Charles de Foucauld | Vatican News |
Em Bênni Abbês, nosso eremita escreve sobre como se sente
enquanto irmão universal: “Eu quero acostumar todos os habitantes, cristãos,
muçulmanos, judeus e idólatras, a me perceberem como seu irmão, como um irmão
universal.
Irmão. Vanderlei de Lima -
eremita de Charles de Foucauld
A Editora Cultor de Livros
publicou a nossa obra “Vida e espiritualidade de Charles de Foucauld e Regra de
vida eremítica”.
Ela se abre com a vida de
Foucauld e o milagre que o levará à canonização, passa pelos grande pontos da sua
rica espiritualidade, pelo elogio que os Papas recentes lhe fizeram e chega à
nossa Regra de vida eremítica e a três orações muito estimadas pelo eremita do
Saara. Neste modesto artigo, pretendemos deixar que o próprio Foucauld nos
fale, como, aliás, buscamos fazer no livro que agora vem à luz.
Em Bênni Abbês, nosso eremita
escreve sobre como se sente enquanto irmão universal: “Eu quero acostumar todos
os habitantes, cristãos, muçulmanos, judeus e idólatras, a me perceberem como
seu irmão, como um irmão universal. Eles começaram a chamar a casa [de Charles
de Foucauld — nota nossa] ‘a fraternidade’ (khauja, em árabe) e isto me
deixa muito contente”. A respeito dos muçulmanos, nosso santo eremita –
confirmando, uma vez mais, o seu desejo de fraternidade universal, sem
renunciar à fé católica – afirma: “Vou para o sul da província de Oran, até a
fronteira do Marrocos, para uma das guarnições francesas sem sacerdote, viver
lá como monge, em silêncio e retraído do mundo exterior, sem título de pároco
ou capelão; como monge, em oração, e administrando os sacramentos. O objetivo é
duplo: primeiro, impedir que os nossos soldados morram sem os sacramentos
nesses lugares onde a febre mata muitos e onde não há sacerdote perto. Segundo,
sobretudo, fazer o máximo possível de bem à população muçulmana tão numerosa e
tão abandonada, levando até ela Jesus na Eucaristia, assim como Maria foi uma
bênção para João Batista, levando Jesus até ele”.
O mistério da Encarnação é
essencial na espiritualidade de Charles de Foucauld. Daí escrever ele, em 6 de
novembro de 1897, esta belíssima reflexão: “A Encarnação tem sua fonte na
bondade de Deus, mas uma coisa logo se destaca, tão maravilhosa, tão brilhante,
tão surpreendente que brilha como um sinal fascinante: é a humildade infinita
que tal mistério encerra... Deus, o Ser, o Infinito, o Perfeito, o Criador
todo-poderoso, Imenso, Mestre soberano de tudo, ao fazer-se homem, unindo-se a
uma alma e a um corpo humanos e aparecendo na terra como um homem, e como o
último dos homens [...]. Para mim: buscar sempre o último dos lugares, para
fazer-me tão pequeno quanto meu Mestre, para estar com Ele, para segui-Lo,
passo a passo, como servo fiel, discípulo fiel [...] para viver com meu Deus
que viveu assim toda a sua vida e me dá um exemplo tão grande no seu
nascimento”.
A respeito da adoração
eucarística, no retiro de 1897, nosso monge sem mosteiro registra: “Não estavas
mais perto da Virgem Santíssima, de São José, na gruta de Belém, na casa de
Nazaré, na fuga para o Egito, em todos os instantes da vida desta sagrada
família, do que estás de mim neste momento e tantas, tantas vezes neste
sacrário. [...] Ficar na minha cela quando podia estar diante de ti no
Sacrário, é como se Madalena, quando estiveste em Betânia, te deixasse só para
ir pensar em ti sozinha no quarto”.
Charles de Foucauld também
chegou a reflexões magistrais como esta de Marcos 6,31 que toca um dos eixos da
vida eremítica quando, por exemplo, escreve o seguinte: “Quanto mais a sós
estivermos com Jesus, melhor o amor aprecia a entrevista; quanto menos
estivermos na companhia de outras criaturas, mais poderemos consagrar todos os
nossos minutos, pensamentos e todo o nosso coração à contemplação amorosa de
Jesus, e melhor aproveitaremos para estar na companhia de nosso Bem-Amado; que
sejam períodos de solidão na companhia de Jesus, constantemente na Sua
companhia, aos Seus pés, não nos ocupando senão d’Ele, quer olhando-O em
silêncio quer interrogando-O, como faziam os apóstolos, a Santíssima Virgem e
Santa Maria Madalena, quando se encontravam a sós na companhia desse divino e
Bem-Amado Jesus... [...] Contemplação constante, meditação maior ou menor
consoante o que Jesus nos der e indicar, pois devemos seguir as indicações do
seu Espírito”.
Como não deixar tudo para buscar só a Deus após ler e
meditar o que Charles de Foucauld escreveu? – Que o livro muito nos ajude neste
santo propósito.
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