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A Liturgia da Igreja nesta segunda-feira da Semana Santa traz uma pequena
profecia de Jesus ao ser ungido por Maria, irmã de Lázaro e Marta. ““Deixa-a;
ela fez isto em vista do dia de minha sepultura.”, diz Jesus quando Judas,
olhando tão somente para o dinheiro, repreende Maria enquanto derramava o vaso
de perfume em Jesus.
O Mestre fala de sua sepultura que se aproximava e de seu corpo que seria
buscado pelas mulheres para ser ungido e não foi encontrado, pois Ele já havia
ressuscitado. Ao dizer “deixa-a”, Jesus explica que aquela unção
prefigura sua paixão e morte.
A lamúria de Lázaro preocupando-se apenas com o valor do perfume e com o
“gasto” que poderia ser investido em outras questões, manifesta o coração do
homem que, por vezes, antepõe suas necessidades materiais, emocionais e humanas
à amizade com Cristo. Maria, amiga de Jesus, não se preocupou com valores, ela
depositou, como o óbolo da viúva, aquilo que tinha para honrar Nosso Senhor.
No mundo de valores invertidos, é necessário que coloquemos as coisas no
seu devido lugar: Ao Senhor devemos dar o nosso melhor; para a viúva no Templo
era aquela última moeda, para Maria, amiga de Jesus, foi a unção com o vaso de
perfume e o ato de enxugar seus santíssimos pés com os cabelos, para os
apóstolos, foi o sim generoso, mesmo sem compreender, para tantos santos foi a
renúncia de seus bens, títulos e afins; e para nós, qual é o melhor que posso
dar ao Senhor? Certamente, o nosso coração é o que Ele mais deseja, mas depois
da manjedoura, o lugar mais pobre que Jesus veio habitar foi em nossos
corações. Por isso, podemos oferecer a Ele muito mais que o nosso coração.
“Pobres sempre tereis convosco”, e não errou Jesus em afirmar isso. Pelo contrário, a constatação do
Senhor é de que a pobreza, sempre estaria rondando o ser humano, seja pelas
próprias misérias, que vêm, sobretudo pelo pecado no coração, seja pela triste
certeza de que muitos irmãos e irmãs não têm o mínimo para um avida digna.
Louvar e bendizer ao Senhor não está em contradição ao encontro com Ele nos
pobres. Ao elevarmos o incenso numa Liturgia bem celebrada, nosso coração deve
realizar seu rebaixamento para que, saindo do templo depois de uma bela
celebração, possa se encontrar com o irmão sofredor e ver Jesus Cristo, também
nele. O ouro do Cálice onde se conserva o Santíssimo Sangue de Nosso Senhor é
prolongado no “ouro” do irmão que passa fome e deve ter sua dignidade elevada.
Que a generosidade de Maria, ao dar o seu melhor para o Senhor, nos motive
a vivermos totalmente para Ele que entregou tudo – a sua vida – para nossa
salvação. E que a preocupação com os irmãos menos favorecidos seja um incômodo
honesto de nossos corações para que, nas nossas possibilidades, ajudemos o
Cristo sofredor que encontramos todos os dias naqueles que são nossos irmãos e
irmãs.
Fonte: https://arqbrasilia.com.br/
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