Dom Paulo Cezar | arqbrasilia |
XIII Domingo do Tempo Comum
Palavra do
Pastor
Dom Paulo Cezar
Costa
Arcebispo de
Brasília
O Filho do Homem
não tem onde reclinar a cabeça
Neste domingo, temos como Evangelho um texto no qual Jesus toma
resolutamente o caminho de Jerusalém (Lc 9, 41-51). Jerusalém é a cidade onde
Jesus deverá viver o mistério da sua morte e ressurreição e é a partir de
Jerusalém que o Evangelho deve ser difundido para o mundo. Os mensageiros que
vão à frente de Jesus e entram numa cidade de samaritanos para preparar
hospedagem para Jesus. Mas os samaritanos não os receberam, pois Jesus dava a
impressão de ir para Jerusalém. Os discípulos têm, em resposta, uma reação
humana, ou seja, querem mandar fogo do céu para destruí-los; mas Jesus, não.
Eis aqui o perigo das reações meramente humanas, que não partem do horizonte de
Deus, mas simplesmente da nossa forma de pensar. Agora, no caminho, há o
encontro de três personagens com Jesus. E o Papa Francisco assim os comenta:
“O primeiro personagem promete-lhe: «Seguir-te-ei para onde quer que vás»
(v. 57). Generoso! Mas Jesus responde que o Filho do Homem, contrariamente às
raposas que têm as suas tocas e aos passarinhos que têm os seus ninhos, «não
tem onde reclinar a cabeça» (v. 58). A pobreza absoluta de Jesus! Com efeito,
Jesus deixou a casa paterna e renunciou a qualquer segurança para anunciar o
Reino de Deus às ovelhas perdidas do seu povo. Assim, Jesus nos indicou, a nós,
seus discípulos, que a nossa missão no mundo não pode ser estática, mas é itinerante.
O cristão é um itinerante. A Igreja está, por sua natureza, em movimento, não
permanece sedentária nem tranquila no próprio recinto. Está aberta aos
horizontes mais vastos, enviada — a Igreja é enviada! — para levar o Evangelho
pelas estradas e alcançar as periferias humanas e existenciais. É assim o
primeiro personagem. O segundo, que Jesus encontra, recebe diretamente d’Ele o
chamado, mas responde: «Senhor, deixa-me ir primeiro enterrar o meu pai» (v.
59). Trata-se de um pedido legítimo, fundado no mandamento de honrar o pai e a
mãe (cf. Ex 20, 12). Todavia Jesus responde: «Deixa que os
mortos sepultem os seus mortos» (v. 60). Com estas palavras, deliberadamente
provocadoras, Ele tenciona afirmar o primado do seguimento e do anúncio do
Reino de Deus também sobre as realidades mais importantes como a família. A
urgência de comunicar o Evangelho, que rompe a cadeia da morte e inaugura a
vida eterna, não admite atrasos, mas requer prontidão e disponibilidade.
Portanto, a Igreja é itinerante, e aqui a Igreja é decidida, age imediatamente,
no momento, sem esperar. Também o terceiro personagem quer seguir Jesus, mas
com uma condição: fá-lo-á depois de se ter despedido dos parentes. Eis o que o
Mestre lhe diz: «Aquele que põe a mão no arado e olha para trás não é apto para
o Reino de Deus» (v. 62). O seguimento de Jesus exclui arrependimentos e que se
olhe para trás, mas exige a virtude da decisão” (Papa
Francisco, Angelus de 30 de junho de 2019).
Este Evangelho nos relembra que seguir Jesus implica ir com Ele até as
últimas consequências, não segundo os nossos critérios, mas segundo os de
Jesus, não fazendo justiça com as próprias mãos. Os três personagens que
quiseram seguir Jesus pelo caminho nos mostram que, sem radicalidade, não há
verdadeiro discipulado: “quem põe a mão no arado e olha pata trás não está apto
para o Reino de Deus”.
Fonte: https://arqbrasilia.com.br/
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