Delegação do Fundo Global de Solidariedade | Vatican News |
“A economia precisa de conversão, deve se converter
agora. Devemos passar da economia liberal à economia compartilhada pelas
pessoas, a uma economia comunitária.”
Padre Pedro André, SDB –
Vatican News
Na manhã desta quarta-feira,
25 de maio, o Papa Francisco se encontrou com uma delegação do Fundo Global de
Solidariedade.
O Papa iniciou dizendo que
havia um discurso preparado – que poderia ser lido por eles depois – e que
preferia falar de forma espontânea.
Ele iniciou dizendo: “agradeço
por este encontro, porque eu gosto quando as pessoas estão nas fronteiras, nas
periferias. Simplesmente porque Jesus andou pelas periferias: Ele esteve ali
para mostrar o Evangelho. As periferias, sejam do corpo, sejam da alma; porque
tem gente que está bem mas a sua alma está destruída, despedaçada: ir também
até eles; tantas pessoas têm necessidade da proximidade.”
Continuando Francisco afirmou
que: “a proximidade é o estilo de Deus. Ele mesmo disse: “Pois qual é a grande
nação que tem deuses tão próximos como o Senhor nosso Deus?” (Dt 4, 7). Por
isso, aquelas expressões religiosas – quer sejam de congregações religiosas,
quer sejam de cristãos que se atacam para conservar a fé – são uma reedição do
farisaísmo mais antigo. Porque eles querem ter a alma limpa, mas com este
comportamento talvez terão a alma purificada, porém com o coração sujo pelo
egoísmo. Ao contrário, ir as periferias, ir ao encontro das pessoas que não são
levadas em conta, os descartados pela sociedade – porque estamos vivendo a
cultura do descarte, e se descartam as pessoas – ir ali é fazer aquilo que
Jesus fez.”
Ao tratar do tema dos
migrantes o Pontífice afirmou: “vocês elaboraram quatro passos: acolher,
acompanhar, promover e integrar. Com os migrantes, se deve fazer este caminho
de integração na sociedade. Não é uma obra de beneficência, com os migrantes,
deixando os a própria sorte. Não. É apoiá-los e integrá-los, com a educação, a
inserção no mundo do trabalho, com todas estas coisas (...). Um migrante
não integrado está na metade do caminho e isso é perigoso. É perigoso para ele,
pobrezinho, porque será sempre um mendicante. É também perigoso para todos. É
preciso integrá-los, pois eles não devem ser considerados como uma pedrinha no
sapato, que incomoda.”
O Papa recordou que de certa
forma todos somos filhos ou netos de migrantes e que não se deve perder essa
memória. Segundo o Papa, para que a Europa possa se desenvolver ela tem
necessidade dos migrantes, sobretudo por causa do inverno demográfico. As
palavras chaves neste processo são a acolhida, a integração e a fraternidade.
Ao tratar do tema economia,
o Papa disse: “a economia precisa de conversão, deve se converter agora.
Devemos passar da economia liberal à economia compartilhada pelas pessoas, a
uma economia comunitária.” Ainda neste mesmo tema Francisco disse:
“Não podemos viver com uma economia com raízes liberais e do iluminismo. Nem
com uma economia com raízes que vem do comunismo. É necessária uma economia
cristã (...). Existem homens e mulheres que estão pensando numa economia mais
enraizada no povo.”
Ao concluir suas palavras o
Papa os incentivou: “sigam em frente, sujem as mãos. Arrisquem-se. E olhem para
tantas periferias: sudeste asiático, parte da África, parte da América Latina.
Tantas periferias, tantas, que machucam o coração. Obrigado pelo trabalho de
vocês. Rezem a meu favor, não contra. Obrigado” O Papa concluiu sua mensagem
abençoando os participantes do encontro.
Segue abaixo o discurso
escrito pelo Papa e entregue aos participantes:
Caro irmão Cardeal Tomasi,
caros amigos!
Estou feliz por encontrar-vos
novamente e ver que o vosso caminho vai avante.
O vosso nome, Fundo Global de Solidariedade, encontra seu centro numa palavra-chave:
solidariedade. É um dos valores fundamentais da doutrina social da Igreja. Mas
para se concretizar deve ser acompanhado de proximidade e compaixão com o
outro, com a pessoa marginalizada, indo ao rosto do pobre, do migrante.
A composição do grupo com o qual vós representais o Fundo Global de
Solidariedade aqui hoje é significativa: vocês pertencem a âmbitos muito
diferentes, mas trabalham em conjunto para criar uma economia mais inclusiva,
para criar integração e trabalho para os migrantes num espirito de escuta e
reunião. Um caminho corajoso!
Agradeço os presentes que me trouxeram dos migrantes que
participam de seus programas na Colômbia e na Etiópia. Eu abençoo cada um deles
e abençoo vocês e seu trabalho. Vão em frente neste compromisso de apoiar os
migrantes e as pessoas mais frágeis, compartilhando seus talentos. E não se
esqueçam de rezar por mim.
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