O Papa com dom Fernando Ocáriz e monsenhor Fazio | Vatican Media |
Com o documento 'Ad charisma tuendum', a partir de 4 de
agosto, o Papa dispõe para a Prelazia a transferência de competências
passando-as do precedente Dicastério para os Bispos para o Dicastério para o
Clero e estabelece que o Prelado não pode mais receber a ordem episcopal. Dom
Fernando Ocáriz: Francisco pede que o novo Prelado seja um guia, mas, acima de
tudo, um pai.
Alessandro De Carolis –
Vatican News
Quarenta anos após a
Constituição Apostólica Ut sit, que erigiu por obra de João Paulo
II a Prelazia do Opus Dei, Francisco modifica algumas de suas estruturas com
base na Praedicate Evangelium, com o objetivo de "proteger o
carisma" e "promover a ação evangelizadora que seus membros realizam
no mundo" difundindo "o chamado à santidade no mundo, através da
santificação do trabalho e dos compromissos familiares e sociais". A nova
orientação é estabelecida pelo Motu proprio Ad charisma tuendum,
promulgado esta sexta-feira, 22 de julho, com o qual o Papa modifica alguns
artigos da Ut sit, harmonizando-os com o que foi estabelecido pela
recente Constituição apostólica.
Mais Carisma do
que autoridade hierárquica
Em primeiro lugar, lê-se no
primeiro artigo, com base no artigo 117 da Praedicate Evangelium, o
Dicastério vaticano de referência para o Opus Dei não será mais o dos Bispos,
mas o do Clero, ao qual o Prelado, a mais alta autoridade, apresentará um
relatório anual sobre o estado da Prelazia. O próprio Prelado, diferentemente
do passado, não poderá mais ser nomeado bispo e isto - explica-se no artigo 4
do Motu Proprio - para "reforçar a convicção de que, para
a proteção do dom peculiar do Espírito, é necessária uma forma de governo
fundada mais no carisma do que na autoridade hierárquica". Portanto, o
título que caberá ao Prelado do Opus será o de Protonotário apostólico
supranumerário com o título de reverendo monsenhor.
Em sintonia com
o fundador
Recordando a "grande
esperança" com que a Igreja dirigiu "seus cuidados maternos e suas
atenções para com o Opus Dei" no momento de sua constituição como
Prelazia, segundo as palavras do Papa Wojtyla na ocasião, com este Motu
próprio, se acrescenta no texto do documento papal, "pretende-se confirmar
a Prelazia do Opus Dei no âmbito autenticamente carismático da Igreja,
especificando sua organização de acordo com o testemunho do Fundador, São
Josemaría Escrivá de Balaguer, e com os ensinamentos da eclesiologia conciliar
a respeito das Prelazias pessoais". Estas disposições entrarão em vigor em
4 de agosto próximo.
Dom Ocáriz: o
novo Prelado "um guia, mas, acima de tudo, um pai"
Ao aceitar
"filialmente" o que Francisco dispôs, o Prelado do Opus, dom Fernando
Ocáriz, espera em uma carta enviada aos membros da Prelazia que o convite do
Papa "ressoe fortemente em cada uma e em cada um deles" como uma
"oportunidade de compreender em profundidade o espírito que o Senhor
infundiu em nosso fundador e de compartilhá-lo com muitas pessoas do ambiente
familiar, profissional e social". Com relação à figura do Prelado a partir
de agora, enquanto expressa sua gratidão "pelos frutos da comunhão
eclesial que o episcopado do beato Álvaro e de dom Javier representou",
dom Ocáriz reconhece na carta que "a ordenação episcopal do prelado não
era e não é necessária para conduzir o Opus Dei. O desejo do Papa de enfatizar
agora a dimensão carismática da Obra nos convida a reforçar o ambiente de
família, afeto e confiança: o prelado deve ser um guia, mas, acima de tudo, um
pai".
Perguntas e
respostas para entender a mudança
A carta do Prelado é acompanhada por uma série de oito
perguntas e respostas sobre o significado do Motu Proprio e
suas implicações mais diretas na vida dos membros da Prelazia. Em particular,
sobre a relação entre carisma e hierarquia, ressalta-se que no Motu próprio "se
recorda que o governo do Opus Dei deve estar a serviço do carisma - do qual
somos administradores, e não proprietários - para que ele cresça e dê frutos,
com a fé de que é Deus quem opera tudo em todos".
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