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EDUCAÇÃO
CATÓLICA: fundamento bíblico (Parte 6)
A concepção de educação do ponto de
vista bíblico depende do período histórico, do contexto sociocultural e de
sujeitos específicos considerando suas responsabilidades.
Há uma profunda relação entre a
consciência de fé, com seus múltiplos compromissos religiosos e a necessidade
da educação. É claro o reconhecimento da necessidade da educação para a
promoção do reto agir humano, afim de que a pessoa chegue à experiência da
Sabedoria. A educação tem muitos aspectos; há uma visão de educação integral.
A educação contribui para a formação
do caráter da pessoa e os primeiros responsáveis por essa missão são os pais. A
família é a primeira escola da vida e está alicerçada na autoridade dos pais
que tem como fundamento o quarto mandamento: honrar pai e mãe (cf. Eclo
3,1-17).
- Deus educa o seu povo
Deus se apresenta como educador do
seu povo. “Reconheça em seu coração que Javé seu Deus educava você como o homem
educa o próprio filho” (Dt 8,5; cf. Dt 11,2). “Feliz o homem a quem educas,
Javé, a quem ensinas com a tua lei” (Sl 94,12).
Deus, com profunda ternura e
misericórdia acompanha o ser humano (cf. Sl 33,13-15); “repreende, corrige,
ensina e dirige, como o pastor conduz o seu rebanho. Ele tem compaixão dos que
aceitam a correção, e dos que se esforçam para lhe cumprir os mandamentos”
(Eclo 18,13-14).
“Meu filho, não desprezes a educação
do Senhor, não te desanimes quando ele te repreende; pois o Senhor corrige a
quem ele ama e castiga a quem aceita como filho… É para a vossa educação que
sofreis, e é como filhos que Deus vos trata. Pois qual é o filho a quem o pai
não corrige” (Hb 12,5-7). A educação é vista como sinal de compromisso de amor
em vista da promoção do crescimento dos filhos.
“Deus, porém, nos corrige para o
nosso bem, a fim de partilharmos a sua própria santidade. No momento mesmo,
nenhuma correção parece alegrar, mas causa dor. Depois, porém, produz um fruto
de paz e de justiça para aqueles que nela foram exercitados” (Hb 12,10-11).
- O conteúdo da educação
Os pais eram chamados a dar uma
educação plena para seus filhos e também deveriam se preocupar com o futuro
deles: “Você tem filhos? Eduque-os e ensine-os a obedecer desde a infância.
Você tem filhas? Cuide do corpo delas, e não seja indulgente com elas. Arrume
casamento para sua filha, e terá realizado uma grande tarefa, mas faça que ela
se case com homem sensato” (Eclo 7,23).
A educação é primariamente de
responsabilidade dos pais, por isso adverte o eclesiástico: “Dê muito mimo a
seu filho, e ele trará surpresas desagradáveis para você; siga os caprichos
dele, e ele deixará você triste” (Eclo 30,9); “Corrija seu filho e faça-o
responsável, para depois você não tropeçar na insolência dele” (Eclo 30,3). A
educação comporta a experiência da disciplina: “Discipline seu filho, pois
nisso há esperança; não queira a morte dele” (Pv 19,18). A educação familiar
tinha uma sensibilidade preventiva.
A boa educação exige o crescimento
nas boas maneiras, ou seja, saber se comportar em cada contexto e respeitar os
limites (cf. Eclo 31,12-31). Todavia, apesar da clareza da missão dos pais,
também encontramos a consciência de que educar não é moldar passivamente, pois
o outro é um sujeito em formação. Por isso encontramos na Bíblia lamentos em
relação à educação não assimilada. “Eu criei e eduquei filhos, mas eles se
revoltaram contra mim” (Is 1,2). A vontade e a liberdade pessoal podem
contrariar a formação recebida.
Pais, quais educadores exemplares,
educam seus filhos para a justiça, como o velho Tobit aconselhando o seu filho
Tobias: “Meu filho, lembre-se do Senhor todos os dias. Não peque, nem
transgrida seus mandamentos. Pratique a justiça todos os dias da vida, e jamais
ande pelos caminhos da injustiça. Se você agir conforme a verdade, será
bem-sucedido em tudo o que fizer, como todos os que praticam a justiça” (Tb
4,5-6).
