Manifestação pela paz na Ucrânia, Berlim, 27 de fevereiro de 2022 (AFP or licensors) |
A invasão russa está trazendo dor e devastação à Ucrânia
e ameaça se espalhar. Outras guerras continuam fazendo vítimas na Síria, Iêmen,
Etiópia e ainda em outras terras. São sempre os mais indefesos, particularmente
as crianças, que pagam o preço. As pessoas simples querem paz.
Sergio Centofanti – Vatican
News
Hoje, mais do que nunca,
sonhamos com a profecia de Isaías: "Transformarão suas espadas em arados,
suas lanças em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra a outra, e
nem se aprenderá mais a fazer a guerra" (Is 2,4).
Por muito tempo, aqui na
Europa, tomamos a paz como um dado adquirido. A guerra era assunto de outros,
de povos distantes, podíamos esquecer essas guerras, envolvidos apenas pelos
gritos dos fugitivos em busca de uma nova esperança, talvez insensível à dor
dessas pessoas. Essas guerras ainda estão aí: Síria, Iêmen, Etiópia e muitas
outras. As pessoas ainda estão fugindo, apenas tentando viver.
A vida, às vezes, muda
repentinamente. Na noite anterior ao ataque russo, havia multidões nas ruas e
restaurantes das cidades ucranianas. As pessoas buscavam não pensar na
concentração das tropas de Moscou na fronteira. Ninguém imaginava que o drama
viria em poucas horas. À noite era a paz, à madrugada já era a guerra. À noite
de braço dado com a amada ou amado, no dia seguinte com o fuzil. Um jovem casal
se casou imediatamente após a invasão e se alistou para defender sua pátria.
Muitas crianças foram levadas para fora do país, muitas outras ainda estão sob
as bombas. Um novo massacre dos inocentes.
Temos estado demasiadamente
acostumados à paz. Todos os dias lamentamos de muitas coisas. Mas quando, de
repente, a guerra irrompe, vemos claramente o que é essencial. A paz é
essencial. Um Salmo nos lembra: "Não haja brecha ou fuga, nem grito de
alarme em nossas praças. Feliz o povo em que assim acontece" (Salmo 144).
Agora há lutas na Europa. E temos medo, angústia. Talvez, também esta seja uma
guerra distante para outros. Para os ucranianos é em suas terras, que alguém quer
roubar. Para outros europeus, está perto. Há o pesadelo de uma guerra nuclear.
Um míssil pode atingir uma usina atômica. Em meio a essa ansiedade, há tanta
solidariedade com aqueles que foram atacados. A leitura da Oração Matinal de
hoje diz: "Socorrei o oprimido" (Is 1,17). O que podemos fazer para
ajudar?
Queremos a paz! Não queremos a
guerra do poderoso de turno que visa aumentar seu poder sobre o sangue dos
outros: até mesmo o de seus próprios filhos, que são usados e enganados e
enviados para matar e morrer. Como podemos parar esta loucura? Alguns recorrem
às sanções, outros às armas, outros à diplomacia. O que as pessoas simples
podem fazer? Ajudar, ser solidárias com o povo ucraniano, e rezar pela paz.
Hoje mais do que nunca, sonhamos com outra profecia,
quando os inimigos finalmente viverão juntos em paz: "Então o lobo morará
com o cordeiro, e o leopardo se deitará com o cabrito; o bezerro, o leãozinho e
o gordo novilho andarão juntos, e um menino pequeno os guiará" (Is 11,6).
Senhor, dai-nos a paz!
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