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Estamos chegando ao final do Ano Mundial da Família Amoris Laetitia que se conclui neste mês de junho com o X Encontro Mundial das Famílias. Um trabalho muito grande e importante para que as famílias estejam cada vez mais bem preparadas para a missão importante na sociedade.
O Encontro Mundial do Papa com as Famílias.
Iniciamos o X Encontro Mundial do Papa com as Famílias, que neste ano é celebrado num tempo de esperança e renascimento, por conta da pandemia do novo coronavírus, tendo o seguinte tema: Amor em família: vocação e caminho de santidade de 22 a 26 de junho de 2022.
O evento, por desejo do Papa Francisco, acontecerá com iniciativas globais nas dioceses do mundo inteiro, parecidas às que, ao mesmo tempo, se farão em Roma. Apesar de Roma sediar o evento, cada diocese torna-se o centro de um Encontro local para as suas famílias e comunidades. Tudo isso com o intuito de permitir a todos sentirem-se protagonistas, num momento em que ainda é difícil viajar por conta da pandemia.
O Encontro Mundial das Famílias é uma iniciativa da Igreja Católica que nasceu pela vontade de São João Paulo II, em 1994. Naquele ano, as Nações Unidas haviam declarado o “Ano Internacional da Família” e o pontífice quis celebrar também na Igreja a ocasião. O I Encontro Mundial das Famílias foi realizado em Roma nos dias 8 e 9 de outubro de 1994. Desde então, a cada três anos e em diferentes lugares do mundo, é realizado um Encontro Mundial das Famílias.
Ao mesmo tempo em que iniciamos este encontro, estamos também concluindo o ano dedicado ao aprofundamento da Exortação Apostólica Amoris Laetitia e que teve como lema escolhido “O anúncio cristão sobre a família é verdadeiramente uma boa notícia” (AL, 1). Uma comemoração complementa a outra e caminham juntas, num mesmo e único objetivo, que é viver o amor e a misericórdia nas famílias.
Por ocasião destes dois eventos, gostaria de dirigir-lhes algumas palavras, como o objetivo de incentivar e animar a vocação à vida de famílias cristãs no mundo de hoje.
Em nossos dias, num mundo que se tornou estranho e até hostil à fé e aos grandes valores que permeiam a vida humana, as famílias cristãs são de importância primordial. O lar cristão é o lugar em que os filhos recebem o primeiro anúncio da fé e as bases de tudo o que levarão para toda a sua vida. Por isso, o Concílio Ecumênico Vaticano II chama a família, usando uma antiga expressão, de “Igreja doméstica”. É no seio da família que os pais são para os filhos, pela palavra e pelo exemplo, os primeiros mestres da fé.
Sabemos que muitos têm perdido o sentido de ser família, motivados seja pela sociedade ou governo, querendo mudar o modelo de família criado por Deus ou mesmo fomentando divisões na própria família, como pais que não falam com seus filhos ou vice-versa. As famílias cristãs devem ser protagonistas de união em meio a uma sociedade marcada pelas divisões e intolerâncias, cuidando para que a nossa casa seja um lar de paz, respeito e carinho; e que, sobretudo, transmita a fé! Nestes tempos de pandemia, todos fomos testemunhas de como a família tem sido refúgio e local de santificação mais efetivo da vida matrimonial e familiar.
Sabemos que o lar é a primeira escola do mundo e da vida cristã. É uma escola de enriquecimento humano. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “a família cristã é uma comunhão de pessoas, vestígio e imagem da comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. (n. 2205).
É nas famílias que se aprende os verdadeiros valores, sejam eles morais, de fé, educação, respeito, entre outros. Se quisermos construir um futuro melhor para nosso país, essa base deve ser iniciada na família, ensinando os valores cristãos aos nossos filhos e netos e dizendo a eles a importância e a responsabilidade que é cuidar de uma família.
Podemos perceber, ao refletir sobre tudo isto, que a vivência do amor, da justiça, da solidariedade nasce na família para depois se expandir para toda uma sociedade. Para seguir o projeto de Deus e, consequentemente, para vivermos a felicidade em plenitude, é preciso, aqui na terra, aqui neste mundo que tanto tenta destruir a família, é preciso que saibamos defendê-la, porque ela é o esteio da sociedade e é nela que podemos cultivar, desde a mais tenra infância, a fé, a esperança e a caridade, virtudes que farão deste mundo um mundo melhor e que, com toda a certeza, nos levarão à glória do Pai.
