Papa Francisco | Vatican News |
Na mensagem de vídeo por ocasião da plenária da
Pontifícia Comissão para a América Latina, Francisco explicou que "a
sinodalidade é a dimensão dinâmica, a dimensão histórica da comunhão eclesial
fundada pela comunhão trinitária, que ao apreciar o sensus fidei de todo o
santo fiel Povo de Deus, a colegialidade apostólica e a unidade com o sucessor
de Pedro, deve incentivar a conversão e a reforma da Igreja em todos os
níveis".
Mariangela Jaguraba - Vatican
News
Foi divulgada, nesta
quinta-feira (26/05), a mensagem de vídeo do Papa Francisco por ocasião da
plenária da Pontifícia Comissão para a América Latina (PCAL) que teve início na
terça-feira, 24, e prossegue até sexta-feira, 27 de maio.
Francisco manifestou
satisfação pelo fato de o organismo se reunir após a pausa prolongada causada
pela pandemia. Antes da convocação do Sínodo sobre a Sinodalidade na Igreja, o
Papa desejava que os membros da Pontifícia Comissão para a América Latina
pudessem "dialogar sobre esse tema, uma vez que a experiência da Igreja na
América Latina foi expressa, após o Concílio Vaticano II, com alguns elementos
marcadamente sinodais".
Reaprender a
caminhar juntos
Segundo Francisco, a
"comunhão" e a "participação" foram as categorias-chave
para a compreensão e implementação da III Conferência Geral do Episcopado
Latino-Americano, realizada em Puebla, e a "conversão pastoral" foi
um conceito relevante na IV Conferência Geral de Santo Domingo que depois
adquiriria ainda mais centralidade na V Conferência Geral de Aparecida.
"Além dos documentos, é a
própria realidade pastoral da Igreja Latino-Americana que me incentiva a pensar
nela como uma experiência na qual a sinodalidade há muito se enraizou",
disse o Papa, acrescentando:
Estou convencido de que, de
forma avançada, a Igreja na América Latina e no Caribe fez um "percurso
caminhando", ou seja, demonstrou que uma interpretação correta dos
ensinamentos do Concílio implica reaprender a caminhar juntos diante dos
desafios ou problemas pastorais e sociais inerentes à mudança de época. Digo
"reaprender" porque para caminharmos juntos é sempre importante
manter o pensamento incompleto. Tenho alergia a pensamentos já completos e
fechados.
"Quando se pensa que se
sabe tudo, o dom não pode ser recebido. Quando se pensa que sabemos tudo, o dom
não nos educa porque não pode entrar no coração. Em outras palavras, não há
nada mais perigoso para a sinodalidade do que pensar que já sabemos tudo. O dom
é o Espírito Santo, que não se impõe à força, mas gentilmente convoca
suavemente o nosso afeto e nossa liberdade para nos modelar com paciência e
ternura, a fim de assumirmos a forma de unidade e comunhão que Ele deseja em
nossas relações", disse ainda Francisco, reiterando que a Igreja é
"um povo reunido em virtude da unidade do Pai, do Filho e do Espírito
Santo."
Incentivar a
conversão e a reforma da Igreja
Assim, a palavra
"sinodalidade" não designa um método mais ou menos democrático e
muito menos "populista" de ser Igreja. Estes são desvios. A
sinodalidade não é uma moda organizacional ou um projeto de reinvenção humana
do povo de Deus. A sinodalidade é a dimensão dinâmica, a dimensão histórica da
comunhão eclesial fundada pela comunhão trinitária, que ao apreciar o sensus
fidei de todo o santo fiel Povo de Deus, a colegialidade apostólica e a unidade
com o sucessor de Pedro, deve incentivar a conversão e a reforma da Igreja em
todos os níveis.
A seguir, o Papa disse que
PCAL é chamada a ser um organismo de serviço que colabora para que todos na
América Latina e no Caribe entrem no estilo sinodal de ser Igreja, "na
qual o Espírito Santo é o protagonista, e não nós".
PCAL, promover a
sinodalidade da forma mais ampla possível
"A PCAL é um serviço, é
uma diakonia, que deve mostrar o afeto e a atenção que o Papa tem em relação à
região. Diakonia, serviço, que ajuda os diversos Dicastérios a agir
de forma sinérgica, entendendo melhor a realidade social e eclesial da América
Latina. Diakonia que, em nome do Papa, acompanha a caminhada
de organismos como o CELAM (Conselho Episcopal Latino-americano) e a CEAMA
(Conferência Eclesial da Amazônia), e pastoral hispânica nos Estados Unidos e
Canadá, em comunhão com a Igreja universal", sublinhou ainda Francisco,
ressaltando que a PCAL "é um organismo da Cúria Romana, parte integrante
do Dicastério para os Bispos, que tem dois leigos como secretários – um homem e
uma mulher agora. Não nos esqueçamos de que o clericalismo é uma perversão
"quietista"."
Segundo o Papa, a PCAL "deve promover a verdadeira
sinodalidade da forma mais ampla possível. A comunhão sem sinodalidade pode
facilmente se prestar a um certo fixismo e centralismo indesejáveis. A
sinodalidade sem comunhão pode se tornar populismo eclesiástico. A sinodalidade
deve nos levar a viver mais intensamente a comunhão eclesial, na qual a
diversidade de carismas, vocações e ministérios se integram harmoniosamente
animados pelo mesmo batismo, que nos torna filhos no Filho". "Tomemos
cuidado com o protagonismo", disse ainda o Papa e animemos "processos
que permitam ao Povo de Deus, que caminha na história, a participar cada vez
mais na responsabilidade comum de que todos nós temos que ser Igreja".
"Somos todos o povo de Deus. Somos todos discípulos chamados a aprender e
seguir o Senhor. Somos todos corresponsáveis pelo bem comum e pela santidade da
Igreja", concluiu.
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