que ele tinha vindo, como ele mesmo dirá: “Não são os sãos que precisam de médico, mas os doentes, eu não vim chamar justos mas pecadores”.
Celebrar o Batismo de Jesus deve nos fazer recordar do nosso batismo. Na primeira coleta da missa, assim se expressa a oração da Igreja: “Deus eterno e todo-poderoso, que sendo o Cristo batizado no Jordão, e pairando sobre ele o Espírito Santo, o declarastes solenemente vosso Filho, concedei aos vossos filhos adotivos renascidos da água e do Espírito Santo, perseverar constantemente em vosso amor”. Nós, que celebramos o batismo do Senhor, pedimos a graça de perseverar na vivência da nossa vocação batismal. É um dia em que somos chamados a recordar, com a memória agradecida, aquele momento na nossa vida em que fomos inseridos no mistério de Deus, nos tornando filhos de Deus e nos tornando membros da grande família dos filhos e filhas de Deus, a Igreja. O batismo nos inseriu na comunhão com Deus, diante do qual somos filhos e filhas, esta é a nossa identidade. Ganhamos uma grande família, a Igreja.
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