A Igreja sempre teve em seu íntimo um carinho especial pelas famílias, tendo sempre como exemplo a Sagrada Família de Nazaré. É importante ver as famílias reunidas na Igreja, participando juntas da Eucaristia e dos Sacramentos. É de uma riqueza muito grande ver a fé sendo passada de geração a geração e em cada família deve prevalecer os ensinamentos cristãos.
Rezemos por nossas famílias, em especial por aquelas que passam por dificuldades, sendo elas as mais variadas. Como Igreja Arquidiocesana, vivenciemos em clima de oração, de unidade e fraternidade estes dias em que estaremos mais intimamente unidos às famílias cristãs de todo o mundo. Que a Sagrada Família de Nazaré seja um exemplo para cada família e a livre de todos os males e perigos.
O Ano Amoris Laetitia
Em 19 de março de 2021, vivendo o Ano de São José, a Igreja comemorou 5 anos da publicação da Exortação Apostólica pós-sinodal “Amoris Laetitia” sobre a beleza e a alegria do amor familiar. Neste mesmo dia, o Papa Francisco inaugurou o Ano “Família Amoris Laetitia”, que terminará em 26 de junho de 2022, por ocasião da conclusão do X Encontro Mundial das Famílias em Roma.
Foram apresentados para a vivência deste ano, cinco objetivos, verdadeiros pilares nos quais devem estar fundadas as iniciativas, a saber:
Difundir o conteúdo da exortação apostólica “amoris laetitia” – Para fazer as pessoas experimentarem “que o Evangelho da família é alegria que enche o coração e a vida inteira” (AL 200). Uma família que descobre e experimenta a alegria de ter um dom e de ser um dom para a Igreja e para a sociedade, «pode tornar-se uma luz na escuridão do mundo» (AL 66). E o mundo hoje precisa dessa luz!
Anunciar o sacramento do matrimônio é dádiva e tem poder transformador do amor humano – Para isso é necessário que os pastores e as famílias caminhem juntos na corresponsabilidade e complementaridade pastoral, entre as diferentes vocações na Igreja (cf. AL 203).
Tornar as famílias protagonistas da pastoral familiar – Para tanto, é necessário “um esforço evangelizador e catequético dirigido à família” (AL 200), pois uma família discípula torna-se também família missionária.
Conscientizar os jovens – Sobre a importância da formação à verdade do amor e ao dom de si, com iniciativas a eles dedicadas.
Alargar o olhar e a ação da pastoral familiar – Para que se torne transversal, de modo a incluir os cônjuges, os filhos, os jovens, os idosos e as situações de fragilidade familiar.
O Ano Família “Amoris Laetitia” foi uma iniciativa do Papa Francisco e pretendeu chegar a todas as famílias do mundo através de propostas de caráter espiritual, pastoral e cultural. Bem sabemos que a pandemia pôs em evidência o papel central da família como igreja doméstica e mostrou a importância dos laços comunitários entre as famílias. (Família de famílias, cf. AL 87).
Este ano foi marcado pela proposta de um itinerário de um verdadeiro caminhando com as famílias, para cujo caminhar foram apresentados 12 percursos pastorais: Itinerários Catecumenais (antes e depois do matrimônio); Acompanhamento dos esposos; Educação dos filhos; A beleza e as dificuldades da vida familiar; Acompanhamento dos casais em crise; Inserir casais nas estruturas para configurar a pastoral familiar e formação de agentes, seminaristas e sacerdotes; Promover nas famílias sua natural vocação missionária; Desenvolver uma pastoral dos idosos; Envolver a pastoral juvenil; Preparação para o X Encontro Mundial das Famílias; Acompanhamento e discernimento para as famílias feridas; Grupos de aprofundamento sobre a Amoris Laetitia.
No domingo 26 de dezembro de 2021, o Papa anunciou no Ângelus e publicou uma sua Carta aos Esposos, por ocasião do Ano Família “Amoris Laetitia”.
Nesta Carta aos esposos do mundo inteiro, o Papa expressa com evidência sua estima e proximidade, especialmente neste período tão especial em que toda a humanidade está a viver. De fato, ele atesta que “sempre recorda das famílias em suas orações, sobretudo durante esta pandemia, que colocou todos a uma dura prova, de modo particular, os mais vulneráveis”. Este foi e continua sendo um momento de incerteza, solidão e perda de entes queridos. O amor conjugal neste tempo se fortalece e a presença na família com suas exigências, faz fortalecer os laços de comunhão.
