Papa Francisco conversa com lideranças indígenas no hangar do Aeroporto em Edmonton, tendo ao fundo o primeiro-ministro Justin Trudeau (Vatican Media) |
Neste seu primeiro dia de atividades públicas no Canadá,
o Papa Francisco encontra as populações indígenas em Maskwacis e Edmonton e
profere seus dois primeiros discursos.
Vatican News
Foi uma longa viagem até o
Canadá. Não obstante a distância percorrida e os deslocamentos necessariamente
em cadeira de rodas, pelo problema no joelho direito, o Papa mostrou boa
disposição ao ser acolhido no final da manhã de domingo no Aeroporto
Internacional de Edmonton pelo primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, pela
governadora-geral Mary Mai e pelas tantas lideranças dos povos indígenas.
Francisco, sentado no hangar do aeroporto entre as duas altas autoridades
civis, acompanhou atentamente a música tocada por nativos, e sorriu muito ao
saudar, em particular, os tantos indígenas presentes, com pedido de perdão e
trocas de presentes. O Papa até mesmo beijou a mão de alguns deles. Afinal,
esta era uma visita muito desejada, sua "peregrinação penitencial",
como fez questão de frisar no Angelus do outro domingo.
Do aeroporto, o Santo Padre
dirigiu-se imediatamente ao Seminário São José, onde estará hospedado nesta
primeira etapa da visita. Passava do meio-dia no Canadá, mas com a diferença de
fuso horário, já era mais de 20 horas pelo horário italiano. Assim, a atividade
pública de Francisco limitou-se no domingo à cerimônia de boas-vindas no
aeroporto. Depois, o repouso e a oração.
Nesta segunda-feira, por sua
vez, o Papa rezou a Missa de forma privada às 6h30, horário de Edmonton. Já às
8h45, se desloca para Maskwacis, distante 100 km, para o encontro com os povos
indígenas First Nations, Métis e Inuit (o Vatican
News transmitirá com comentários em português, a partir das 13 horas, horário
de Brasília). Logo ao chegar, ele será
recebido na entrada da igreja dedicada a Nossa Senhora das Sete Dores pelo
pároco e alguns anciãos das populações indígenas, seguindo depois num carro de
golfe até o cemitério, acompanhado pelo sons de tambores. Tendo entrado no
cemitério, de forma estritamente privada, o Santo Padre faz uma pausa em oração
silenciosa. No final, ele se desloca a bordo do carro de golfe para o Bear
Park Pow-Wow Grounds, onde na entrada é recebido por uma delegação de
lideranças indígenas de todo o país.
Depois das palavras de
boas-vindas de uma liderança indígena, o Papa profere seu primeiro discurso em
terras canadenses. Farão parte deste momento orações, cânticos, saudações e a
bênção do Santo Padre aos presentes.
First Nation,
comunidade predominante no Canadá
Os povos aborígenes, que
habitam o território do Canadá há milhares de anos, incluem três grandes
grupos: as Primeiras Nações, os Métis e os Inuit, dentro dos quais existe uma
grande variedade de populações, com diferentes costumes, tradições e línguas.
As Primeiras Nações representam a comunidade indígena predominante do Canadá na
parte sul do território do país; os inuits fazem parte de um dos principais
grupos que habitam a zona ártica; e os Métis, localizados no extremo oeste do
Canadá, são os mestiços descendentes da união entre indígenas e europeus.
Maskwacis
A área de Maskwacis (7.663
hab.), ("Colina do Urso", na língua cree), chamada de 1891 a 2013
Hobbema, do nome da primeira estação ferroviária construída no território, está
localizada na região central de Alberta, cerca de 70 quilômetros ao sul da cidade
de Edmonton. Abriga as reservas do grupo das Tribos Indígenas do oeste do
Canadá, as Quatro Nações de Maskwacis: a Nação Ermineskin Cree; Tribo Louis
Bull; Montana First Nation e Samson Cree Nation. As Primeiras Nações são
signatárias do Tratado 6, um dos 11 Tratados Numerados assinados pelos povos
indígenas - Primeiras Nações -, e pela Coroa canadense, entre 1871 e 1921.
Antigamente, essa vasta área era coberta por arbustos de mirtilo que atraíam a
área uma grande população de ursos, daí o nome Maskwacis ou Bear Hills.
Após o encontro com as
populações indígenas em Maskwacis, o Papa retorna ao Seminário São José, aonde
deverá chegar por volta das 13 horas, para o almoço privado e um breve
descanso.
Em Edmonton,
encontro com Populações Indígenas e comunidade paroquial
Mas suas atividades nesta
segunda-feira não encerram aí. Às 16h30, o Papa se desloca até a Igreja do
Sagrado Coração, distante 4,4 km, para outro encontro com as populações
indígenas e com membros da comunidade paroquial (o Vatican News transmitirá
com comentários em português, a partir das 19h45, horário de Brasília). Francisco
será saudado pelo pároco, por dois paroquianos, ouvirá uma canção indígena e
então proferirá seu segundo discurso, seguido pela oração do Pai Nosso e pela
bênção. Antes de retornar ao Seminário São José, Francisco saúda alguns fiéis
da paróquia e, ao sair, abençoa a imagem de Santa Kateri Tekakwitha
(1656-1680), primeira Santa nativa da América do Norte, da aldeia Mohawk de
Ossernenon, no Estado de Nova York.
A Igreja do
Sagrado Coração
A Igreja do Sagrado Coração dos Primeiros Povos,
construída em 1913, é uma das igrejas católicas mais antigas da cidade. É
frequentada pelos moradores do bairro central de McCauley, tendo um foco
especial nos pobres e marginalizados. Em 1991, o arcebispo Joseph MacNeil a
designou paróquia nacional das Primeiras Nações, Métis e Inuit, a primeira
desse tipo no Canadá. Lá, a fé católica é expressa no contexto da cultura
aborígine. O prédio abriga muitas peças únicas de arte sacra criadas por
artesãos indígenas. Ao longo dos anos, muitos imigrantes e refugiados que
vieram de todo o mundo para se estabelecer em Edmonton fizeram da Igreja do
Sagrado Coração seu lar espiritual. A igreja foi danificada por um incêndio em
agosto de 2020 e fechada por dois anos para restauração. As obras foram
concluídas bem a tempo para a visita do Papa. A igreja foi aberta para a bênção
e para a primeira Missa no domingo anterior à chegada do Papa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário