Jovens da Ação Católica Italiana soltaram balões na Praça São Pedro, como sinal de esperança (Vatican Media) |
Os longos anos de caminhada podem nos levar a pensar que
conhecemos bem o Senhor, e assim nos fecharmos às suas novidades e surpresas,
fixos em nossas posições. Para evitar isto, devemos ter a mente aberta e o
coração simples e humilde: "O Senhor pede uma mente aberta e um coração
simples. E quando uma pessoa tem uma mente aberta, um coração simples, tem a
capacidade de surpreender-se, de maravilhar-se. O Senhor nos surpreende sempre,
é esta a beleza do encontro com Jesus".
Jackson Erpen - Cidade do
Vaticano
“Que Nossa Senhora, modelo de
humildade e disponibilidade, nos mostre o caminho para acolher Jesus.” E para
acolher as suas novidades, devemos purificar-nos no "rio da
disponibilidade e em muitos banhos saudáveis de humildade."
A reflexão do Papa Francisco
no Angelus deste IV Domingo do Tempo Comum versa sobre a
acolhida a Deus e seus desígnios, e parte do Evangelho de Lucas proposto pela
Liturgia do dia, que “narra a primeira pregação de Jesus em sua cidade,
Nazaré”, e "o êxito foi amargo", encontra "incompreensão e também
hostilidade".
De fato, "seus
conterrâneos, mais do que uma palavra de verdade – começa explicando Francisco
aos fiéis reunidos na Praça São Pedro - queriam milagres, sinais prodigiosos”.
Mas “o Senhor não realiza nenhum e eles o rejeitam, porque dizem que já o
conhecem desde criança, que é o filho de José, e assim por diante”, o que leva
Jesus a pronunciar a célebre frase: "Nenhum profeta é bem recebido em sua
terra".
Deus não coloca
freios em seu amor
Mas se Jesus, conhecendo o
coração dos conhecidos e sabendo dos riscos que corria de ser rejeitado, por
que foi pregar em sua cidade assim mesmo? - pergunta o Papa -, ”por que fazer o
bem a pessoas que não estão dispostas a te acolher?”:
Essa é uma pergunta que também
nós muitas vezes nos fazemos. Mas é uma pergunta que nos ajuda a compreender
melhor Deus: Ele, diante de nossos fechamentos, não retrocede: não coloca
freios em seu amor. Vemos um reflexo disso naqueles pais que têm consciência da
ingratidão de seus filhos, mas nem por isso deixam de amá-los e de fazer-lhes o
bem. Deus é assim, mas em um nível muito mais elevado. E hoje ele convida
também a nós a acreditar no bem, a não deixar de fazer o bem.
Humildade e
disponibilidade
“Eles não foram acolhedores, e
nós?”. A hostilidade em relação a Jesus – observou Francisco - também nos
provoca. E para ilustrar os “modelos de acolhida que Jesus propõe hoje a seus
conterrâneos e a nós”, volta seu pensamento aos dois livros de Reis, que falam
de dois estrangeiros – a viúva de Sarepta de Sidônia e Naamã, o sírio – que
acolhem Elias – “apesar da fome e embora o profeta fosse perseguido
político-religioso” e Eliseu – “que o levou a se humilhar, a banhar-se sete
vezes no rio, como se fosse uma criança ignorante”.
Quer a viúva como Naamã,
“acolheram com sua disponibilidade e humildade. O modo de acolher Deus é sempre
ser disponível, acolhê-Lo e ser humilde". Ou seja, a fé passa pela
“disponibilidade e humildade. Eles “não rejeitaram os caminhos de Deus e de
seus profetas; foram dóceis, não rígidos e fechados”:
Irmãos e irmãs, também Jesus
percorre o caminho dos profetas: apresenta-se como não esperávamos. Não o
encontra quem procura milagres, se nós buscarmos milagres não encontraremos
Jesus, que busca novas sensações, experiências íntimas, coisas estranhas, não!
Quem busca uma fé feita de poder e sinais externos. Não, não o encontrará.
Somente o encontra, por outro lado, quem aceita seus caminhos e seus desafios,
sem lamentações, sem suspeitas, sem críticas e sem cara feia.
Para evitar
fechamentos, o Senhor pede mente aberta e coração simples
Assim, Jesus nos pede para
acolhê-Lo na realidade cotidiana, na Igreja de hoje, nos necessitados, nos
problemas na família, nos pais, nos filhos, nos avós, "acolher Deus ali,
onde Ele está, e nos convida a nos purificarmos no rio da disponibilidade e em
muitos banhos saudáveis de humildade. É preciso humildade para
encontrar Deus, para deixar-se encontrar por Ele”:
E nós, somos acolhedores ou
nos assemelhamos aos seus conterrâneos, que achavam que sabiam tudo sobre ele?
'Eu estudei teologia, fiz aquele curso de catequese...eu sei tudo sobre Jesus',
como um "tolo"... Não seja tolo, tu não conheces Jesus. Quem sabe,
depois de tantos anos sendo crentes, pensamos que conhecemos bem o Senhor, com
nossas ideias e nossos julgamentos, tantas vezes. O risco é de nos acostumarmos
com Jesus, fechando-nos às suas novidades, ao momento em que Ele bate à porta e
te diz uma coisa nova, quer entrar em ti. Nós devemos sair desse estar fixos em
nossas posições. O Senhor pede uma mente aberta e um coração simples. E quando
uma pessoa tem uma mente aberta, um coração simples, tem a capacidade de
surpreender-se, de maravilhar-se. O Senhor nos surpreende sempre, é esta a
beleza do encontro com Jesus".
Que Nossa Senhora, modelo de humildade e disponibilidade
- disse ao concluir - nos mostre o caminho para acolher Jesus.
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