Como Abraão, o nosso pai na fé, (pai das três religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo) deixou a sua terra natal, também os esposos devem se colocar a caminho, na companhia de Deus, obedientes ao chamado divino ao amor conjugal e à doação pessoal. O noivado já é uma saída da própria terra, porque pretende dos noivos um caminho a dois, que culmina com o matrimônio, lugar onde Deus habita e no qual como rocha firme está firmada a futura convivência.
O Santo Padre chamou também a atenção dos esposos relativamente aos filhos, sobretudo os mais pequeninos, aos quais eles devem dar exemplo e testemunho de um amor vivo e fiel; não é fácil a educação dos filhos. Os jovens, sempre muito observadores, percebem o amor de Cristo presente no amor de seus pais. Os filhos são um dom e mudam a história da família; têm sede de amor, confiança e segurança. Os esposos educam os filhos, mas eles também os educam. Educar é acompanhar o processo de crescimento de seus filhos, quer na esfera educacional como espiritual.
O Papa Francisco recorda a identidade e a missão dos leigos e leigas na Igreja e na sociedade, no trabalho e na família, na comunidade paroquial e diocesana, segundo seus carismas e vocações; exortando, pois, os esposos a colaborarem no âmbito eclesial, de modo particular na Pastoral da Família, na tutela das igrejas domésticas, pois a família é a célula fundamental da sociedade.
Ao tratar da vocação matrimonial, o Papa assevera que o matrimônio tem a missão de guiar um barco instável, mas seguro, por meio dos sacramentos, em um mar, muitas vezes, revolto. Mas, assim como aconteceu com os discípulos no Mar da Galileia, o Mestre, não os abandona, Ele estava presente e as águas se acalmaram. Hoje, Jesus, não duvidemos, também está presente no barco do matrimônio, velando pelos esposos e filhos que, somente assim, poderão viver em paz, superar as desavenças e encontrar a solução de seus muitos problemas.
A consciência da fragilidade e da impotência dos esposos encontram a âncora de sustento e soerguimento nas mãos do Senhor. Em uma tempestade, os apóstolos conseguiram reconhecer a realeza e a divindade de Jesus e aprender a confiar nele; ele não nos abandona jamais.
À luz destas reflexões, o Papa recorda algumas situações familiares neste tempo de pandemia que acabamos de passar, mas que nos propôs situações que podem se tornar perenes: convivência, diálogo, preocupações, acolhimento, compreensão, dar as mãos, rezar juntos; expressa sua proximidade e afeto aos esposos que chegaram a uma ruptura, por desentendimentos e discussões. A eles pede para não se esquecerem do perdão, que cura todas as feridas. O amor humano é frágil e precisa do amor fiel de Jesus, com o qual construir a “casa sobre a rocha”.
Ainda como mensagem dessa sua Carta, o Romano Pontífice se dirige, de modo especial, aos jovens que se preparam para o casamento, convidando-os a seguir o exemplo de São José, a manter sua confiança na Providência divina e a não hesitar em buscar ajuda em suas famílias, Igreja e paróquia. Dirige também uma saudação especial aos avós e idosos, que, no período de isolamento, mais sofreram por não poder ver seus netos e filhos. A família não pode prescindir dos avós, porque são a memória viva da humanidade.
Na conclusão da sua Carta, o Santo Padre invoca a proteção de São José, e de Nossa Senhora, para que acompanhem a vida conjugal. E conclui: “Esposos, não deixem que vos roubem a alegria e a esperança, mas vivam intensamente a sua vocação matrimonial e a missão que Jesus lhes confiou, perseverando na oração e na “fração do pão”. Nesta cultura do “encontro” os esposos têm a sua missão, são chamados a dar testemunho, que creio, se funda no fato do próprio cristianismo ser a religião do encontro, o Deus uno e trino que tudo faz para se encontrar com o homem, que vem ao encontro do homem, fazendo-se um deles, em Jesus Cristo.
A Família e a sociedade
A família é o ambiente privilegiado onde cada pessoa aprende a dar e receber amor, lugar onde se aprende a fazer da vida dom. Por isso a Igreja manifesta constantemente a sua solicitude pastoral por este espaço fundamental para a pessoa humana, onde ela aprende a importância de fazer-se dom de si, da partilha e do viver em comunidade. Assim ensina no seu Magistério: “Deus, que é amor e criou o homem por amor, chamou-o a amar. Criando o homem e a mulher, chamou-os ao Matrimônio a uma íntima comunhão de vida e amor entre eles, “de maneira que já não são dois, mas uma só carne” (Mt 19, 8)” (Compêndio do CIC, 337).
