Papa Francisco saúda um grupo de jovens mulheres no pátio de San Damaso, na Audiência Geral (2021.10.18) |
A vida presente passa de uma forma rápida, de modo que
São Basílio Magno, bispo de Cesareia, aconselhou os jovens para agarrar-se às
coisas eternas. Tudo deve ajudar para alcançar a esta vida. É claro que a vida
presente tem o seu devido valor, para ser bem vivida nos diversos ambientes que
os jovens eram inseridos, apontando sempre à vida futura, a eterna".
Por Dom Vital Corbellini,
bispo de Marabá (PA)
A Igreja tem presente a
juventude na ação evangelizadora, como parte integrante da missão, pois ela conta
com os batizados, batizadas, jovens para levar a boa nova do Reino de Deus, de
Jesus Cristo para toda a humanidade. Os primeiros séculos do cristianismo deram
à juventude uma atenção especial devido ser a parte da comunidade e da
sociedade com maior força e vitalidade. A Igreja faz hoje a opção pelos jovens
em vista da renovação da comunidade e da sociedade. É por causa de Cristo que a
Igreja assume os jovens para que todos vivam na paz e no amor. O Senhor chama
os jovens para uma missão, de modo que ele seja anunciado e amado junto aos
outros jovens e junto ao povo de Deus.
A Comissão Episcopal Pastoral
para a Juventude da CNBB está fazendo uma missão na Prelazia de Tucumã, na
parte Sul do Pará, na região Norte, de 15 a 25 de Julho, fazendo parte da Amazônia.
A Diocese de Marabá acolhe os jovens que vieram de outros lugares do Brasil
para esta importante missão, para ir ao encontro de outras pessoas, de outros
jovens para evangelizar e serem evangelizados. A seguir veremos como a Igreja
antiga e atual colocou os jovens nesta perspectiva de atenção, de valorização
ao seguimento do Senhor no mundo em que vivem os jovens, também em vista da
missão.
Aproximação
com os jovens
São Basílio Magno, bispo de
Cesareia, hoje na Turquia, século IV foi um dos únicos santos padres da Igreja
que dedicou aos jovens uma atenção especial pela vida que eles levavam na
sociedade imperial[1]. Muitos eram os motivos ao escrever para eles uma obra e
dar aos mesmos, alguns conselhos que seriam de benefício no momento em que eles
os aceitassem com fé e com amor. Como bispo, ele manifestou o desejo de estar
próximo deles, encontrar-se vizinho a eles, logo após os seus pais, para
dar-lhes um afeto todo particular[2].
Discernimento na
escola
São Basílio aconselhou aos
jovens cristãos que iam às escolas pagãs, para que recebessem uma educação
geral, sobretudo de autores pagãos, e tivessem o discernimento de suas
doutrinas, a fim de que eles acolhessem as coisas melhores que os professores
diziam e descartassem as coisas que não lhe convinham para as suas vidas de
seguidores e de seguidoras de Cristo e da Igreja[3].
A vida presente passa de
uma forma rápida, de modo que o bispo de Cesareia aconselhou os jovens para
agarrar-se às coisas eternas. Tudo deve ajudar para alcançar a esta vida. É
claro que a vida presente tem o seu devido valor, para ser bem vivida nos
diversos ambientes que os jovens eram inseridos, apontando sempre à vida
futura, a eterna[4].
Os bens da
vida presente e da vida futura
O bispo de Cesareia também
falou da importância dos bens presentes que são meios em vista daqueles da vida
futura. Eles servem para amar o próximo e a Deus. No entanto os bens desta vida
estão longe pelo seu devido valor aos bens eternos pelo fato de serem sombra e
sonho da realidade atual[5]. À vida futura conduzem as palavras das Sagradas
Escrituras que sempre admoestam mediante os valores da conversão. As diversas
doutrinas do mundo, sendo purificadas levam a preparação da alma com a vida com
Deus[6]. O jovem cristão tirará da sabedoria pagã o melhor para uma vida
conforme o evangelho do Senhor[7].
O valor
dos poetas pagãos em vista do cristianismo
São Basílio reforçou a ideia
de que é preciso seguir os poetas, mas que tudo fosse à vista do seguimento a
Jesus Cristo, à religião cristã. As narrações dos poetas, quando apresentavam
fatos ou ditos de seres humanos excelentes, livremente seriam acolhidos,
seguidos com o espírito de emulação e imitados. No entanto quando passavam para
representações de seres humanos perversos, deveriam ser evitados porque não
mereceriam o testemunho de vida[8]. Mas quando os poetas fizessem o elogio da
virtude, do dom de Deus, deveriam ser imitados pelos jovens em vista do bem a
ser feito neste mundo e um dia na eternidade[9].
Os jovens
são as pessoas do agora de Deus
No mundo atual existe a
palavra do Papa Francisco, colocando a importância dos jovens que são o agora
de Deus. Eles não sejam apenas o futuro do mundo, mas vivam o presente,
enriquecendo com sua contribuição para o mundo melhor. O jovem participa junto
com os adultos no desenvolvimento da família, da sociedade e da Igreja[10]. O
pontífice ainda teve presente que o olhar atento para quem deseja ser guia dos
jovens consiste em encontrar a pequena chama que ainda arde, e ainda ela não
quebrou. É a capacidade de encontrar caminhos onde os muros sejam derrubados,
para que vejam as habilidades, as possibilidades, superando as dificuldades. É
o olhar de Deus Pai que nutre as sementes de bem semeadas nos corações dos
jovens. O Papa ainda afirma que o coração de cada jovem é considerado terra
sagrada, portador de vida divina, para assim a pessoa se aproximar do Mistério
do Altíssimo[11].
Realidade
de muitas juventudes
O Papa Francisco disse que os
padres sinodais reforçaram a beleza de ser Igreja universal pela realização do
sínodo sobre os jovens. É preciso destacar um contexto de globalização
crescente, as diferenças entre as culturas, uma pluralidade de mundos juvenis,
de modo que se fala de juventudes no plural[12].
O Papa pede a todos para que
as pessoas se unam aos jovens que passam por problemas familiares, comunitários
e sociais, sofrem formas de marginalização, e de exclusão social por motivos
religiosos, étnicos ou econômicos. É fundamental como Igreja estar ao lado dos
jovens, para que esta seja uma Igreja mais maternal, e em vez de matar, aprenda
a dar à luz, ocorrendo o dom da vida. Se a gente chora os jovens que morrem
pela miséria e pela violência, é fundamental que a sociedade aprenda ser com os
mesmos, mãe solidária[13].
A missão dos
jovens
O Papa Francisco afirmou que
os jovens gostam da missão, porque a missão está ligada à juventude. Ainda que
alguns jovens sejam frágeis, limitados, feridos, vão ser missionários à sua
maneira, pela comunicação do bem, mesmo que conviva com fragilidades. Uma
missão popular sempre é oportunidade dos jovens viverem a alegria da vida e do
anúncio de Jesus Cristo. A Pastoral Juvenil é uma pastoral de missão, pois é o
próprio Espírito Santo que ilumina os jovens para a missão em Jesus Cristo na
unidade com o Pai. É bonita a ação dos jovens visitarem as casas, tomarem
contato com a vida do povo, olharem a família e assim eles compreenderem a vida
de uma forma bem mais ampla, com a fé, a pertença à Igreja, a esperança, a
caridade, a vocação para um sacramento é fortalecida[14].
Jesus chamou jovens para o
seguirem que se tornaram seus discípulos, apóstolos. Hoje ele chama jovens que
tenham um coração disposto a segui-lo e proclamá-lo aos outros. A missão é dom
de Deus e é também responsabilidade humana, para que os jovens sejam dedicados
ao serviço da evangelização na família, na comunidade e na sociedade. É preciso
dar o apoio aos jovens para a missão de anunciar aos outros a palavra de
Cristo, a valorização dos sacramentos à vida cristã e o engrandecimento do
Reino de Deus.
____________________
[1] Basilio di Cesarea. Discorso
ai giovani, a cura di Mario Naldini. Firenze, Nardini Editore, 1984.
[2] Cfr. Idem, 1,1-3,
pg. 81.
[3] Cfr. Idem,
1, 6, pg. 83.
[4] Cfr. Idem, II,
3, pg. 85.
[5] Cfr. Idem II, 5,
pgs, 85-87.
[6] Cfr. Idem, II, 7,
pg. 87.
[7] Cfr. Idem, III,
1-2, pg. 89.
[8] Cfr. Idem, IV, 1-2,
pg. 91.
[9] Cfr. Idem, V, 1-2,
pgs. 95-97.
[10] Cfr. Papa
Francisco. Exortação Apostólica Christus Vivit, 64. Brasília,
Edições CNBB, 2019, pg. 31.
[11] Cfr. Idem, 67, pg. 32.
[12] Cfr. Idem, 68,
pg. 32.
[13] Cfr. Idem, 74-75,
pgs. 34-35.
[14] Cfr. Idem, 239-240, pg. 102.
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