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GRANDES DESAFIOS PARA A PASTORAL JUVENIL
Dom Antonio de Assis
Bispo Auxiliar de Belém do Pará (PA)
Em todas as dimensões e áreas da vida pastoral da Igreja
encontramos grandes desafios. Isso significa que o processo de evangelização
não é gratuito. O ato de semear a Palavra de Deus exige esforço do
evangelizador para conhecer a realidade em que trabalha, encarnar-se na mesma e
acompanhar processos educativos.
Nos últimos meses participei de três grandes eventos
pastorais (Santarém, São Paulo e Niterói) e o tema Juventude estiveram
presentes em todos eles; o primeiro era de nível amazônico e os dois últimos em
nível nacional. O que apresento neste texto é um elenco de grandes temas que
constituem verdadeiros desafios para a pastoral juvenil na atualidade. Cada
desafio traz consigo muitas expressões e consequências pastorais. Desta vez
apresento-lhe somente um breve elenco daquilo que pretendemos aprofundar nos
artigos sucessivos. Dez desafios:
Aprofundar a identidade da Pastoral
Juvenil
Estamos em tempos de grandes mudanças, “em mudança de
época”; tudo parece que está sendo repensado, relido, reinterpretado,
redimensionado, reconfigurado, redefinido. O dinamismo da “cultura líquida” nos
convida também a rever nossas ideias, visões, conceitos, estilos, propostas
pedagógico-pastorais; a pastoral não pode ser alheia ao contexto mutante; porém
ser fiel ao essencial. No Brasil a Pastoral Juvenil, diante de tantas mudanças
culturais e eclesiais, também teve que mudar, se repensar, se reestruturar e se
redimensionar. Todavia, essa reconfiguração da Pastoral Juvenil ainda não foi
suficientemente assimilada.
Revitalizar a sensibilidade existencial
A Pastoral Juvenil não deve se distanciar da realidade
existencial dos jovens. Onde não há encarnação, também não haverá diálogo
evangelizador. A evangelização para ser impactante deve ir ao encontro dos mais
variados contextos existenciais dos jovens. Temos graves problemas que estão
atingindo a vida das juventudes em variados contextos e com diversidade de
fenômenos como o vazio existencial, fragilidade psicológica, pobreza, miséria,
criminalidade, drogadição, indiferença religiosa, ateísmo… É preciso não ter
medo dos jovens e de acolhê-los na situação em que se encontram. A pandemia nos
trouxe muitas lições.
Dar atenção à questão vocacional
A questão vocacional está ficando por segundo plano cada
vez mais na vida dos jovens. Estamos na era do presentismo, do imediatismo, das
relações descompromissadas; diante da fragilidade da atenção ao matrimônio e do
descompromisso com opções de vida, é necessário realçar a sensibilidade para
com a dimensão vocacional da Pastoral Juvenil. Isso significa aprofundar a
questão do namoro, noivado, acompanhamento, discernimento vocacional, Projeto
de Vida.
Estimular o encontro, conhecimento, amizade com
Jesus
Não há verdadeira evangelização sem a apresentação da
pessoa de Jesus Cristo. O foco sobre a pessoa de Jesus Cristo deve ser
permanente, a catequese não deve se reduzir a alguns meses de preparação aos
sacramentos de Iniciação à Vida Cristã. É urgente a superação da ignorância, da
superficialidade e da confusão sobre a pessoa de Jesus Cristo. Cresce cada vez
mais uma espécie de “visão sincrética” sobre Jesus Cristo, reduzindo-o a um
sábio, filósofo, grande homem ou a um mero conceito moral como paz, amor, esperança…
A perda do conhecimento do Jesus histórico esvazia a fé do jovem. A prática da
Leitura Orante é de fundamental importância.
