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III DOMINGO DA PÁSCOA
Palavra do
Pastor
Dom Paulo Cezar
Costa
Arcebispo de
Brasília
Simão, filho de
João, tu me amas mais do que estes?
O Evangelho deste domingo (Jo 21, 1-19) nos apresenta uma grande cena com
atos interligados. É a aparição do Senhor ressuscitado aos discípulos. Jesus
desce até onde eles estão: não têm o que comer. É a partir da necessidade de
alimento que o Senhor se manifesta aos discípulos. Primeiro Jesus manda os
discípulos jogarem as redes à direita da barca e eles jogam, e apanham cento e cinquenta
e três grandes peixes e a rede não se rompeu. Em seguida, comem peixe e pão com
Jesus. Por fim, tem-se o diálogo de Jesus com Simão, quando Jesus lhe pergunta
três vezes se ele O ama: Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?
No início da cena está a pesca obedecendo às palavras de Jesus: “Lançai as
redes à direita da barca e achareis (…)”. Quando se pesca obedecendo ao que
Jesus ordena, sempre se terá uma pesca abundante. A barca tem o simbolismo da
Igreja que necessita, pelos mares da história, sempre ouvir a Palavra de Jesus,
sempre lançar as suas redes obedecendo às palavras do Mestre. Mediante a pesca
milagrosa, o discípulo amado diz a Pedro: “É o Senhor”. O discípulo amado é um
grande exemplo para nós, no caminho da fé, pois é o homem que, pelos sinais,
reconhece a presença do Senhor. Ele entrou na intimidade de Jesus, no mistério
de Jesus. Nas palavras de Orígenes: “… é o homem que repousou a cabeça sobre o
peito de Jesus”. Por isso, os sinais lhe falam da presença do Senhor.
Jesus prepara a refeição para os discípulos. É o ressuscitado que, no Seu
amor, vai congregando os discípulos e os alimenta na sua fome, tal como
continua a nos alimentar hoje por meio da Palavra e da Eucaristia. Jesus tinha
comido tantas vezes com os discípulos, eles tinham experimentado a sua
proximidade, o Seu amor. Jesus tinha celebrado com eles a última ceia. Agora
Ele os alimenta de novo. O pão relembra a Eucaristia. O peixe, alimento comum
na terra de Jesus, é símbolo Dele mesmo. Pão e peixe serão símbolos de Cristo
no cristianismo das origens. O Ressuscitado sempre alimenta os Seus que estão
carentes de pão, de amor, de sentido, de eternidade. Ele, de novo, assa o pão e
o peixe para nós.
Na parte final do Evangelho, temos o diálogo de Jesus com Pedro, o mesmo
que tinha negado Jesus por três vezes na Paixão, no pátio do sumo sacerdote.
Agora, ele deve reafirmar a fé em Jesus por três vezes e Jesus o confirma na
missão: “apascenta as minhas ovelhas”. O apóstolo deve reafirmar o seu amor
pelo mestre. Seu amor é ainda fraco, ele não é capaz de manifestar um amor
totalmente gratuito por Jesus. Quando Jesus pergunta com o verbo agapan,
que significa o amor na sua gratuidade, o amor de Deus, Pedro responde
com philein, que significa amor de amizade.
A pergunta de Jesus quer suscitar o amor de Pedro e o nosso hoje. São João
Crisóstomo afirma: “… É seu próprio amor pela Igreja que ele queria fazer
resplandecer seja aos olhos de Pedro, seja aos nossos próprios olhos, a fim de
despertar em nossas almas um semelhante ardor.” (Tratado sobre o sacerdócio,
II, 1)
Fonte: https://arqbrasilia.com.br/
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