Editora Cléofas |
A cultura do descartável nas relações afetivas
Hoje,
percebe-se essa cultura do descartável quando alguém não é mais útil no
trabalho, nos negócios, em uma troca de favores e principalmente nas relações
afetivas.
O Papa Francisco, no livro ‘Igreja da Misericórdia’ e também em alguns
trechos da encíclica Laudato Si, utilizou a expressão “cultura do descartável”
para nos alertar sobre alguns comportamentos que têm feito parte da sociedade
moderna, no que concerne a diferentes aspectos, tais como a ecologia e as
relações humanas, sejam elas quais forem. De fato, a respeito do último fator,
é fácil presenciar pessoas descartando pessoas, quando não há mais uma suposta
“utilidade”.
Percebe-se essa cultura do descartável quando alguém não é mais útil no
trabalho, nos negócios, em uma troca de favores ou, infelizmente, numa relação
afetiva. Esta tende a ser facilmente massacrada pelas imposições da mídia,
devido ao culto exacerbado do corpo e dos possíveis prazeres que esse pode
oferecer. Não se escolhe mais um parceiro pelo olhar, pelo conteúdo e sorriso,
pela inteligência e as boas qualidades. Escolhe-se a pessoa, com a qual
supostamente passaremos o resto da vida, fazendo uma análise do corpo físico. O
que for mais “sarado” serve.
Ora, sem hipocrisias, obviamente a atração física é importante, mas não
pode sobrepor a atração das almas. Quando esta ocorre, automaticamente cria-se
um encantamento que une dois seres que se atraem, percebem-se lindos, porque
são filhos de Deus.
A atração das almas impede que olhemos somente o exterior, tão cultuado
pela mídia, pelas novelas e programas televisivos, os quais ensinam às crianças
e adolescentes que bonita é a moça de glúteos fartos e atraente é o rapaz com
barriga escultural. Essa mesma mídia tem nos imposto que o legal é descartar,
ela tem repetido em nossas mentes– direta ou indiretamente – alguns
questionamentos: se a namorada engordou, se o marido está ficando calvo, por
que, afinal, tenho que continuar com ela? Por que tenho que continuar com ele?
Sempre sábio esse Papa! Infelizmente, é o que tem acontecido, e nós
temos achado bonito cultuar o que é exteriormente belo. Que possamos parar para
refletir que todos somos belos e lindos, não importa se baixos ou altos, magros
ou gordos, negros ou brancos. Nossos corpos são templos do Espírito Santo e
devem ser amados por nós e por outros. Saibamos descartar apenas as ideias
abusivas sobre corpos perfeitos e padrões a serem seguidos, e não mais as
pessoas, porque elas foram criadas por Deus para serem amadas à sua imagem e
semelhança, e não para serem tratadas como objeto que usamos agora e
descartamos, porque já não serve mais.
Que os solteiros saibam esperar com fé e alegria aqueles que irão
amá-los para sempre, sem descartes; e os que já têm alguém, saibam amar ainda
mais, buscando beleza nessa pessoa, mesmo que os anos passem, mesmo que a
barriga cresça e o cabelo perca a cor. Afinal de contas, o amor é muito mais
que isso tudo.
Fonte: http://pt.aleteia.org/2015/11/09/a-cultura-do-descartavel-nas-relacoes-afetivas/
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