O Papa e uma idosa na Audiência Geral | Vatican News |
Nesta primeira quarta-feira de julho, o mês em que as
audiências gerais estão suspensas, recordamos as recentes catequeses do Papa
Francisco sobre a velhice dadas no encontro com os fiéis nas quartas-feiras.
Uma sociedade é "estéril", recorda o Pontífice em suas várias
catequeses, "quando não há diálogo entre idosos e jovens".
Amedeo Lomonaco – Vatican News
Os idosos, "nunca foram
tão numerosos como agora", e frequentemente vistos como "um
fardo", especialmente quando prevalece a cultura do descarte e da produtividade.
Na dramática primeira fase da pandemia, eles pagaram "o preço mais
alto". Nos totalitarismos do século XX, "o ícone dominante" era
a exaltação da juventude, combinada com o desprezo pelos velhos. A velhice, na
realidade, é um presente "para todas as idades da vida". Foi nesse
sentido que o Papa Francisco iniciou em 23 de fevereiro de 2022 um
itinerário de catequese sobre o significado e o valor da velhice. Um itinerário
marcado pelo exemplo de figuras bíblicas, incluindo Moisés, Eleazar e Judite, e
que traça um perfil da pessoa idosa diferente daquele muitas vezes proposto
pela cultura dominante. Não apenas de uma pessoa frágil, por causa de duras
provas como a da doença, mas de um testemunho insubstituível capaz de
transmitir para as novas gerações sabedoria, valores, fé.
Os ritmos da
velhice
As oportunidades associadas à
longevidade são o foco da audiência geral em 2 de março de 2022.
"A velhice, certamente, impõe ritmos mais lentos: mas não são apenas
tempos de inércia. De fato, a medida destes ritmos", explica Francisco,
"abre, para todos, espaços de significado na vida desconhecidos à obsessão
da velocidade". O Papa também lembra que a aliança de gerações é
indispensável. Uma sociedade é "estéril" e "sem futuro",
quando "os velhos não falam com os jovens" e "os jovens não
falam com os velhos". "Perder tempo" com seus filhos, avós e
anciãos "fortalece a família humana".
A voz profética
dos idosos
Os idosos são um recurso para
os jovens. Na audiência geral de 16 de março de 2022, o Papa
enfatizou, em particular, que a sabedoria dos idosos é uma palavra profética
"ir contra a corrupção". O mundo precisa de "jovens fortes"
e "idosos sábios". E os idosos, lembra o Pontífice, devem "ser
profetas contra a corrupção, assim como Noé foi o profeta contra a corrupção de
seu tempo, porque ele era o único em quem Deus confiava".
Memória
e testemunha
O foco da audiência geral
de 23 de março de 2022 é o exemplo de Moisés que, no final de
seus dias, proclama o nome do Senhor, transmitindo às novas gerações o legado
de sua história vivida com Deus. "Moisés vê a história e transmite a
história". Os idosos, acrescenta Francisco, "veem a história e
transmitem a história". "Uma velhice à qual é concedida esta lucidez
é um dom precioso para a geração que há de vir".
Amor por uma
vida vivida
Na audiência geral de 20
de abril de 2022, o Papa Francisco enfatizou que nem sempre há nas
sociedades a atenção de devolver aos nossos idosos o amor recebido. Honra pela
vida vivida, "não é uma questão para velhos". Ao contrário, "
trata-se de uma ambição que fará brilhar a juventude que herda as suas melhores
qualidades”.
A aliança entre
gerações abre o futuro
Na catequese da audiência
geral de 27 de abril de 2022, Francisco relê o vínculo bíblico
entre a jovem viúva Rute e sua sogra idosa Noemi. É "um ensinamento
precioso sobre a aliança de gerações" com a juventude - diz o Papa -
"capaz de dar novo entusiasmo à idade madura" e à velhice "capaz
de reabrir o futuro para a juventude ferida".
Uma velhice
generosa
Judite, a heroína bíblica, é
um exemplo da contribuição que as pessoas de mais idade podem dar às famílias e
à sociedade. O Papa Francisco recorda disso em sua catequese de 11 de
maio de 2022. O heroísmo, diz o Santo Padre, "não é apenas o dos
grandes acontecimentos sob as luzes da ribalta", mas é também
"encontra-se na tenacidade do amor derramado numa família difícil e a
favor de uma comunidade ameaçada".
O sentido das
coisas da vida
Uma razão inafetiva e
irresponsável tira o sentido e energias também ao conhecimento da verdade, o
perigo é dar espaço à indiferença. O Papa Francisco, recordando as páginas
bíblicas de Qohélet, nos lembra disso na audiência geral de 25 de maio
de 2022. A terceira idade pode abrir um novo caminho: "se os idosos,
que agora viram tudo, mantêm intacta sua paixão pela justiça, então há
esperança no amor, e também na fé".
Cuidar dos
idosos
Dos idosos aprendemos o dom de
"abandonar-nos aos cuidados dos outros e de Deus". O Papa Francisco
enfatizou isto em sua audiência geral em 1º de junho de 2022, apontando
também a necessidade de reformar uma civilização e uma política que
marginalizam a velhice e a doença. "A sociedade como um todo deve
apressar-se a cuidar dos seus idosos – são o tesouro! – cada vez
mais numerosos, e com frequência também mais abandonados".
Os idosos
caminham em direção ao Eterno
Na catequese da audiência
geral de 8 de junho de 2022, o
Pontífice, recordando a figura de Nicodemos, lembra que a missão do idoso é
dissipar "a ilusão tecnocrática de uma sobrevivência biológica e
robótica" e abrir-se "à ternura do ventre criador e gerador de
Deus". O velho, afirma Francisco, caminha para a frente, rumo ao Eterno e
se prepara para o "nascimento do alto".
Os idosos e a
doença
O relato na versão evangélica
de Marcos sobre a cura da sogra de Simão, que ainda não se chama Pedro, é o
foco da catequese de 15 de junho de 2022.
"A doença pesa sobre os idosos de uma maneira diferente e nova do que
quando se é jovem ou adulto. É como um golpe duro que cai em um momento já
difícil". Jesus, lembra o Papa, não visita sozinho aquela idosa doente,
vai com seus discípulos. É precisamente a comunidade cristã que deve cuidar dos
idosos: parentes e amigos, mas também a comunidade”.
Seguir sempre
Jesus
No percurso de catequeses
sobre a velhice, a meditação de 22 de junho de 2022 focaliza
o diálogo entre Jesus ressuscitado e Pedro no final do Evangelho de João. O
Pontífice aborda o tema da fraqueza senil que leva à dependência dos outros.
"O seguimento de Jesus continua sempre, com boa saúde, sem boa saúde. É
preciso seguir "Jesus sempre, a pé, de corrida, lentamente, de cadeira de
rodas, mas segui-lo sempre".
"A vida da pessoa idosa é uma despedida, uma
despedida lenta, mas uma despedida alegre". E é lindo, acrescenta por fim
Francisco, quando uma pessoa idosa pode dizer o seguinte: 'Eu vivi a vida, esta
é minha família; vivi a vida, fui um pecador, mas também fiz o bem'. É esta paz
que vem. Esta é a despedida do idoso.
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