Quem é educado para a justiça aprende
a ser sensível para com os pobres (cf. Tb 5,7-10); evita o orgulho e a preguiça
porque geram pobreza e miséria (cf. Tb 4,13). Educar para a justiça é respeitar
a dignidade do trabalhador e não fazer a ninguém aquilo que não queremos que os
outros nos façam (cf.Tb 4,14-15). Os governantes também são chamados a serem
educadores do povo: “Governante sábio educa o seu povo, e a autoridade de um
homem que tem bom senso é bem-organizada” (Eclo 10,1).
Encontramos na Bíblia também
preocupação para com a formação profissional e sua relação com a questão
vocacional; ser e fazer caminham juntos. Os profetas são chamados, formados e
capacitados para servir (cf. Is 44,21.24; Is 42,6). Os médicos para serem
admirados devem ter a ciência que lhes foi dada para glorificar a Deus (cf.
Eclo 38,1-8). Todos os profissionais são chamados a serem sábios, diligentes,
honrados naquilo que fazem (cf. Eclo 38,24-34).
- A Sabedoria é a meta da educação
A finalidade da educação nas Sagradas
Escrituras não é simplesmente instruir tecnicamente, mas é promover a Sabedoria
(cf. Sb 2,12-13; Eclo 1,23-24; Pv 22,18-28; Eclo 22,11-28). Dessa forma a
educação tem uma forte dimensão moral. Todavia, não se trata de uma moralidade
alicerçada puramente na razão ou na obediência formal aos preceitos
socioculturais, mas é fundamentada na fé.
O princípio da sabedoria é temer ao
Senhor; a sabedoria faz florescer na pessoa a paz e a saúde, a ciência, a
inteligência e exalta quem a possui (cf. Eclo 1,13-18). O sábio disciplina as
paixões desordenadas, cresce na paciência, obedece aos mandamentos, se alegra
na fidelidade, evita a violência e é sincero (cf. Eclo 1,19-27).
Aquele que tem fé é chamado, ao longo
da sua vida, a mergulhar na sensibilidade da sabedoria. “Na sabedoria há um
espírito inteligente, santo, único, múltiplo, sutil, móvel, penetrante,
imaculado, lúcido, invulnerável, amigo do bem, agudo, livre, benéfico, amigo
dos homens, estável, seguro, sereno, que tudo pode e tudo abrange, que penetra
todos os espíritos inteligentes, puros e sutilíssimos. A sabedoria é mais ágil
que qualquer movimento, atravessando e penetrando tudo por causa da sua pureza
(…). Ela é reflexo da luz eterna, espelho nítido da atividade de Deus e
imagem da sua bondade (…). Permanece sempre a mesma, mas renova tudo, e
entrando nas almas santas, através das gerações, forma os amigos de Deus e os
profetas” (Sb 8,22-27).
- Educar para a Caridade
O horizonte da
educação no Novo Testamento é crescimento na Caridade, ou seja, o Amor. O sábio
é aquele que ama e a plenitude das virtudes é a Caridade (cf. 1Cor 13). A
referência do educador e modelo do processo educativo é a pessoa de Jesus
Cristo (próximo artigo). Para São Paulo educar é um dom:
“quem tem o dom de ensinar, ensine” (Rm 12,7). Por isso nem todos podem ser
mestres (cf. Tg 3, 1).
A educação autêntica deve estar
alicerçada na verdade. Educar significa despertar o educando para o senso
crítico fazendo-o capaz de discernimento: “Não vos deixeis enganar por toda a
espécie de doutrinas estranhas” (Hb 13,9). “Assim, não seremos mais crianças,
joguetes das ondas, agitadas por todo o vento de doutrina” (Ef 4,14). Aquele
que ensina é chamado a ser humilde: “Tu, que ensinas aos outros, não ensinas a
ti mesmo” (Rm 2,21).
A fonte fundamental da educação
cristã é a Palavra de Deus: “Proclama a palavra, insiste, em tempo oportuno e
inoportuno, refuta, ameaça, exorta com toda a paciência e doutrina. Pois virá
um tempo em que alguns não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, seguindo
os seus próprios desejos, como que sentindo comichão nos ouvidos, se rodearão
de mestres. Desviarão os seus ouvidos da verdade, orientando-se para as
fábulas” (2Tim 4,2-4). “De fato, toda a Escritura é inspirada por Deus e adequada
para ensinar, refutar, corrigir e educar na justiça” (2Tm 3,16-17).
PARA REFLEXÃO
PESSOAL
- Como Deus nos educa?
- O que significa educar para
a justiça?
- Qual é a diferença da meta
da educação entre o Antigo e o Novo Testamento?
Fonte: https://www.cnbb.org.br/
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