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OS SANTOS JUNINOS
O mês de junho é considerado o mês mais festivo do calendário dos santos.
No nosso país, o mês de junho é um tempo feliz de vivência da piedade popular e
de valorização de alguns elementos culturais do nosso povo. Tempo de
quermesses, tríduos, novenas, trezenas e procissões que revelam a nossa fé,
amizade e devoção a Santo Antônio, São João Batista e São Pedro, que são
considerados os santos mais populares da Igreja Católica.
O mês de junho é também um tempo de resgate da cultura nordestina com suas
comidas típicas, danças e cantos. Tempo de dançar quadrilha, ouvir música com
sanfona e viola e de degustar canjica, pamonha, mingau de milho, pé de moleque,
pipoca e batata doce. Tempo de demonstrar que, na vivência cotidiana da fé, o
fiel cristão é alguém que comunica a alegria do Evangelho, valorizando suas
raízes e os laços que evidenciam a pertença a um povo, a uma comunidade.
Nos trinta dias que compõem o mês de junho, a nossa Mãe Igreja nos convida
a aprofundar os nossos conhecimentos sobre a vida e a missão de Santo Antônio,
São João Batista e São Pedro, a fim de que possamos celebrar suas festas com
renovada alegria nos dias 13, 24 e 29 de junho, professando a certeza de que “o
santo é um intercessor, alguém que reza por nós; nós rezamos a ele, e ele ora
por nós, e o Senhor concede-nos a graça: o Senhor age através do santo.” (Papa
Francisco)
Com seus ensinamentos, fidelidade e dedicação a Cristo, Santo Antônio, São
João Batista e São Pedro nos recordam que a santidade é um caminho possível a
todas as pessoas que procuram, entre sombras e luzes, quedas e avanços,
dificuldades e acolhimento, permanecer em plena sintonia com o nosso Redentor
e, por isso, celebrar a vida dos santos é fazer memória das maravilhas que
Jesus operou em suas vidas.
No dia 13 de junho, nós celebramos a Memória de Santo Antônio, o padroeiro
dos pobres, das mulheres grávidas e dos casais. Ele nasceu em Lisboa, Portugal,
com o nome de Fernando, no dia 15 de agosto de 1191, e entrou para um convento
de Ordem Agostiniana aos quinze anos. Aos 25 anos, em plena juventude, ele foi
ordenado sacerdote. Logo após, ele entrou para a Ordem Franciscana, trocou o
seu nome para Antônio e partiu para o Marrocos.
Chegando lá, ficou doente e, por isso, com o intuito de cuidar da saúde,
ele foi à Itália, onde conheceu São Francisco de Assis e passou a fazer
pregações em Pádua. Ali, em sintonia com Deus, ele pregou aos peixes e
restaurou o pé amputado de um jovem. Pela sua fama de santidade, Santo Antônio
foi beatificado e canonizado pelo Papa Gregório IX, apenas onze meses após o
seu falecimento, que ocorreu no dia 13 de junho de 1231.
No dia 24 de junho, nós celebramos a Solenidade da Natividade de São João
Batista que é, excepcionalmente, o único santo a quem a Igreja dedica duas de
suas festas: o nascimento e o martírio. Esse fato singular já é suficiente para
despertar nossa atenção acerca desse profeta que, por meio de sua voz,
anunciava um reino iminente, renovando a promessa feita por Deus aos patriarcas
do Antigo Testamento.
Ele é filho de Zacarias e de Isabel e nasceu quando os pais já estavam em
idade avançada. Ele é o precursor do Messias que andava pelo deserto anunciando
um batismo de arrependimento e de conversão.
Pelos relatos do Evangelho, nós adquirimos a consciência de que João Batista
foi o profeta que preparou, com coragem, fortaleza e humildade, o caminho para
o início da vida pública de Cristo; o último entre todos os profetas que
anunciaram a vinda do Messias esperado e, por isso, ele é chamado de arauto do
Messias, o profeta de um reino eminente que já está em nosso meio.
