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sábado, 22 de janeiro de 2022

Relíquias dos mártires salvadorenhos, testemunho de amor

Relíquia do padre Rutilio Grande | Vatican News

Rutilio Grande foi assassinado por paramilitares em 12 de março de 1977, no final da tarde, quando ia celebrar a Missa da novena em honra de São José, padroeiro do El Paisnal, em Salvador. No dia 22 de janeiro será beatificado juntamente com Manuel Solórzano, o jovem Nelson Lemus e o frade franciscano de origem italiana Cosme Spessotto. Na cerimônia, uma relíquia é o símbolo da presença viva do mártir.

Pe. Manuel Cubías - Cidade do Vaticano

Na manhã de 20 de janeiro, o Museu dos Mártires entregou a relíquia do padre Rutilio Grande à Comissão que cuida da beatificação prevista para o sábado, 22 de janeiro. Trata-se de um lenço que o sacerdote carregava consigo no dia de seu assassinato. É feito de tecido branco e linhas verdes, com o nome do padre Grande bordado em um canto. O sangue e o tecido juntos nos falam hoje de uma pessoa que deu a vida pelos mais pobres.

A relíquia: do silêncio, um testemunho de amor

Na tarde de 12 de março de 1977, o sol estava radiante e quente. A estrada de Aguilares a El Paisnal não era pavimentada e em muitos lugares passava por extensas plantações de cana-de-açúcar. É nesta estrada que o carro do padre Grande e dos seus dois companheiros, Manuel e Nelson, foi emboscado. Dezenas de disparos atingiram os corpos dos três passageiros e uma bala perfurou sem piedade o livro de orações litúrgicas. Respingos de sangue uniram, numa triste despedida, o sacerdote e os leigos, o jesuíta e os camponeses, os mártires e a terra. Uma testemunha do antes e do depois desta tragédia será a relíquia que fará Rutilio Grande presente na cerimônia de beatificação: um lenço.

Vidro protege objetos pertencentes a padre Rutilio | Vatican News

O servidor

Um lenço como símbolo de "serviço" nos permite preservar a memória. Para que Rutilio o usava? Para enxugar o suor dos dias quentes depois de um dia de trabalho e para enxugar as lágrimas do sofrimento e das preocupações. Para que mais poderia ser usado?

O lenço com sangue e o nome do padre Rutilio bordado | Vatican News

A testemunha

E o lenço, que estava no bolso de trás da calça, tornou-se uma testemunha. No dia do assassinato do padre Grande e de seus companheiros, ficou encharcado por seu sangue. Hoje, o lenço traz o nome e a identidade do mártir. Num canto aparece o nome do padre Grande e por toda a superfície os vestígios do seu sangue que o tempo não conseguiu apagar e que continuam a nos falar de sua vida, de sua dedicação e do seu amor pelos mais pequeninos da terra.

Livro ritual com marca do disparo | Vatican News

O martírio

Por fim, os vestígios de sangue que estão no lenço, sangue que fala de santidade e que clama por verdade e justiça para este caso e para todos aqueles que ficam impunes. As relíquias do padre Rutilio Grande e dos outros mártires são parte importante da cerimônia de beatificação e são um convite a percorrer hoje o caminho a serviço do povo de Deus até a entrega da própria vida, precisamente como fez Jesus, e nunca ser entendida como uma mortalha que acompanha à morte.

Entrega da relíquia pelo Museu dos Mártires à comissão de beatificação | Vatican News

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF