O arcebispo de Brasília e referencial do Inapaz, dom Paulo Cezar Costa |
Aparecida propõe que “não se começa a ser cristão por uma
decisão ética ou uma grande ideia, mas através do encontro como um
acontecimento, com Jesus Cristo, que dá um novo horizonte à vida e, com isso,
uma orientação decisiva para a missão”, diz dom Paulo.
Vatican News
Na segunda sessão da 59ª
Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) na tarde
da segunda-feira, 25 de abril, representantes do Instituto Nacional de Pastoral
Padre Alberto Antoniazzi (Inapaz), organismo ligado à entidade, apresentaram a
análise de conjuntura eclesial com o tema: “Aparecida 15 anos depois:
contribuições, perspectivas e desafios”.
O objetivo, segundo o
secretário-executivo do Inapaz e assessor da Comissão de Cultura e Educação da
CNBB, padre Danilo Pinto, foi refletir de que forma as Diretrizes Gerais da
Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2008 – 2023) recepcionaram
o Documento de Aparecida (2007), fruto da V Conferência Geral do
Episcopado Latino-Americano. A análise apresentada fez também um diagnóstico do
documento, em sua metodologia e conteúdo, apontando os principais pontos
apresentados para a caminhada da Igreja na América Latina.
No documento de Aparecida, de
acordo com o padre Danilo, sobressaiu um olhar do discípulo missionário, fruto
da influência do então cardeal Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, que
coordenou a comissão de redação da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano.
O arcebispo de Brasília (DF) e
referencial do Inapaz, dom Paulo Cezar Costa (foto acima), destacou que o
documento de Aparecida já apontava uma “uma mudança de época, com
transformações em seu nível mais profundo que é no campo cultural” e que marcou
profundamente a Igreja. Nestes quinze anos, de acordo com o arcebispo,
aconteceram grandes transformações no mundo e no Continente Latino-Americano e
Caribenho.
“No cenário cultural, já se
fala de cultura urbana, pois o estilo de vida e a mentalidade dos ambientes
citadinos se expandem, alcançando os rincões. Na realidade social e política do
continente, percebe-se uma maior pobreza de nossos povos, com um crescimento do
número de excluídos”, disse.
De acordo com dom Paulo, a
crise de sentido, já detectada por Aparecida, foi acentuada pela pandemia da
Covid-19. “Há uma grande mudança religiosa no continente, com o crescimento das
religiões protestantes e, principalmente, do neopentecostalíssimo, inclusive
com países onde o número de protestantes já ultrapassou o de católicos”,
ressaltou.
A alegria do
Evangelho
Frente a este contexto,
Aparecida propõe que “não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma
grande ideia, mas através do encontro como um acontecimento, com Jesus Cristo,
que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva para
a missão”.
Ecos deste documento, segundo
dom Paulo, são encontrados na exortação apostólica Evangelii Gaudium,
lançada em 2023 e em outros documentos do magistério do Papa Francisco. Uma
destas ideias é a alegria de ser discípulo missionário. “Não é uma alegria
ingênua, pois Aparecida detecta os reais problemas do Continente, mas uma
alegria que é marca do Nosso Continente na vivência e testemunho da Fé”, apontou
o arcebispo de Brasília.
Convertido, apontou dom Paulo,
ao cristão missionário cabe “entrar com todas as forças, nos processos
constantes de renovação missionária e de abandonar as ultrapassadas estruturas
que já não favoreçam a transmissão da fé.
A análise eclesial apontou
oito pontos do documento de Aparecida que se refletem nas diretrizes gerais da
ação evangelizadora da Igreja no Brasil: Conversão pastoral e renovação
missionária, a formação do discípulo missionário e a Iniciação à Vida Cristã, a
animação bíblica da pastoral, Paróquia, comunidade de comunidades e comunidades
eclesiais missionárias, a piedade popular: lugar do encontro com Jesus Cristo,
a Igreja, a Serviço da vida plena, opção renovada pelos adolescentes e jovens e
a família como espaço de vivência dos valores evangélicos.
Conferência de
Aparecida – 15 anos depois
A CNBB tem uma proposta para a
celebração dos 15 anos da Conferência de Aparecida no Brasil. O Inapaz
apresentou as iniciativas que devem ser levadas adiante durante os próximos
meses. Em maio, a Presidência da entidade terá duas atividades no Santuário de
Aparecida, que sediou a Conferência Latino Americana.
Também está previsto um
seminário, em setembro, com reflexões conduzidas pelo Inapaz e pelos Institutos
de Teologia das universidades católicas. O Inapaz também está preparando a
publicação de um livro com o acúmulo da reflexão apresentada ao episcopado
brasileiro.
Fonte: CNBB
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