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sexta-feira, 10 de junho de 2022

Quantos seres humanos já existiram em toda a história do planeta Terra?

Antoine Mekary
Por Francisco Vêneto

Hoje somos cerca de 7 bilhões de habitantes vivos no mundo: mas qual é a soma de todas as pessoas que já passaram por aqui?

Você sabe quantos seres humanos já existiram em toda a história do planeta Terra? Hoje somos cerca de 7 bilhões de habitantes vivos no mundo: mas qual seria a soma de todas as pessoas que já nasceram ao longo de todos os tempos?

Quem foi atrás dessa instigante resposta foi o pesquisador Carl Haub, do Population Reference Bureau (PRB), um instituto norte-americano de estatísticas sobre a população humana do mundo.

108 bilhões de pessoas

Após desenvolver uma ordem de grandeza para chegar a essa complexa estimativa, Haub calculou que já passaram por este mundo mais de 108 bilhões de pessoas desde o ano 50.000 a.C., que é considerado como o marco histórico do surgimento da espécie Homo Sapiens. Essa mesma “data”, ressalte-se, é em si mesma uma estimativa. Aliás, o termo que se costuma usar para cálculos dessa natureza é “guesstimating“, um neologismo criado a partir do inglês “guess” (adivinhar) e “estimate” (estimar). Cabe ressaltar, em paralelo, que, mesmo tratando-se de estimativas, elas se amparam no máximo possível de plausibilidade com base nos dados científicos disponíveis em nosso estágio atual de conhecimento.

Voltando até Adão e Eva

O raciocínio adotado por Haub parte da premissa de que somos atualmente 7 bilhões de habitantes no planeta e cada um tem dois pais, quatro avós, oito bisavós e assim por diante – ou assim “para trás”, no caso. Porém, nem todos os indivíduos têm pais diferentes, já que muitos são irmãos: este fato se repete a cada geração de ascendentes, o que vai diminuindo o número de progenitores a cada geração a que se regride.

Por isso não seria correto simplesmente ir regredindo nas gerações e somando todos os ascendentes de cada um dos 7 bilhões de seres humanos atuais, já que acabaríamos chegando ao ano 50.000 a.C. encontrando não o suposto “casal original”, mas sim uma multidão de “Homines Sapientes” que teriam surgido magicamente da noite para o dia. O correto é visualizar uma pirâmide ideal que tenha início no ano 50.000 a.C., a partir do “casal original” da nossa espécie, e cujos descendentes se multipliquem até chegar aos atuais 7 bilhões.

Haub se baseou, portanto, num casal “Adão e Eva” de 50.000 a.C. como “ponto de partida”, e, empregando dados históricos e arqueológicos, bem como estudos da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o aumento populacional ao longo da história, calculou o número de nascimentos desde então.

Dados semi-científicos

O próprio Population Reference Bureau (PRB) divulgou um primeiro estudo sobre o assunto em 1995 e atualizou os dados em 2002 e 2011. Como não há registros demográficos disponíveis para 99% do período de existência da nossa espécie sobre a face da Terra, os dados não podem ser considerados estritamente científicos, mas sim semi-científicos: eles compõem a especulação considerada mais plausível possível, no momento, sobre a trajetória da população humana.

Haub estima que a população atualmente viva no planeta corresponde a 6,5% de todas as pessoas que já passaram por este mundo – uma porcentagem chamativamente alta, considerando-se um período de mais de 50 mil anos.

Amplas oscilações

Para se estimar quantos seres humanos já existiram, destacam-se dois fatores decisivos entre as muitas variáveis envolvidas na conta: o tempo médio de vida de cada ser humano na Terra e o tamanho médio da população em cada período histórico – e ambos os fatores podem variar amplissimamente.

Por exemplo, há cerca de 10 mil anos, quando começava o desenvolvimento da agricultura, a população mundial girava em torno de 5 milhões – ou seja, o equivalente a menos da metade da atual população do município de São Paulo. O crescimento populacional naquela época era lento e a expectativa de vida muito curta – tão curta a ponto de ser chocante: a expectativa média de vida durante a Idade do Ferro no atual território da França, por exemplo, era de apenas 12 anos, dada a brutal mortalidade infantil.

Em condições tão desafiadoras, a taxa de natalidade teria que ser de cerca de 80 por 1.000 pessoas só para que a espécie humana conseguisse sobreviver. É um índice tão alto que quase dobra os mais altos índices da atualidade, de 45 a 50 por 1.000 habitantes, observados somente em alguns países da África e do Oriente Médio cujas populações são muito jovens.

Além de crescer lentamente diante de cenários tão inóspitos, a população mundial ainda sofreu reduções bruscas em determinados períodos, como durante a Peste Negra, considerada a mais mortal pandemia da história. E este não foi o único caso de redução: as flutuações no tamanho da população de tempos em tempos dificultam mais ainda o cálculo do número total de pessoas que já viveram neste planeta.

Aceleração do crescimento

A partir de 1800, a flutuação se deu na direção oposta, agora acelerando-se vertiginosamente. Naquele século, a população mundial ultrapassou a marca de 1 bilhão de pessoas vivas ao mesmo tempo no mundo. Nesses duzentos anos, o número de seres humanos vivos simultaneamente sobre a face da Terra aumentou de 1 para mais de 7 bilhões – o que desconsidera, naturalmente, o número de mortes.

No “fim” das contas, que na verdade são contas que não têm fim, a estimativa a que se pôde chegar é a de que, desde o surgimento da nossa espécie, a resposta mais plausível para quem se pergunta quantos seres humanos já existiram neste mundo é 108 bilhões.

É muito ou é pouco?

É muito? Certamente é bastante gente, mas, ao mesmo tempo, pode ser surpreendemente pouco, a depender do ponto de vista. Não apenas porque estamos falando de um período de 52 mil anos (desde 50 mil a.C. até pouco mais de 2.000 d.C.), mas também porque, comparativamente, só a China atual tem 1,4 bilhão de habitantes vivos. É como se o absoluto total de vidas humanas que já nasceram neste planeta se “resumisse” a apenas 77 Chinas distribuídas ao longo de 52 milênios.

Para deixar os números ainda mais “acanhados” em perspectiva, é relevante recordar que esses 52 mil anos são apenas o período transcorrido desde o surgimento da nossa espécie. O planeta existe desde muito, muitíssimo antes disso: a “idade” da Terra é estimada em 4,5 bilhões de anos. E, ainda antes, muitíssimo antes da formação da Terra, já existiam incontáveis outros planetas e galáxias: a “idade” do universo é estimada em 13,8 bilhões de anos.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

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Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF