St. Louis-Maria Grignion de Montfort | Guadium Press |
Redação (20/06/2022 08:55, Gaudium Press) Se fizermos um resumo do que aconteceu no mundo, nos últimos meses, nosso modo de pensar e viver ficará abalado. Não haveria espaço em um artigo para divulgar tanta informação. Farei isso brevemente, com alguns fatos que estão acontecendo agora em todo o universo.
Uma pandemia que deixou 6,3 milhões de mortos, doentes crônicos e seus efeitos psicológicos.
Uma guerra que poderá levar à Terceira Guerra Mundial – como resultado da invasão russa da Ucrânia. Notícias, fotos e vídeos terríveis chegam até nós a todo momento. Mariupol, uma cidade transformada em um enorme cemitério e reduzida a escombros, com milhares de pessoas assassinadas ou forçadas a fugir. “Uma terra arrasada”, destacou o Arcebispo Primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana, Sua Beatitude Sviatoslav Shevchuk: “A Ucrânia está queimando. A Ucrânia está pegando fogo” .
A fome. Uma crise alimentar poderá ser consequência da guerra na Ucrânia, considerada o celeiro do mundo, o quinto maior exportador de trigo, entre outros. Na Alemanha, o Ministério do Interior recomenda estocar água e alimentos por dez dias diante de uma possível crise de abastecimento, “porque a situação é muito grave”. A ONU teme “um furacão de fome”, especialmente nos países africanos.
Catástrofes naturais ou mudanças climáticas chamam a atenção em sua aparência, variedade e intensidade. Na Espanha, maio foi o mês mais quente desde 1961. Ao contrário, no Chile, o mais frio dos últimos 50 anos. Austrália com a maior queda de neve nos últimos 54 anos. No Japão, as inundações provocaram a evacuação de mais de 300 mil pessoas; no Brasil, causaram 120 mortes e 100 mil desalojados. México e outras nações caribenhas foram atingidas pelo furacão Agatha, o mais forte em sete décadas. Uma “onda de calor perigosa e mortal” está se aproximando do sudoeste dos EUA, alerta o Serviço Nacional de Meteorologia.
A crise nas famílias. Na preocupante degradação dos valores fundamentais, a família – que constitui um dos bens mais preciosos da humanidade nas palavras de João Paulo II – sofre um ataque como nenhuma outra instituição. Obscurecida, entre outras coisas, “pela poligamia, a epidemia do divórcio, o chamado amor livre e outras deformações” (Gaudium et spes, 47).
Aumento da taxa de suicídio no pós-pandemia. Mais da metade dos jovens espanhóis reconhecem problemas de saúde mental e muitos têm ideias suicidas, segundo a Fundação Mutua Madrileña e a Fundação Jovem FAD. Se fosse apenas a Espanha…, desde o início do ano, nos EUA, segundo a organização Gun Violence Archive, mais de 10.000 pessoas morreram por suicídio.
A vida do nascituro inocente não é respeitada, nem a vida do idoso ou doente. A defesa da vida parece coisa do passado. O “discurso” dos direitos humanos recusa-se a reconhecer a dignidade da vida em todas as suas etapas, do início ao fim, chegando a considerar com mais direitos os saudáveis ou fortes do que os fracos com deficiência ou os idosos, considerando-os um peso para sociedade.
Os massacres que ocorreram ultimamente no país mais rico do mundo. Desde o início do ano, os Estados Unidos sofreram 237 tiroteios em massa, de acordo com o Gun Violence Archive. “Há mais assassinatos em massa do que dias no ano”, afirmou o senador democrata de Connecticut, Chris Murphy. O número de vítimas da violência armada é aterrador. Há 43 milhões de armas nas mãos de qualquer um. A crença mais recente – em ascensão – entre os cidadãos é que eles precisam de armas para sua segurança pessoal.
Tanta frequência de crueldade deixa-nos perplexos. O último incidente amplamente divulgado do jovem de 18 anos que cometeu o massacre em Uvalde, uma pequena cidade perto da fronteira mexicana, matando 19 crianças e dois professores, paralisou o mundo. Começa-se a entrar em um “mata-mata” incontrolável. O assassino, conhecido como especialmente violento, com comportamento agressivo, mas principalmente com as mulheres, vinha de uma família desfeita. Não teve nem a disciplina sadia nem a convivência social, certamente faltava-lhe afeto familiar.
Muitos fatores o terão influenciado a tomar uma atitude tão sanguinária. É difícil traçar um perfil dos assassinos que realizam tiroteios em massa. Esse indivíduo, por exemplo, sem antecedentes criminais ou relação com a escola, crianças ou professores que atacou, realiza um massacre sanguinário.
Vale ressaltar que a quantidade de material violento que está disponível para os jovens, em filmes ou videogames, acaba estimulando reações cruéis.
A violência está sendo a forma frequente de perseguições à Igreja. Apenas uma notícia breve e trágica, recente e pouco divulgada: mais de 38 católicos foram mortos em um ataque perpetrado durante a celebração de uma missa, em Owo, Nigéria. Atirando indiscriminadamente e detonando uma bomba. Já o chamam: “O massacre de Pentecostes”.
O declínio do número de católicos na América Latina. Em 1970 havia 92% de católicos. Em 1995 80%, já em 2018, caiu para 59%.
A crise interna na Santa Igreja, onde se propõem ideias morais ou sociais contrárias aos ensinamentos do Magistério da Igreja.
Alegria, paz, bondade, mansidão, pureza desaparecem passo a passo dando lugar à inveja, discórdia, raiva, impureza, tristeza. Tudo isso nos deixa espantados, assustados, sem palavras. Faz-nos elevar o pensamento e gritar, como o fez São Luís Maria Grignion de Montfort na sua profética “Oração Abrasada”, da qual me atrevo a transcrever apenas alguns parágrafos. Encontraremos aqui a razão de tudo o que acontece:
“É tempo de agir, Senhor, lançaram por terra a vossa Lei, Vossa divina lei é transgredida; vosso Evangelho, abandonado; torrentes de iniquidade inundam toda aterra, e arrastam até os vossos servos; a terra toda está desolada, a impiedade está sobre o trono, vosso santuário é profanado e a abominação entrou até no lugar santo. Deixareis tudo assim ao abandono, justo Senhor, Deus das vinganças? Calar-vos-eis sempre? Tolerareis sempre? Não cumpre que seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu, e que venha a nós o vosso reino? Não mostrastes antecipadamente a alguns de vossos amigos uma futura renovação de vossa Igreja? Amém. Vem, Senhor Jesus” (Ap 22, 20).
O santo se condoía em ver Deus “todos os dias tão cruel e tão impunimente ofendido”. É por isso que ele implora, no final de sua oração:
“Erguei-Vos, Senhor! Por que pareceis dormir? Erguei-Vos em vossa onipotência, em vossa misericórdia e em vossa justiça para formar uma companhia seleta de guardas que velem a vossa casa, defendam a vossa glória e salvem as vossas almas, afim de que haja um só rebanho e um só pastor, e que todos Vos rendam glória em vosso templo. Amém.”
Quais poderão ser as consequências? Bem, já as estamos vendo e vivendo: “Guerra, fome, perseguição à Igreja e ao Santo Padre, várias nações serão aniquiladas”, diz a Mensagem de Fátima.
Por Pe. Fernando Gioia, EP
(Publicado originalmente em La Prensa Gráfica de El Salvador, 19/06/2022. )
Fonte: https://gaudiumpress.org/
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