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BISPOS REFORÇAM, EM MENSAGEM, O CLAMOR PARA CESSAR
O ENSURDECEDOR BARULHO DOS TIROS QUE CEIFAM VIDAS
Sobre o episódio que resultou na morte do guarda
municipal Marcelo Aloizio de Arruda, 50, no último sábado, 9 de julho, em Foz
do Iguaçu (PR), o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, afirmou
que a “insanidade que transforma uma festa de aniversário, momento de alegria e
fraternidade, em cenário de violência e morte não deve ser a referência para o
exercício da cidadania no Brasil”. O presidente da CNBB chama a atenção que
todos precisam se unir em torno a um compromisso pela paz para que o país se
torne mais justo, solidário e fraterno.
Preocupados com o cenário de violência, no último
dia 22 de junho, os bispos que integram o Conselho Permanente da CNBB
divulgaram uma mensagem ao povo brasileiro com o apelo: “Um clamor pela Paz”. O
texto foi aprovado por unanimidade pelos prelados durante a reunião do órgão
que é constituído pela presidência da CNBB, pelos presidentes das Comissões
Episcopais Pastorais (CONSEP) e pelos membros dos Conselhos Episcopais
Regionais (CONSER), os 19 regionais da entidade.
Na mensagem, os membros do Conselho Permanente
afirmam que nestes tempos, faz-se urgente escutar as vozes de tantos que,
vitimados por variadas formas de violência, clamam por justiça e paz. Salientam
que as realidades violência não podem ser naturalizadas e que é impossível
aceitar o extermínio de irmãos e irmãs.
Para os bispos urge não fechar os olhos diante da
“loucura da corrida armamentista no Brasil” (…).
“A violência precisa ser
estancada. Diante de tantas situações que nos envergonham, nós, bispos do
Conselho Permanente da CNBB, voltamos a erguer nossa voz para denunciar a
violência e solidariamente clamar por paz. Unimo-nos a todas as pessoas e
entidades que, de coração sincero, se empenham nessa direção. Enxergamos nesse
esforço o Espírito do Deus da Vida que não nos permite desanimar, nem nos deixa
enredar pelas artimanhas do mal, por mais astuciosas e aparentemente
convincentes que possam ser”.
Por isso, na responsabilidade da missão de
pastores, os bispos expressam uma palavra de esperança ao povo brasileiro: “aos
sofredores, que não desistam, aos que têm poder de cuidar, defender e promover
o bem comum, que não se omitam e aos que diretamente ferem e destroem a paz,
que se convertam!”.
“Unamo-nos em favor da
verdadeira paz! Não nos deixemos abater! Não nos deixemos frustrar! O Bom Deus
escuta os clamores de seu povo! Que a Bem-aventurada Virgem Maria, Rainha da
Paz, interceda sempre pelo Brasil e pelo mundo”.
Confira a mensagem do Conselho Permanente a todo o
povo brasileiro na íntegra:
UM CLAMOR PELA PAZ
Eu ouvi os
clamores do meu povo. (Ex 3,7)
A paz de Jesus Cristo, que
proporciona vida em abundância e alegria plena, é um dom precioso de Deus e
desejo de todo o ser humano de boa vontade. Contudo, infelizmente, nosso mundo
escuta hoje os estrondos da guerra, os gemidos da fome, o ensurdecedor barulho
dos tiros que ceifam vidas e ecoam no choro das vítimas e de seus familiares.
Soma-se a isso a indiferença, que fecha olhos e corações, as desculpas para
nada fazer e as fake-news em seu esforço por tudo encobrir em cortinas de
fumaça.
As guerras vão-se
multiplicando cruelmente em diversas regiões do mundo, somando-se às
abomináveis e impactantes cenas que nos chegam da Ucrânia através da mídia. São
invisíveis os conflitos como em Moçambique, Iêmen, Etiópia, Haiti, Mianmar,
entre tantos outros, que assumem hoje os contornos de uma “terceira guerra
mundial por pedaços” (Papa Francisco, Fratelli Tutti, 25).
Nestes tempos, faz-se urgente
escutar as vozes de tantos que, vitimados por variadas formas de violência,
clamam por justiça e paz. Esta realidade não pode ser naturalizada. É
impossível aceitar o extermínio de irmãos e irmãs. Seus corpos sem vida clamam
por justiça e responsabilização. Suas memórias e seus sonhos de paz devem
permanecer vivos entre nós.
A desigualdade social, gerada
pela concentração de renda, os conflitos religiosos, o ataque sistemático aos
territórios dos povos tradicionais, o desprezo e o rechaço aos migrantes e o
flagelo da fome são algumas das formas da violência estrutural visibilizada nos
tempos de hoje.
Urge não fechar os olhos
diante da loucura da corrida armamentista no Brasil. O número de caçadores,
atiradores e colecionadores de armas de fogo (CACs), aumentou 325% de 2018 a
2021. “O gasto com armas é um escândalo, suja o coração, suja a humanidade”
(Papa Francisco, 21 de março de 2022), particularmente quando alimentado por
discursos fundamentalistas, inclusive religiosos, que transformam adversários
em inimigos e comprometem a fraternidade.
A violência precisa ser
estancada. Diante de tantas situações que nos envergonham, nós, bispos do
Conselho Permanente da CNBB, voltamos a erguer nossa voz para denunciar a
violência e solidariamente clamar por paz. Unimo-nos a todas as pessoas e
entidades que, de coração sincero, se empenham nessa direção. Enxergamos nesse
esforço o Espírito do Deus da Vida que não nos permite desanimar, nem nos deixa
enredar pelas artimanhas do mal, por mais astuciosas e aparentemente
convincentes que possam ser.
A vida é o maior dom! Cuidar
responsavelmente da vida implica trabalhar artesanalmente pela paz (Papa
Francisco, Fratelli Tutti, 225), a justiça social e o bem comum, sempre no
respeito pelas diferenças, valorizando a liberdade religiosa e a verdade,
dialogando até a exaustão, pois tudo isso é condição para a verdadeira paz.
Por isso, na responsabilidade
de nossa missão de pastores, queremos expressar nossa palavra de esperança: aos
sofredores, que não desistam, aos que têm poder de cuidar, defender e promover
o bem comum, que não se omitam e aos que diretamente ferem e destroem a paz,
que se convertam!
Unamo-nos em favor da
verdadeira paz! Não nos deixemos abater! Não nos deixemos frustrar! O Bom Deus
escuta os clamores de seu povo! Que a Bem-aventurada Virgem Maria, Rainha da
Paz, interceda sempre pelo Brasil e pelo mundo.
Brasília-DF, 22
de junho de 2022.
Dom Walmor
Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte – MG
Presidente da CNBB
Dom Jaime
Spengler. OFM
Arcebispo de Porto Alegre – RS
Primeiro Vice-Presidente da CNBB
Dom Mário Antônio
da Silva
Arcebispo de Cuiabá – MT
Segundo Vice-Presidente da CNBB
Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da Arquidiocese de São
Sebastião do Rio de Janeiro – RJ
Secretário Geral da CNBB
Fonte: https://www.cnbb.org.br/
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