São João Batista viveu integralmente a sua vocação, pois sabia que devia
“preparar o caminho do Senhor, aplainar as suas veredas”. Ele não se deixou
levar pelos erros ou pelas imperfeições. Basta perceber que, quando diante de
Herodes, todos se deixavam influenciar pelos respeitos humanos, ele, sem
hesitar, denunciava: “Herodes, não te é lícito ficar com Herodíades, mulher de
teu irmão.” (Mc 6,18)
São João Batista é, indubitavelmente, um exemplo de amor e de fidelidade ao
Cristo, pois ele cumpriu plenamente sua vocação profética. E por meio de um
gesto de carinho, o próprio Cristo demonstrou o Seu agradecimento, deixando-se
batizar por João e tecendo-lhe um belo elogio: “Dentre os nascidos de mulher,
não há ninguém maior do que João”. (Lc 7,28). Deus elogiou São João Batista e
manifestou a importância desse profeta, pois um elogio divino é sempre
grandioso. Cabe, então, a nós nos esforçarmos para conhecer melhor a pessoa e
os ensinamentos de São João Batista.
No dia 29 de junho, nós comemoramos a Solenidade de São Pedro, o Padroeiro
dos Papas e dos pescadores. No Brasil, visando uma maior participação do povo
de Deus, essa solenidade é sempre transferida para o domingo seguinte.
Pedro, que tinha como primeiro nome Simão, era natural de Betsaida, irmão
do Apóstolo André. Ele exercia a profissão de pescador, antes de ser chamado
pelo próprio Jesus e, deixando tudo, seguiu o Mestre, estando presente nos
momentos mais importantes da vida do Senhor, que lhe deu o nome de Pedro. Ele
foi o Apóstolo que Cristo escolheu e investiu da dignidade de ser o primeiro
Papa da Igreja, guiando e sustentando a primeira comunidade cristã. A ele
Cristo disse: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela; e Eu te darei as chaves do reino
dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que
desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 16, 17-19)
Durante as perseguições que foram empreendidas contra os cristãos na Roma
antiga, Pedro sofreu a prisão por testemunhar Jesus e a força do Evangelho.
Pela sua fidelidade, doação e identificação com o nosso Redentor, Pedro selou o
seu apostolado com o próprio sangue, pois foi martirizado sob o imperador Nero,
no ano de 67 d.C. Ele foi crucificado de cabeça para baixo a seu próprio
pedido, por não se julgar digno de morrer como seu Senhor, Jesus Cristo. Ele
escreveu duas Epístolas e, provavelmente, foi a fonte de informações para que
São Marcos escrevesse seu Evangelho.
Aproveitamos todos os dias desse mês de junho para crescermos em união a
Cristo, motivados pelos exemplos desses santos que nos ensinam a corresponder
ao amor de Deus por meio da obediência da fé. Quando as dificuldades na vida
matrimonial e a santificação das realidades do lar se tornarem demasiadamente
pesadas, recorramos à intercessão de Santo Antônio. Onde a perseguição e a
indiferença tentarem impedir que o Evangelho seja proclamado, peçamos a São
João Batista a fortaleza necessária para suportamos as cruzes cotidianas com
renovada santidade. Onde percebermos que os ensinamentos do Papa estão sendo
vilipendiados, recorramos a São Pedro, a fim de que possamos vencer o mal com a
generosidade do amor. Enfim, a cada novo dia do mês de junho, vamos juntos com
os santos juninos professar a alegria, o entusiasmo, o bom humor e a clareza da
fé que são características inerentes aos fiéis cristãos que se deixam
transformar pela presença de Cristo em suas vidas.
Aloísio Parreiras
(Escritor e membro do Movimento de Emaús)
Fonte: https://arqbrasilia.com.br/
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