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sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Papa Francisco, São José e 4 belas reflexões sobre a ternura de Deus

Audiência Geral. Foto: Vatican.Va

Na audiência de quarta-feira, 19 de janeiro, o Papa parou para refletir sobre a ternura de Deus e sobre a figura de São José.

 ZENIT REDAÇÃO AUDIÊNCIA GERAL

20 de janeiro de 2022

(ZENIT News / Cidade do Vaticano, 19.01.2022).- Na audiência geral desta quarta-feira, 19 de janeiro, o Papa Francisco falou de São José como o "pai da ternura", desenvolvendo sua reflexão sobre esse traço do amor de Deus que Jesus experimentou através Joseph. O Santo Padre baseou-se em sua Carta Apostólica Patris corde, da qual cita vários fragmentos. Terminou, como já é habitual neste ciclo de catequese, com uma breve oração dirigida a São José. Apresentamos a seguir o texto integral da audiência com títulos acrescentados de ZENIT.

***

1) A ternura de Deus na figura de São José

Hoje gostaria de mergulhar na figura de São José como pai na ternura. Na Carta Apostólica Patris corde (8 de dezembro de 2020) pude refletir sobre este aspecto da ternura, um aspecto da personalidade de São José. De fato, ainda que os Evangelhos não nos dêem detalhes sobre como exerceu a paternidade, podemos ter certeza de que o fato de ser um homem “justo” também se traduziu na educação dada a Jesus. «José viu Jesus progredir dia após dia “em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2,52): assim diz o Evangelho. Como o Senhor fez com Israel, também "ensinou-o a andar e tomou-o nos braços: era-lhe como um pai que levanta um filho até o rosto e se inclina para ele para alimentá-lo" (cf. Os 11,3-4)» (Patris corde, 2). É linda essa definição da Bíblia que faz ver a relação de Deus com o povo de Israel. E pensamos que a mesma relação foi entre São José e Jesus.

2) São José transmitiu a Jesus a ternura de Deus

Os Evangelhos testemunham que Jesus sempre usou a palavra "pai" para falar de Deus e de seu amor. Muitas parábolas têm como protagonista a figura de um pai. Entre os mais famosos está certamente o do Pai misericordioso, narrado pelo evangelista Lucas (cf. Lc 15,11-32). Precisamente nesta parábola, para além da experiência do pecado e do perdão, sublinha-se o modo como o perdão chega a quem cometeu um erro.

O texto diz assim: "Estando ele ainda longe, seu pai o viu e, comovido, correu, jogou-se em seu pescoço e beijou-o efusivamente" (v. 20). O filho esperava um castigo, uma justiça que mais lhe daria o lugar de um dos criados, mas vê-se envolvido pelo abraço do pai. A ternura é algo maior que a lógica do mundo. É uma forma inesperada de fazer justiça.

É por isso que nunca devemos esquecer que Deus não tem medo de nossos pecados: vamos colocar isso bem em nossas cabeças. Deus não tem medo dos nossos pecados, é maior do que os nossos pecados: é pai, é amor, é terno. Ele não tem medo de nossos pecados, de nossos erros, de nossas quedas, mas tem medo do fechamento de nosso coração —sim, isso o faz sofrer—, tem medo de nossa falta de fé em seu amor. Há uma grande ternura na experiência do amor de Deus. E é bonito pensar que a primeira pessoa a transmitir esta realidade a Jesus foi precisamente José.

De fato, as coisas de Deus sempre chegam até nós pela mediação das experiências humanas. Há algum tempo - não sei se já contei — um grupo de jovens que fazem teatro, um grupo de jovens pop, "inovadores", ficaram impressionados com essa parábola do pai misericordioso e decidiram fazer uma peça pop com esse argumento, com essa história.

 E eles se saíram bem. E toda a trama é, no final, que um amigo ouve o filho que se afastou do pai, que queria voltar para casa, mas tinha medo de que o pai o expulsasse e castigasse. E o amigo lhe diz, naquela peça pop: "Mande um mensageiro e diga que você quer ir para casa, e se o pai vai te receber, ponha um lenço na janela, aquele que você vê assim que pega a estrada final". Então ele fez. E a peça, com cantos e danças, continua até o momento em que o filho entra na rua final e a casa é vista. E quando ergue os olhos, vê a casa cheia de lenços brancos: cheia. Não um, mas três e quatro em cada janela. Tal é a misericórdia de Deus. Não tem medo do nosso passado, das nossas coisas ruins: tem medo apenas do encerramento. Todos nós temos contas a acertar; mas fazer as contas com Deus é algo muito legal, porque começamos a conversar e Ele nos abraça. A ternura! porque começamos a conversar e Ele nos abraça. A ternura! porque começamos a conversar e Ele nos abraça. A ternura!

