Imagem da missa de corpo presente nesta quarta, 06 de julho. Foto: G1 |
A homilia proferida por Dom Odilo Pedro Scherer, na missa
de corpo presente na Catedral da Sé em São Paulo nesta quarta-feira (6). O
Cardeal iniciou reforçando que a morte não é o fim para aqueles que creem nas
promessas do Evangelho e, para quem teve uma vida exemplar como Dom Cláudio, a
Palavra de Jesus se torna ainda mais confortável. Os restos mortais de Dom
Cláudio Hummes agora repousam na cripta da Catedral da Sé.
Vatican News
O Cardeal Dom Cláudio Hummes
foi sepultado na manhã desta quarta-feira, 6, após missa de corpo presente,
presidida pelo Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giambattista Diquattro na
Catedral da Sé em São Paulo. Os seus restos mortais agora repousam na cripta da
Catedral da Sé, precisamente 7 metros abaixo do altar central.
A homilia foi proferida por
Dom Odilo Pedro Scherer, cardeal arcebispo Metropolitano de São Paulo que
iniciou reforçando que a morte não é o fim para aqueles que creem nas promessas
do Evangelho e, para quem teve uma vida exemplar como Dom Cláudio, a
Palavra de Jesus se torna ainda mais confortável. “‘Quem vê o Filho e N’ele
crê, tem a vida eterna’. Poderia haver palavra mais confortadora para nós que
celebramos a despedida do estimado Cardeal Cláudio Hummes? Ele creu nisso.
Dedicou sua vida inteira para proclamar que Jesus é Filho de Deus Salvador e
ajudar as outras pessoas a se encontrarem com Ele e, também, crerem nele”,
afirmou.
“Combati o bom
combate, acabei minha carreira, guardei a fé” (2Tim 4,7)
Como Paulo, à espera da pena
capital, conforme narra a Segunda Carta a Timóteo e a exemplo de Dom Cláudio
Hummes, que combateram o bom combate, acabaram a carreira e guardaram a fé, Dom
Scherer lança um questionamento. “Poderia haver maior conforto na hora morte e
constatar sem falsa consciência de que ‘combati o bom combate, cheguei ao fim
da minha missão, guardei a fé? Oxalá possamos dizer isto a nós mesmos e diante
de Deus”, afirmou enfatizando que “a morte nem sempre tem explicação
racionalmente aceitável, mas a fé e a confiança em Deus nos dão motivo de
serenidade. É Ele quem vive e é capaz de nos dar mais vida e vida em plenitude.
Podemos dizer como o salmista. Sei que a bondade eu hei de ver na terra dos
viventes (…)”
“Queria ser
missionário na Amazônia”
Dom Odilo fez memória
dos feitos grandiosos de Dom Cláudio que geraram novos ares na Igreja,
principalmente em relação à missionariedade e a questões referentes à ‘querida
Amazônia’. Em 2011 voltou a São Paulo, na terceira idade, cheio de energia,
guardava um sonho de juventude: “Queria ser missionário na Amazônia”. E a CNBB,
sem sabê-lo, o convidou a presidir a Comissão Episcopal Especial para a
Amazônia. Tratava-se de viajar muito, não por turismo, mas de maneira
desconfortável, visitar os bispos, ouvir o povo, avaliar a situação dos indígenas
e ribeirinhos e pensar em meios para dar novo dinamismo missionário à ação
missionaria da Igreja na região. E ele o fez com dedicação.
A missão na
Arquidiocese de São Paulo
Dom Odilo disse, também, ter
conhecido Dom Claúdio em São Paulo, onde foi seu bispo auxiliar junto a outros
seis colegas no episcopado e sempre lhe impressionou a liberdade e a confiança
com que lhes tratava. “Os seis bispos auxiliares eram encarregados de tarefas
imensas nesta Arquidiocese e ele nos reunia com regularidade e dava as coordenadas
pastorais e administrativas”.
Em sintonia com a resoluções
do Jubileu do ano 2000, suas preocupações eram a evangelização renovada, a
caridade organizada. “Estava em curso na Arquidiocese o Seminário da Caridade.
Dom Cláudio queria ver o empenho social de todas as comunidades, estava também
preocupado com o desemprego crescente e com a necessidade ampliar a
evangelização como um todo”.
Por um Igreja
toda missionária. Avançar para águas mais profundas
Ainda, segundo o Cardeal
Scherer, quando de Roma o Papa reforçava o ‘Duc in alto’, ou seja, avancem para
as águas mais profundas, Dom Claudio repetia em São Paulo que “a missão precisa
ser retomada, pois a Igreja é missionária por sua própria natureza”. E os
bispos do Regional Sul 1, em base a essa urgência missionária, elaboraram
diretrizes num plano de ação missionaria permanente que antecipou em muitas
coisas as orientações da Conferência de Aparecida que seria realizada em 2007.
Em 2006, o Papa Bento XVI lhe
foi confiou a missão de acompanhar os assuntos do clero de toda a Igreja. Dom
Cláudio imprimiu a seu novo encargo a marca missionária, dando instruções para
renovar a formação do cero de acordo com as necessidades e desafios do novo
milênio apenas iniciado. A dimensão missionária deveria integrar a formação de
todos os sacerdotes.
Um sonho
realizado: Ser missionário na Amazônia
O Cardeal Scherer recordou que
as reflexões surgiu a Rede Eclesial para a Amazônia (REPAM), em 2014. Foi
Relator do Sínodo para a Amazônia a partir do qual nasceu a Conferência
Eclesial para a Amazônia (CEAMA)”.
Foi neste período, nos quase
dez anos como missionário, afirma o cardeal, que a Amazônia ganhou a atenção do
mundo inteiro e a ação da Igreja recebeu ali novo e importante impulso.
O fim e o começo
de uma nova vida
Sua idade avançava e sua saúde
cobrava um preço cada vez maior. Renunciou aos encargos em março deste ano e
renunciou para o bem da sua missão. Por duas vezes pediu e recebeu a unção dos
enfermos. Todas as manhãs rezava e encontrava força para continuar. Dizia:
“Estamos nas mãos de Deus”. Tinha sempre nas mãos, o rosário, até que
conseguiu. Lançou as sementes do Evangelho e da vida nova. Que elas brotem e
frutifiquem ao longo do tempo”.
(com Rosa M. Martins - REPAM-Brasil)
Nenhum comentário:
Postar um comentário