Protestos contra o assassinato de Moise Kabangambe (AFP or licensors) |
Combater o racismo estrutural no Brasil é tarefa de
todos, sem exclusão de ninguém. É a posição de Gislaine Marins, expressa no
artigo "Consciência Negra, não Consciência de Melanina" a propósito
do recente assassinato, no Rio de Janeiro, do jovem refugiado congolês, Moïse
Kabagambe.
Dulce Araújo - Vatican News
O Brasil é um país com um alto
índice de assassinato de pessoas negras, ao ponto de se falar em genocídio de
jovens negros. E a sociedade quase que se habituou a isso. Já quase nem reage.
Mas o brutal assassinato à pancada do jovem refugiado congolês, Moïse
Kabagambe, a 24 do mês passado, no Rio de Janeiro, provocou várias reações de
condenação da parte de muitos organismos.
A Rede CLAMOR Brasil, a Rede
Solidária para Migrantes e Refugiados e a Comissão Episcopal Pastoral para a Ação
Transformadora, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil emitiram – segundo
o Programa Brasileiro da Rádio Vaticano – uma nota assinada em conjunto
por mais de 120 entidades pastorais, em que manifestam a sua solidariedade à
família de Moïse e à comunidade congolesa no Brasil.
Moïse que fugiu com a família
da guerra na RDC, vivia há mais de uma década no Brasil. Tinha 24 anos e foi
morto violentamente à pancada em frente dum quiosque na Barra do Tijuca (Rio de
Janeiro), onde tinha ido pedir o pagamento de alguns dias de trabalho.
Mas porque é que a sua morte
causou, de algum modo, e felizmente, mais reações do que o quotidiano
assassinato de jovens negros no Brasil?
Segundo a Drª
Gislaine Marins, professora, que a respeito do caso Moíse escreveu um
artigo intitulado “Consciência Negra, não Consciência de Melanina”, é que há no
país há maior sensibilidade em relação a estrangeiros.
De qualquer modo, ela
considera que a raiz da discriminação racial no Brasil tem a ver com o passado
colonial e a exploração económica (que se estende ainda hoje aos migrantes) e
que é preciso conhecer a História do país e pôr a tónica na educação para se
combater eficazmente o fenómeno. E não se trata apenas de tarefa dos negros,
mas a Consciência Negra deve envolver todos, independentemente da cor da pele,
a fim de se poder construir uma sociedade realmente livre do racismo.
A Doutora Gislaine Marins é formada em Letras, tradutora,
professora, com participação no Dicionário de Figuras e Mitos Literários das
Américas e autora do Blog “Palavras Debulhadas” para a divulgação da língua
portuguesa. O seu artigo “Consciência Negra, não Consciência de Melanina” foi
publicado no dia 4 de fevereiro no site da emissora brasileira “Tua Radio
Alvorada”.
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