Consistório para a criação de novos cardeais em 28 de novembro de 2020 (Vatican Media) |
As escolhas e os números da oitava criação cardeal do
Papa Francisco.
ANDREA TORNIELLI
Com um anúncio surpresa e
quase três meses antes da data, o Papa Francisco convocou um Consistório para o
próximo dia 27 de agosto para a criação de 21 novos cardeais, 16 dos quais com
menos de oitenta anos e, portanto, eleitores em um eventual Conclave, mais
cinco que já atingiram essa idade ou chegarão antes de receber o Barrete.
O final de agosto não é uma
data tradicional para os Consistórios (que geralmente aconteciam em fevereiro,
junho ou novembro), mas a lista de novos cardeais foi precedida pelo anúncio de
um encontro que reunirá todos os cardeais do mundo com o Papa e será dedicado à
nova Constituição Apostólica sobre a Cúria Romana, "Praedicate
Evangelium", promulgada no dia 19 de março passado, que entrará em
vigor no domingo, 5 de junho, festa de Pentecostes. O Consistório para os novos
cardeais no sábado, 27 de agosto, precederá o encontro, marcado para
segunda-feira, 29 e terça-feira, 30 de agosto.
Uma olhada na lista confirma a
linha seguida por Francisco ao longo de seu pontificado: muitos dos 16 nomes
dos novos cardeais eleitores - além dos três primeiros curiais, bastante
previsíveis, ou seja, os prefeitos dos dicastérios do Culto Divino e do Clero,
juntos com o Presidente do Governatorato) - são uma surpresa. Mais uma vez o
Papa opta por associar bispos de todo o mundo ao colégio dos cardeais,
preferindo as periferias e sem levar em conta aquelas sedes que antes eram
tradicionalmente consideradas "cardinalícias".
Os três novos cardeais da
Cúria vêm da Europa (Arthur Roche, inglês), (Fernando Vergez, espanhol) e da
Ásia (Lazzaro You, Coreia).
Dois novos cardeais eleitores
estão à frente de dioceses na Europa (o arcebispo de Marselha e o bispo de
Como); cinco estão nas fronteiras da Ásia (um deles, o italiano Giorgio
Marengo, prefeito apostólico na Mongólia, com seus 48 anos se tornará o mais
jovem do colégio). Dois são bispos na África e quatro nas Américas (um nos
Estados Unidos, três na América Latina, com duas dioceses do Brasil cujo
titular recebe o Barrete). São significativas as púrpuras ao arcebispo de
Marselha, nascido em Argel, e ao bispo de Como, que se torna o único cardeal à
frente de uma diocese entre o Noroeste e o Nordeste da Itália.
Mais uma vez, Francisco
associou ao colégio cinco prelados, dois dos quais não bispos, que já
ultrapassaram ou estão prestes a ultrapassar o limite de idade que exclui do
eleitorado ativo em caso de Conclave. Nesta mini-lista, a maioria é italiana
(três em cinco), com reconhecimento, entre outros, do padre jesuíta Gianfranco
Ghirlanda, ex-reitor da Gregoriana, apreciado canonista e colaborador da Santa
Sé.
O colégio dos
cardeais-eleitores está, portanto, crescendo em número em relação ao teto de
120 estabelecido por Paulo VI, como já aconteceu várias vezes. Atualmente o
colégio é composto por 208 cardeais, dos quais 117 são eleitores e 91 não
eleitores. Em 27 de agosto, subirá para 229 cardeais, dos quais 132 são
eleitores. Olhando para os três últimos pontificados, o colégio será composto
por 52 cardeais criados por João Paulo II (11 dos quais são eleitores); 64
criados por Bento XVI (dos quais 38 são eleitores) e 113 criados por Francisco
(dos quais 83 são eleitores).
Do ponto de vista geográfico, os cardeais serão
distribuídos da seguinte forma: Europa, 107 cardeais, dos quais 54 são
eleitores; as Américas, 60 cardeais, dos quais 38 são eleitores; Ásia, 30
cardeais, dos quais 20 são eleitores; África, 27 cardeais, dos quais 17 são
eleitores; Oceania, 5 cardeais dos quais 3 são eleitores.
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