Imagem ilustrativa| Erik Mclean (Unsplash) |
MANÁGUA, 23 mai. 22 / 01:30 pm (ACI).- O governo de Daniel Ortega ordenou o fechamento do canal de televisão da Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN), um dia depois que o bispo nicaraguense Rolando Álvarez denunciou que está sofrendo “perseguição” do governo e que fará um jejum indefinido em protesto.
Segundo um comunicado da empresa Claro publicado em 20 de maio, o Instituto Nicaraguense de Telecomunicações e Correios (Telcor), de propriedade do Governo, ordenou que o "canal 51, Canal Católico" fosse "retirado da grade de programação do serviço".
Dom Álvarez, responsável pela área de Comunicação da CEN e responsável pelo canal católico, expressou que o que o Governo quer "é uma Igreja muda, que não anuncie a esperança do povo" e não denuncie o "pecado pessoal e das estruturas de injustiça”.
"A Palavra de Deus não está acorrentada", disse o bispo durante uma entrevista coletiva improvisada no sábado (21) na paróquia Santo Cristo de Esquipulas, nos arredores de Manágua.
O bispo Auxiliar de Manágua, dom Silvio José Báez, escreveu no Twitter que "ainda que a ditadura tire o Canal Católico do ar, tudo será inútil". “A Igreja continuará proclamando o Evangelho da esperança e da justiça”, disse.
Perseguição do governo nicaraguense contra a Igreja
Numa mensagem em vídeo transmitida na noite de 19 de maio, dom Álvarez disse que naquele dia havia sido "perseguido durante todo o dia pela polícia sandinista", que lhe disse que "estava cumprindo ordens".
Além do bispo, padre Harvin Padilla, da diocese de Masaya, denunciou esta semana que também é assediado e perseguido por policiais e paramilitares ligados ao regime.
Numa declaração de 20 de maio, a diocese de Masaya expressou “tristeza e preocupação com a perseguição e o assédio” dos últimos dias.
"Pedimos às autoridades envolvidas que parem com esse comportamento e permitam respeitosamente que cada irmão desenvolva seus direitos, liberdades e garantias humanas e constitucionais sem obstáculos e medos", acrescentou.
No início de maio deste ano, a Assembleia Nacional da Nicarágua, controlada com maioria de mais de 80% pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) de Daniel Ortega, aprovou um relatório que acusa bispos e padres de participar da tentativa de golpe em 2018.
O documento acusa a Igreja Católica de apoiar os protestos civis que exigiram massivamente em 2018 a saída de Ortega do poder. A repressão ás manifestações causaram a morte de cerca de 400 pessoas, segundo organizações internacionais.
Ortega, ex-guerrilheiro da Frente Sandinista de Libertação Nacional, de esquerda, que derrubou o ditador Anastasio Somoza Debayle em 1979, conseguiu ser reeleito quatro vezes, em processos eleitorais controversos.
Fonte: https://www.acidigital.com/
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