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terça-feira, 5 de abril de 2022

Novo livro sobre Charles de Foucauld no Brasil

Charles de Foucauld | Vatican News

Em Bênni Abbês, nosso eremita escreve sobre como se sente enquanto irmão universal: “Eu quero acostumar todos os habitantes, cristãos, muçulmanos, judeus e idólatras, a me perceberem como seu irmão, como um irmão universal.

Irmão. Vanderlei de Lima - eremita de Charles de Foucauld

A Editora Cultor de Livros publicou a nossa obra “Vida e espiritualidade de Charles de Foucauld e Regra de vida eremítica”.

Ela se abre com a vida de Foucauld e o milagre que o levará à canonização, passa pelos grande pontos da sua rica espiritualidade, pelo elogio que os Papas recentes lhe fizeram e chega à nossa Regra de vida eremítica e a três orações muito estimadas pelo eremita do Saara. Neste modesto artigo, pretendemos deixar que o próprio Foucauld nos fale, como, aliás, buscamos fazer no livro que agora vem à luz.

Em Bênni Abbês, nosso eremita escreve sobre como se sente enquanto irmão universal: “Eu quero acostumar todos os habitantes, cristãos, muçulmanos, judeus e idólatras, a me perceberem como seu irmão, como um irmão universal. Eles começaram a chamar a casa [de Charles de Foucauld — nota nossa] ‘a fraternidade’ (khauja, em árabe) e isto me deixa muito contente”. A respeito dos muçulmanos, nosso santo eremita – confirmando, uma vez mais, o seu desejo de fraternidade universal, sem renunciar à fé católica – afirma: “Vou para o sul da província de Oran, até a fronteira do Marrocos, para uma das guarnições francesas sem sacerdote, viver lá como monge, em silêncio e retraído do mundo exterior, sem título de pároco ou capelão; como monge, em oração, e administrando os sacramentos. O objetivo é duplo: primeiro, impedir que os nossos soldados morram sem os sacramentos nesses lugares onde a febre mata muitos e onde não há sacerdote perto. Segundo, sobretudo, fazer o máximo possível de bem à população muçulmana tão numerosa e tão abandonada, levando até ela Jesus na Eucaristia, assim como Maria foi uma bênção para João Batista, levando Jesus até ele”.

O mistério da Encarnação é essencial na espiritualidade de Charles de Foucauld. Daí escrever ele, em 6 de novembro de 1897, esta belíssima reflexão: “A Encarnação tem sua fonte na bondade de Deus, mas uma coisa logo se destaca, tão maravilhosa, tão brilhante, tão surpreendente que brilha como um sinal fascinante: é a humildade infinita que tal mistério encerra... Deus, o Ser, o Infinito, o Perfeito, o Criador todo-poderoso, Imenso, Mestre soberano de tudo, ao fazer-se homem, unindo-se a uma alma e a um corpo humanos e aparecendo na terra como um homem, e como o último dos homens [...]. Para mim: buscar sempre o último dos lugares, para fazer-me tão pequeno quanto meu Mestre, para estar com Ele, para segui-Lo, passo a passo, como servo fiel, discípulo fiel [...] para viver com meu Deus que viveu assim toda a sua vida e me dá um exemplo tão grande no seu nascimento”.

A respeito da adoração eucarística, no retiro de 1897, nosso monge sem mosteiro registra: “Não estavas mais perto da Virgem Santíssima, de São José, na gruta de Belém, na casa de Nazaré, na fuga para o Egito, em todos os instantes da vida desta sagrada família, do que estás de mim neste momento e tantas, tantas vezes neste sacrário. [...] Ficar na minha cela quando podia estar diante de ti no Sacrário, é como se Madalena, quando estiveste em Betânia, te deixasse só para ir pensar em ti sozinha no quarto”.

Charles de Foucauld também chegou a reflexões magistrais como esta de Marcos 6,31 que toca um dos eixos da vida eremítica quando, por exemplo, escreve o seguinte: “Quanto mais a sós estivermos com Jesus, melhor o amor aprecia a entrevista; quanto menos estivermos na companhia de outras criaturas, mais poderemos consagrar todos os nossos minutos, pensamentos e todo o nosso coração à contemplação amorosa de Jesus, e melhor aproveitaremos para estar na companhia de nosso Bem-Amado; que sejam períodos de solidão na companhia de Jesus, constantemente na Sua companhia, aos Seus pés, não nos ocupando senão d’Ele, quer olhando-O em silêncio quer interrogando-O, como faziam os apóstolos, a Santíssima Virgem e Santa Maria Madalena, quando se encontravam a sós na companhia desse divino e Bem-Amado Jesus... [...] Contemplação constante, meditação maior ou menor consoante o que Jesus nos der e indicar, pois devemos seguir as indicações do seu Espírito”.

Como não deixar tudo para buscar só a Deus após ler e meditar o que Charles de Foucauld escreveu? – Que o livro muito nos ajude neste santo propósito.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF