Incêndios castigam vários países da Europa. Entre eles, a França | Vatican News |
Estamos chegando a um ponto de ruptura, por isso é
necessária uma conversão ecológica individual e comunitária. Em vista do Dia
Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, em 1º de setembro, Francisco renova
seu apelo à consciência dos fiéis e à comunidade internacional, apostando em
dois eventos programados para o segundo semestre: a COP 27 sobre o clima e a
COP15 sobre a biodiversidade.
Bianca Fraccalvieri – Vatican
News
Foi divulgada esta
quinta-feira a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial de Oração pelo
Cuidado da Criação, no dia 1º de setembro.
Este Dia inaugura o “Tempo da
Criação”, que vai até 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis - uma
iniciativa ecumênica inspirada pelo Patriarcado de Constantinopla que une os
cristãos em torno da necessidade de uma conversão ecológica.
O tema deste ano é “Escuta a
voz da criação”. Esta voz, lamenta o Papa na mensagem, se tornou um “grito
amargo”, ou melhor, um coro de gritos em decorrência dos maus-tratos humanos:
grita a Mãe Terra, gritam as criaturas, gritam os mais pobres e, entre eles, os
povos indígenas, e grita a futura geração. Esses clamores provocados pelos
nossos excessos consumistas, à mercê de um antropocentrismo despótico, que
provocam, por sua vez, as mudanças climáticas.
Diante deste quadro, é preciso
limitar o colapso dos ecossistemas e há uma única opção segundo Francisco:
arrependimento e mudança dos estilos de vida e dos modelos de consumo e
produção. Não só em âmbito individual, mas também comunitário. Esta catástrofe
ecológica, afirma o Pontífice merece a mesma atenção que outros desafios
globais, como as graves crises sanitárias e os conflitos bélicos.
Um pedido,
"em nome de Deus"
Por isso, o Papa cita dois
eventos de fundamental importância promovidos pelas Nações Unidas: a COP27
sobre o clima, programada para o mês de novembro no Egito, e a COP15 sobre a
biodiversidade, que se realizará em dezembro no Canadá.
Francisco recorda a adesão da
Santa Sé ao Acordo de Paris, que prevê limitar o aumento da temperatura a 1,5°C
e para reduzir a zero, com a maior urgência possível, as emissões globais dos
gases de efeito estufa. A finalidade é caminhar rumo à direção mais
respeitadora da criação e do progresso humano integral de todos os povos
presentes e futuros, um progresso fundado na responsabilidade, na
prudência/precaução, na solidariedade e atenção aos pobres e às gerações
futuras.
“Na base de tudo, deve estar a
aliança entre o ser humano e o meio ambiente que, para nós fiéis, é espelho do
amor criador de Deus.”
Eis então o apelo do Papa:
“Repito: Quero pedir, em nome de Deus, às grandes
empresas extrativas – mineiras, petrolíferas, florestais, imobiliárias,
agro-alimentares – que deixem de destruir florestas, zonas húmidas e montanhas,
que deixem de poluir rios e mares, que deixem de intoxicar as pessoas e os
alimentos.”
Dívida ecológica
Neste processo de conversão,
aponta Francisco, não se pode negligenciar as exigências da justiça,
especialmente para com os trabalhadores mais afetados pelo impacto das mudanças
climáticas.
Neste sentido, escreve ainda o
Papa, “é impossível não reconhecer a existência duma ‘dívida ecológica’ das
nações economicamente mais ricas, que poluíram mais nos últimos dois séculos”.
Por outro lado, os países menos ricos não estão isentos de suas
responsabilidades. “É necessário agirem todos, com decisão. Estamos a chegar a
um ponto de ruptura.”
A mensagem conclui-se com um convite de Francisco, para
que neste “Tempo da Criação” as cúpulas COP27 e COP15 possam unir a família
humana. “Choremos com o grito amargo da criação, escutemo-lo e respondamos com
os fatos para que nós e as gerações futuras possamos ainda alegrar-nos com o
canto doce de vida e de esperança das criaturas.”
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