Esta é a verdade que a Igreja proclama ao mundo sem cessar. São João Paulo II dizia que “O homem se tornou “imagem e semelhança” de Deus, não somente através da própria humanidade, mas também através da comunhão das pessoas que o homem e a mulher formam desde o princípio. Tornam-se a imagem de Deus não tanto no momento da solidão quanto no momento da comunhão” (Audiência geral de 14.11.1979). É na vivência da comunhão que testemunhamos e fazemos Deus presente no meio do mundo e nas realidades do dia a dia, sejam as mais simples, sejam as mais complexas.
A família é uma instituição de mediação entre o indivíduo e a sociedade, é um dos primeiros instrumentos de socialização e nada a pode substituir totalmente. Ela apoia-se sobretudo numa profunda relação interpessoal entre o esposo e a esposa, sustentada pelo afeto, compreensão e doação mútuos. No sacramento do Matrimônio, ela recebe a abundante ajuda de Deus, que comporta a verdadeira vocação para a santidade. Peçamos a Deus que os filhos contemplem mais os momentos de harmonia e afeto dos pais e não os de discórdia e distanciamento, pois o amor entre o pai e a mãe oferece aos filhos uma grande segurança e ensina-lhes a beleza do amor fiel e duradouro, sendo também a base para toda relação harmônica que hão de ter ao longo da vida.
Não nos esqueçamos de que a família é um bem necessário para os povos, um fundamento indispensável para a sociedade e um grande tesouro dos esposos durante toda a sua vida. É um bem insubstituível para os filhos, que hão de ser fruto do amor, da doação total e generosa dos pais. Proclamar a verdade integral da família, fundada no matrimônio, como Igreja doméstica e santuário da vida é uma grande responsabilidade de todos.
Pai e a mãe deram-se um “sim” total diante de Deus, o qual constitui a base do sacramento que os une; do mesmo modo, para que a relação interna da família seja completa, é necessário que digam também um “sim” de aceitação aos seus filhos, aos que geraram ou adotaram e que têm a sua própria personalidade e carácter. Assim, eles irão crescendo num clima de aceitação e amor, e é de se desejar que ao alcançar uma maturidade suficiente queiram dar, por sua vez, um “sim” a quem lhes deu a vida. Num tempo marcado por divisões, exclusões e polarizações, a família torna-se mais uma vez um rico instrumento onde se ensina a acolhida e a aceitação do outro.
Os desafios da sociedade atual, marcada pela dispersão que acontece sobretudo no ambiente das grandes cidades, fazem necessário garantir que as famílias não estejam sós. Um pequeno núcleo familiar pode encontrar obstáculos difíceis de superar se se acha isolado do resto dos seus parentes e amizades. Por isso, a Igreja tem a responsabilidade de oferecer acompanhamento, estímulo e alimento espiritual que fortaleçam a união entre as famílias, sobretudo nas provações ou momentos críticos. Neste sentido, é muito importante o trabalho nas paróquias, assim como das diversas comunidades, chamadas a colaborar como redes de apoio e auxílio à Igreja para o crescimento da família na fé.
Cristo sempre revelou qual é a fonte suprema da vida para todos e, portanto, também para a família: “Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 12-13). O amor do próprio Deus foi derramado sobre nós no batismo. Portanto, as famílias são chamadas a viver essa qualidade de amor, pois o Senhor é quem se faz garante de que isso é possível para nós através do amor humano, sensível, afetuoso e misericordioso como o de Cristo.
Junto com a transmissão da fé e do amor do Senhor, uma das maiores tarefas da família é a de formar pessoas livres e responsáveis. Por isso os pais devem ir desenvolvendo nos seus filhos a liberdade, da qual durante algum tempo são tutores. Se estes veem que seus pais e em geral os adultos que os rodeiam vivem a vida com alegria e entusiasmo, apesar das dificuldades, crescerá neles mais facilmente esse prazer imenso de viver que os ajudará a superar certamente os possíveis obstáculos e contrariedades que a vida humana trará. Ademais, quando a família não se fecha em si mesma, os filhos vão aprendendo que toda a pessoa é digna de ser amada, e que há uma fraternidade fundamental universal entre todos os seres humanos.
O X Encontro Mundial convida-nos a refletir sobre um tema de particular importância e que encerra uma responsabilidade para nós: “Amor em família: vocação e caminho de santidade”. Expressa-o muito bem o Catecismo da Igreja Católica: “Tal como uma mãe ensina os seus filhos a falar e, dessa forma, a compreender e a comunicar, a Igreja, nossa Mãe, ensina-nos a linguagem da fé, para nos introduzir na inteligência e na vida da fé” (n.171).