3) A experiência de ternura e nossa fragilidade redimida

Então podemos nos perguntar se nós mesmos experimentamos essa ternura e se nos tornamos testemunhas dela. De fato, a ternura não é antes de tudo uma questão emocional ou sentimental: é a experiência de sentir-se amado e acolhido precisamente em nossa pobreza e miséria e, portanto, transformado pelo amor de Deus.

Deus confia não apenas em nossos talentos, mas também em nossa redimida fraqueza. Isso, por exemplo, leva São Paulo a dizer que há também um projeto sobre sua fragilidade. Assim, de fato, escreve à comunidade de Corinto: «Para não me deleitar com a sublimidade daquelas revelações, foi dado um ferrão à minha carne, um anjo de Satanás que me esbofeteia […]. Por isso, três vezes implorei ao Senhor que se afastasse de mim. Mas ele me disse: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”» (2Cor 12,7-9). O Senhor não tira todas as nossas fraquezas, mas nos ajuda a caminhar com as fraquezas, tomando-nos pela mão. Ele toma nossas fraquezas pela mão e fica perto de nós. E isso é ternura. A experiência da ternura consiste em ver o poder de Deus passar precisamente pelo que nos torna mais frágeis; enquanto nos convertermos do olhar do Maligno que "nos faz olhar para a nossa fragilidade com um juízo negativo", enquanto o Espírito Santo "a traz à luz com ternura" (Patris Corde, 2). «A ternura é a melhor maneira de tocar o que há de frágil em nós. […] Veja como as enfermeiras tocam as feridas dos doentes: com ternura, para não machucá-los mais.

E assim o Senhor toca nossas feridas, com a mesma ternura. Por isso é importante encontrar a Misericórdia de Deus, especialmente no sacramento da Reconciliação, na oração pessoal com Deus, fazendo experiência de verdade e ternura. Paradoxalmente, até o Maligno pode nos dizer a verdade: é um mentiroso, mas consegue nos dizer a verdade para nos levar a mentir; mas, se o fizer, é para nos condenar. Em vez disso, o Senhor nos diz a verdade e estende a mão para nos salvar. Sabemos, porém, que a Verdade que vem de Deus não nos condena, mas nos acolhe, nos abraça, nos sustenta, nos perdoa” (Patris Corde, 2). Deus sempre perdoa: coloque isso na sua cabeça e no seu coração. Deus sempre perdoa. Somos nós que cansamos de pedir perdão. Mas ele sempre perdoa

4) A ternura de Deus em nossos erros

Faz-nos bem, pois, olhar-nos na paternidade de José, que é espelho da paternidade de Deus, e perguntar-nos se permitimos que o Senhor nos ame com a sua ternura, transformando cada um de nós em homens e mulheres capazes de amar assim. Sem esta “revolução da ternura” —é necessária uma revolução da ternura! — corremos o risco de ficar presos numa justiça que não nos permite levantar facilmente e que confunde redenção com castigo. Por isso, hoje quero recordar de modo particular os nossos irmãos e irmãs que estão na prisão. É justo que aquele que cometeu um erro pague por seu erro, mas é igualmente justo que aquele que cometeu um erro possa se redimir de seu próprio erro.

Não pode haver convicções sem janelas de esperança. Qualquer convicção sempre tem uma janela de esperança. Pensemos nos nossos irmãos e irmãs presos, pensemos na ternura de Deus por eles e rezemos por eles, para que encontrem naquela janela de esperança uma saída para uma vida melhor.

Uma oração a São José, pai da ternura

E concluímos com esta oração:

São José, pai em ternura,

ensina-nos a aceitar ser amado justamente no que há de mais fraco em nós.

Não coloquemos nenhum impedimento

entre a nossa pobreza e a grandeza do amor de Deus.

Desperte em nós o desejo de nos aproximarmos do Sacramento da Reconciliação, aos nossos irmãos e irmãs na sua pobreza.

Esteja perto daqueles que erraram e por isso eles pagam um preço;

ajude-os a encontrar, junto com a justiça, também a ternura para poder recomeçar.

E ensiná-los que a primeira maneira de recomeçar

é pedir perdão com sinceridade, sentir a carícia do Pai.

Fonte: https://es.zenit.org/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF