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IV DOMINGO DA PÁSCOA
Palavra do
Pastor
Dom Paulo Cezar
Costa
Arcebispo de
Brasília
A voz do Bom
Pastor
Neste quarto domingo da Páscoa, celebramos o Domingo do Bom Pastor. Rezamos
pelas vocações sacerdotais e pedimos ao Bom Pastor, Jesus Cristo, para que
envie pastores para a sua Igreja. Jesus Cristo é o Bom Pastor. Talvez a imagem
do pastor não seja muito comum para o nosso mundo urbano, mas era uma imagem
que muito comunicava no tempo de Jesus. O título de pastor, de origem oriental,
indicava uma função de governo. Na Suméria, o rei era designado como pastor. No
prólogo do seu código, Hamurabi, rei da Suméria e de Acad, designa-se como
pastor e retoma no epílogo: “Eu sou o pastor que traz a salvação … contra meu
peito estreitei o povo da Suméria e da Acad” (Col. 50 -51). Esta metáfora
aparece várias vezes no Antigo Testamento se dirigindo a Deus como pastor de
Israel. Deus, através do profeta Ezequiel diz: “Certamente eu mesmo cuidarei do
meu rebanho e dele me ocuparei…” (Ez 34, 11). Mas, nos Evangelhos, é pouco
usada, talvez pela má fama que tivessem os pastores neste tempo. Mas Jesus a
aplica a Si em Jo 10, e se identifica com o Pastor Bom.
No Evangelho deste domingo (Jo 10, 27-10), Jesus, Bom Pastor, manifesta o
seu cuidado para com as ovelhas. As ovelhas de Jesus escutam a Sua voz, Ele as
conhece e elas O seguem. Há uma profunda empatia entre o Bom Pastor e as
ovelhas. Jesus, Bom Pastor, dá às suas ovelhas a vida eterna e elas jamais se
perderão. Nesta imagem forte, exprime-se a autoconsciência dos discípulos de
Jesus, da sua profunda comunhão com Jesus, o Bom Pastor. Os discípulos se
sentem protegidos por Ele e pelo Pai, e sabem que ninguém pode tirá-los da
salvação porque protegidos por Jesus e pelo Pai. O poder protetivo de
Jesus é aquele do Pai e o Pai é maior do que todos, muito maior do que aqueles
que ameaçam o rebanho. Jesus veio do Pai, age segundo a vontade do Pai e por
autoridade do Pai.
Este texto deve nos consolar, pois a imagem das ovelhas significa todos nós
que seguimos Jesus, que somos discípulos e discípulas de Jesus. Ele é o nosso
Bom Pastor que nos amou a ponto de dar por nós a própria vida. A imagem do
Pastor contrasta com o descuidado que os chefes do Israel, daquele tempo,
tinham com o povo, pois eram mercenários e não cuidavam do povo. Jesus, ao
contrário, caminha no meio do povo, escuta, ensina, cura, dá a vida. Ele é o
Bom Pastor, o Pastor Bom e Belo.
Esta imagem também fala para nós, que somos pastores na Igreja conduzindo o
nosso amado povo, mas deve interpelar, também, todos aqueles (as) que têm
responsabilidade diante do povo. Todo homem e toda mulher que tem
responsabilidade diante do povo devem se perguntar se está sendo pastor ou
mercenário.
Santo Agostinho mostra que para ser bom pastor é preciso estar unido ao
único pastor, Jesus Cristo: “Mas os bons pastores estão todos no Único, são um
só. Se eles apascentam, é Cristo que apascenta. Os amigos do esposo não dizem
ser sua a voz, mas com grande alegria se rejubilam com a voz do esposo. Por
conseguinte, é Ele que apascenta quando aqueles apascentam” (Sermo 46,
29).
Fonte: https://arqbrasilia.com.br/
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