Motivar o engajamento socio-eclesial
A autêntica intimidade com Jesus Cristo é inseparável do
compromisso com o seu Reino da compaixão, opção preferencial pelos pobres,
engajamento eclesial; a Pastoral Juvenil não deve ser restringir a eventos de
adoração, vigília e louvores. A assimilação da Doutrina Social da Igreja e
experiências concretas de compromisso social são exigências da maturidade do
discípulo missionário; em alguns contextos há o perigo de se cair numa pastoral
intimista. Todavia, por toda parte as necessidades do Reino de Deus são
gritantes.
Formar Jovens discípulos missionários
O grande desafio do Documento de Aparecida proposto para
toda a Igreja na América Latina foi a formação do discípulo missionário de
Jesus Cristo. Esse é um dos mais profundos desafios da Pastoral Juvenil. Isso
pressupõe processo de formação, percurso de etapas, experiências de vida, formação
de convicções. Muitos não tiveram formação cristã. Muitas vezes a relação entre
a vida dos jovens (com suas múltiplas experiências em todas as dimensões) e a
pessoa de Jesus Cristo é muito frágil; o desafio do discipulado leva os jovens
a acolher a pessoa de Jesus Cristo com o Amigo, Mestre e Senhor capaz de
influenciar suas vidas. Dessa forma cessa o subjetivismo, a libertinagem etc.
Parece quem em algumas dimensões, Jesus Cristo fica de
fora.
Promover a Sinodalidade na Pastoral Juvenil
Não temos no Brasil somente a Pastoral da Juventude; ela
é uma das muitas expressões das juventudes organizadas atuantes na Igreja. Isso
não pode ser ocultado. Há a necessidade de cada vez mais se estimular um
caminho de comunhão entre as expressões juvenis presentes nas paróquias, nas
Congregações, nas Novas Comunidades, nos Institutos, nos movimentos eclesiais
etc. Essa diversidade carismática é dom do Espírito Santo e por isso ninguém
deve se isolar, mas juntos, em clima de amizade fraterna, estarem a serviço do
Reino de Deus.
Estimular uma Pastoral Juvenil Preventiva
A experiência pastoral é remédio contra o veneno dos
múltiplos males que massacram as juventudes. Uma Pastoral Juvenil Preventiva
busca respostas pastorais ao suicídio, ao vazio existencial, ao desânimo, à
prostituição, à criminalidade, à mobilidade religiosa, ao ateísmo,
agnosticismo, indiferença social, ao envelhecimento eclesial. Uma pastoral
juvenil intimista não será capaz de olhar a realidade juvenil para além da
sacristia. Há uma diversidade de dimensões que não devem ser esquecidas,
sobretudo, a dimensão lúdica e artística.
Capacitar para o enfrentamento de ideologias
O ar sociocultural pós-moderno é rico de ideologias de
todos os tipos e em todas as áreas. Somente uma profunda formação humana,
cristológica, ética e doutrinal dos jovens poderá ajudá-los a não serem reféns
do subjetivismo, do voluntarismo, do hedonismo, do consumismo, do tecnicismo,
do presentismo, do ateísmo ideológico, do cientificismo, do democratismo, do
psicologismo naturalista etc.
Fomentar a autossustentabilidade da Pastoral
Juvenil
Há uma íntima relação entre economia e pastoral; a ação
pastoral demanda recursos econômicos: viagens, eventos, recursos técnicos etc;
Muitas vezes a Pastoral juvenil fica atrofiada por causa da falta de
investimentos econômicos. Sem recursos, os jovens caem na dependência, são
alvos de antipatia, rotulados, vistos como peso. Duas questões devem ser
aprofundadas: de um lado é a necessária promoção do protagonismo juvenil e por
outro o necessário apoio dos líderes, párocos e bispos, capazes de educá-los,
orientá-los, desafiá-los, acompanhá-los, ajudá-los
concretamente.
PARA REFLEXÃO PESSOAL:
1.
Qual desses
desafios lhe parecem mais urgentes em seu contexto eclesial?
1.
Por que a Pastoral
Juvenil deve se encarnar no concreto da vida dos jovens?
1.
Qual realidade
sociocultural da atualidade mais desafia a pastoral juvenil?
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