Transmitir a fé aos filhos, com a ajuda de outras pessoas e instituições como a paróquia, a escola, movimentos e demais comunidades é uma responsabilidade que os pais não podem esquecer, descuidar ou delegar totalmente. “A família cristã é chamada Igreja doméstica porque manifesta e realiza a natureza comunitária e familiar da Igreja enquanto família de Deus. Cada membro, segundo seu próprio papel, exerce o sacerdócio baptismal, contribuindo para fazer da família uma comunidade de graça e de oração, escola de virtudes humanas e cristãs e lugar do primeiro anúncio da fé aos filhos” (Compêndio do CIC, 350). Ademais: “Os pais, enquanto participantes da paternidade divina, são os primeiros responsáveis pela educação dos seus filhos e os primeiros anunciadores da fé. Têm o dever de amar e de respeitar os seus filhos como pessoas e como filhos de Deus. Especialmente, têm a missão de educá-los na fé cristã” (Compêndio,460).
Os fundamentos da fé são aprendidos dentro das nossas casas, onde a fé cresce e se fortalece através da oração e da prática cristã, uma fé que se aprende primeiramente por meio do testemunho. Esta é a fé da Igreja que vem do amor de Deus, por meio das famílias. Viver a integridade desta fé, na sua maravilhosa novidade, é um grande dom.
O dom da fé dá novo ânimo para seguir anunciando o Evangelho da família, reafirmar a sua vigência e identidade apoiada no matrimônio aberto ao dom generoso da vida e onde se acompanham os filhos no seu crescimento corporal e espiritual. Deste modo, opõe-se uma busca exagerada pelo prazer muito difundida, que banaliza as relações humanas e as esvazia do seu genuíno valor e beleza. Promover os valores do matrimônio não impede de saborear plenamente a felicidade que o homem e a mulher encontram no seu amor mútuo. A fé cristã, portanto, não pretende sufocar o amor, mas fazê-lo mais são, forte e realmente livre. Para isso, o amor humano necessita se purificar e amadurecer para ser plenamente humano e princípio de uma alegria verdadeira e duradoura.
Neste contexto, gostaria também de convidar os governantes a refletirem sobre o bem evidente que os lares em paz e harmonia garantem ao homem, à família, centro da sociedade. A família é uma escola de humanização do homem, a fim de que cresça até se fazer verdadeiramente homem. Neste sentido, a experiência de ser amado pelos pais leva os filhos a ter consciência da sua dignidade de filhos.
Os filhos concebidos têm de ser educados na fé, amados e protegidos. Os filhos, com o fundamental direito a nascer e ser educados na fé, têm direito a um lar que tenha como modelo o de Nazaré e sejam preservados de todo o tipo de divisões e ameaças.
Creio que seria importante referir-me agora aos nossos queridos avós, tão importantes nas famílias. Eles podem ser e muitas vezes são garantia do afeto e da ternura que todo o ser humano necessita de dar e receber. Eles dão às crianças a perspectiva do tempo, são memória e riqueza das famílias. Deus queira que, por nenhuma razão, sejam excluídos do círculo familiar. São um tesouro que não podemos arrebatar às novas gerações, sobretudo quando dão testemunho da fé diante da proximidade da morte.
Conclusão
Caminhemos felizes e com esperança, vivendo intensamente o X Encontro Mundial das Famílias com o Papa em Roma. Cuidemos do nosso bem precioso que é a nossa família, aproveitemos o maior tempo possível para estarmos com ela. Pois, é a família que Deus nos presenteou, para cuidar e amar. O Papa Francisco reforça na Exortação Amoris Laetitia que “A presença do Senhor habita na família real e concreta, com todos os seus sofrimentos, lutas, alegrias e propósitos diários. Quando se vive em família, é difícil fingir e mentir, não podemos mostrar uma máscara. Se o amor anima esta autenticidade, o Senhor reina nela com a sua alegria e a sua paz. A espiritualidade do amor familiar é feita de milhares de gestos reais e concretos. Deus tem a sua própria habitação nesta variedade de dons e encontros que fazem maturar a comunhão. Esta dedicação une «o humano e o divino», porque está cheia do amor de Deus. Em suma, a espiritualidade matrimonial é uma espiritualidade do vínculo habitado pelo amor divino”.
Fonte: https://www.cnbb.org.br/
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