Pe. Lucas Perozzi Jorge e paroquianos refugiados na Igreja | Vatican News |
"Eu estou aqui para falar: Deus está aqui. Para que
não apareça outro Nietzsche, por exemplo, perguntando onde está Deus neste
absurdo, onde está Deus lá na Ucrânia, onde está Deus atuando através do Putin.
Eu estou aqui para falar: Deus está aqui, em meio a toda essa desgraça.”
Bianca Fraccalvieri – Vatican
News
“Estamos vivendo cada dia como
se fosse uma Páscoa, como se hoje tivéssemos que morrer”: palavras do sacerdote
brasileiro Lucas Perozzi Jorge, que vive em Kiev desde 2004.
Do Caminho Neocatecumenal, Pe.
Lucas atualmente é vigário da Igreja da Dormição da Santíssima Virgem Maria.
Ele e mais 35 pessoas, entre membros da comunidade e paroquianos que pediram
abrigo, estão vivendo dentro da Igreja, numa parte segura que fica no subsolo.
Por enquanto, não faltam luz nem calefação.
Ele afirma que a Quaresma já
começou na Ucrânia, mas para o brasileiro, se trata de um “momento de graça”:
“Eu estou vivendo num contexto que é uma graça, uma graça
de Deus. Que não sou digno de viver nada disso, porque sou realmente fraco, sou
covarde, sou um pecador muito grande, mas o que estou vivendo vai além, porque
Deus me dá a graça de estar contente no meio de toda essa bagunça.”
“Dá para ver a mão de Deus
muito forte aqui. Estou vivendo a gratuidade, a graça do amor de Deus. De poder
estar aqui no meio desta situação toda e poder experimentar o amor de Deus, que
Ele é bom, que Ele é amoroso.”
Comentando o Dia de oração e
jejum convocado pelo Papa Francisco, Pe. Lucas fala da importância de saber que
toda a Igreja está rezando por ele, enquanto retribui as orações pelo
Pontífice, “capitão do barco”.
"Deus está
na Ucrânia"
Natural do interior de São
Paulo, o brasileiro afirma que não pensou em sair da Ucrânia, não obstante os
laços familiares muito fortes que deixou em Álvares Machado, sobretudo com o
pai. Quando a guerra começou, ele estava fora de Kiev para um curso, mas voltou
imediatamente; e a confirmação que tinha que ficar veio quando a primeira
família de paroquianos pediu abrigo.
“Eu estou aqui para falar:
Deus está aqui. Para que não apareça outro Nietzsche (filósofo niilista, ndr),
por exemplo, perguntando onde está Deus neste absurdo, onde está Deus lá na
Ucrânia, onde está Deus atuando através do Putin. Eu estou aqui para falar:
Deus está aqui, em meio a toda essa desgraça.”
Em meio ao calvário que estão
vivendo, Pe. Lucas tem a certeza da ressurreição:
“Acredito não, estou convencido. Mas não a ressurreição
do fim da guerra, isso não sei. Estamos obrigados a viver um dia de cada vez,
mas a ressureição é o que me mantém em pé, porque se não existisse a
ressurreição, não teria sentido estar aqui. Não é se eu acredito, eu estou
plenamente convencido na ressurreição dos mortos, isso é o que me permite estar
aqui.”
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