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23 junho
A Igreja celebra, hoje, a solenidade da Natividade de São
João Batista e, dia 29 de agosto, celebrará a memória do seu martírio. Não há
nenhum outro santo do qual a Igreja celebra os dois acontecimentos; celebra,
geralmente, apenas o "nascimento para o céu", exceto, é claro, o caso
de Jesus, Filho de Deus (Natal e Sexta-feira Santa) e da Virgem Maria (8 de
setembro e 15 de agosto). No fundo, o próprio Jesus disse: “Em verdade vos
digo que entre os nascidos de mulher não há ninguém maior do que João Batista” (Mt
11,11): o último dos grandes Profetas de Israel, o primeiro a dar testemunho de
Jesus e a iniciar o batismo para o perdão dos pecados; neste contexto, ele
batizou Jesus; e foi mártir em defesa da lei Judaica. No século IV, já havia
celebrações litúrgicas sobre João Batista, em datas diferentes. A sua data (24
de junho) foi estabelecida com base no texto de Lucas 1,36, quando diz que
Isabel já estava “no sexto mês, ela, que todos diziam, que era estéril”.
Logo, seis meses antes do Natal. Desde o século VI, esta festa é precedida por
uma vigília.
«Completando-se para Isabel o
tempo de dar à luz, teve um filho. Os seus vizinhos e parentes souberam que o
Senhor lhe manifestara a sua misericórdia e se congratulavam com ela. No oitavo
dia, foram circuncidar o menino e o queriam chamar pelo nome de seu pai,
Zacarias. Mas, sua mãe interveio: “Não” – disse ela – “ele se chamará João”.
Replicaram-lhe: “Não há ninguém na tua família que se chame por este nome”. E
perguntavam por acenos ao seu pai como queria que se chamasse. Ele, pedindo uma
tabuinha, escreveu nela as palavras: “João é o seu nome”. Todos ficaram
pasmados. E logo se lhe abriu a boca e soltou-se sua língua e ele falou,
bendizendo a Deus. O temor apoderou-se de todos os seus vizinhos; o fato
divulgou-se por todas as montanhas da Judeia. Todos os que o ouviam o
conservavam no coração, dizendo: “Que será este menino?”. Porque a mão do
Senhor estava com ele» (Lc 1, 57-66).
Estupor
As pessoas ficaram
maravilhadas diante daquela criança, mas também diante daquele casal estéril,
que, em idade avançada, deu à luz um filho: uma maravilha iluminada pela fé,
tanto que “conservavam” no coração o que ouviram e viram, e louvavam a Deus;
uma maravilha acompanhada pela consciência de que não entendiam tudo: “Quem
seria aquele menino?”. Uma pergunta legítima, mesmo porque onde tudo é
compreensível, não dependeria de Deus!
“O acontecimento do
nascimento é circundado por uma alegre sensação de estupor, surpresa, gratidão.
O povo fiel intuía que tinha acontecido algo de grande, mesmo se humilde e
oculto: o povo era capaz de viver a fé com alegria, com sensação de admiração,
de surpresa ... Eu sinto uma sensação de estupor, quando vejo as obras do
Senhor, quando ouço falar de evangelização ou da vida de um santo…? Consigo sentir
as consolações do Espírito ou fico fechado?" (Papa Francisco, 24 de
junho de 2018).
Nome
Os que tinham ido participar
da circuncisão, queriam colocar o nome do seu pai, Zacarias. Mas, quem
interveio, caso muito raro, foi Isabel, que disse João. Era o nome que o
próprio Deus havia indicado por meio do anjo: “Não temas, Zacarias, porque a
tua oração foi atendida: Isabel, tua esposa, vai dar-te um filho e tu o
chamarás João" (Lc 1,13). Zacarias havia começado mal com Deus,
demonstrando a sua incredulidade, que o levou a ficar mudo. Agora, obedecendo
ao que Deus lhe havia pedido - para chamar João - começava uma nova história.
Oportunidades
O texto explica o que aconteceu: uma mulher idosa e
estéril dá à luz um filho; um homem mudo começa a falar. Trata-se de dois
sinais que indicam que, onde as coisas parecem impossíveis, Deus tem sempre
alguma possibilidade oculta, como diz o profeta Isaías: "Eis que estou
fazendo uma coisa nova, que está começando: não percebes?" (Is 43,19).
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