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"O Papa Pio XII, na proclamação do dogma da Assunção
de Nossa Senhora, primeiro de Novembro de 1950, citou um dos santos padres para
fundamentar a verdade de fé, São João Damasceno, padre escritor dos séculos VII
e VIII, afirmou que era conveniente que aquela que tinha guardado ilesa a
virgindade no parto, conservasse seu corpo, após a sua morte, livre de toda a
corrupção."
Por Dom Vital Corbellini,
Bispo de Marabá (PA)
O plano de Deus referente à
salvação humana realizou-se pela resposta positiva de numa criatura, a
bem-aventurada Virgem Maria, para ser a mãe do Salvador. O Senhor a escolheu na
sua infinita bondade, para que ele entrasse na realidade humana. Desde que o
homem pecou, pensou o Senhor a nova Eva, uma nova geração que seria inaugurada
pelo seu Filho, Jesus, na qual haveria uma inimizade entre a primeira Eva e a
mulher, entra a sua descendência e a descendência da mulher, no caso de Maria
(Gn 3,15). Na anunciação disse o anjo à Maria que ela conceberia e daria à luz
um filho, cujo nome seria Jesus (Lc 1,31), o Salvador da Humanidade. Ela viveu
o plano do Senhor, onde em tudo se faria a vontade dele, segundo a palavra de
Deus, dita pelo anjo (Lc 1,38).
Dentro do mês vocacional, no
terceiro domingo, sabendo que o povo cristão, católico é chamado a rezar pelas
vocações, celebramos nós a vida religiosa, e, também a Assunção de Nossa
Senhora aos Céus. Os religiosos assumem os votos de pobreza, castidade e
obediência, na missão evangelizadora da Igreja e no mundo. A Assunção é uma
festa bonita que expressa a presença de Maria na vida do povo, as devoções, os
seus títulos que fazem com que todas as gerações a chamarão bem-aventurada,
porque o Deus todo-poderoso fez por ela grandes coisas e santo é o seu nome (Lc
1, 48-49). A Assunção de Maria tornou-se um dogma, verdade de fé, proclamado
pela Igreja onde se afirmou que ela foi elevada aos céus em corpo e alma,
associada ao mistério de seu Filho, Jesus Cristo. Ela foi concebida sem o
pecado original de modo que ela teve uma morte natural, e, antes que seu corpo
voltasse ao nada, ela foi ressuscitada pelo Senhor Deus, pelo Pai, em unidade
com o Espírito Santo. Como criatura ela antecede a todo o gênero humano, com a
ressurreição dos mortos, pois as coisas ocorridas nela logo após a sua morte
serão dadas para todas as pessoas no final da história. É muito importante
analisar a forma como os santos padres, os primeiros escritores cristãos
elaboraram uma doutrina a respeito de Maria, a mãe do Filho de Deus.
Um
corpo livre do pecado
O Papa Pio XII, na proclamação
do dogma da Assunção de Nossa Senhora, primeiro de Novembro de 1950, citou um
dos santos padres para fundamentar a verdade de fé, São João Damasceno, padre
escritor dos séculos VII e VIII, afirmou que era conveniente que aquela que
tinha guardado ilesa a virgindade no parto, conservasse seu corpo, após a sua
morte, livre de toda a corrupção. Era conveniente que aquela que trouxera no
seio o Criador como Verbo de Deus encarnado, morasse nos tabernáculos divinos.
Era também conveniente que a Mãe de Deus possuísse o que pertence ao Filho e
fosse venerada por toda a criatura como mãe e serva de Deus[1].
Maria como a
pessoa que fez a vontade do Pai e era a bem-aventurada
Santo Agostinho, bispo de
Hipona, séculos IV e V especificou o motivo pelo qual Maria chamar-se bem
aventurada, ao interpretar a passagem bíblica onde os seus discípulos, que
estavam com Jesus disseram que sua mãe, os seus irmãos estavam lá, fora, perto
dele de modo que o Senhor afirmou quem eram a sua mãe, os seus irmãos?! E
estendendo a mão, Jesus disse que quem faz a vontade do seu Pai que está nos
céus, era seu irmão, irmã, e mãe (Mt 12,46-50). Maria estava dentro desta
palavra de salvação, porque ela fez a vontade do Pai[2].
Santo Agostinho ainda falou do
elogio que o Senhor recebeu de uma mulher que disse ser bem-aventurada o ventre
que o gerou e os seios que o amamentaram. Jesus afirmou que antes seriam
bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a observam (Lc 11,27-28).
Jesus teve presente a sua mãe sendo bem-aventurada porque ela observou a
Palavra de Deus, proveniente do Verbo do Senhor por meio do qual foi criada e
nela fez-se carne[3].
Jesus, a forma
de servo
Santo Agostinho ainda disse
que a Virgem Maria concebeu e deu à luz um filho, por causa da forma
manifestada de servo, pois um menino nasceu para a humanidade (Is 9,6). Mas
pelo fato de que o Verbo de Deus, que permanece para sempre (Is 40,8) fez-se
carne para habitar entre as pessoas (Jo 1,14) por causa da forma de Deus, que
está escondida, a humanidade chamou o Senhor de Emanuel, Deus conosco (Mt 1,23;
Is 7,14). Fez-se homem, permanecendo Deus, para que o Filho do Homem pudesse
também se chamar Deus com a humanidade. Exulte, portanto o mundo porque veio a
ele aquele que o criou. O Criador de Maria nasceu de Maria, o Salvador da
humanidade[4].
Cristo nasceu do
Pai e de Maria
O bispo de Hipona também teve
presentes as duas gerações, uma eterna e outra temporal na única Pessoa do
Senhor. Jesus Cristo nasceu de Deus Pai, sendo Deus como Ele, homem pela mãe,
Maria; da imortalidade do Pai, da virgindade da mãe, do Pai sem o tempo,
eterna, da mãe no tempo sem a participação humana; do Pai como princípio de
vida, da mãe para colocar fim à morte[5].O
nascimento humano e divino de Jesus
São Cirilo, bispo de
Alexandria, século V disse que o nascimento de Jesus na humanidade estava unido
ao seu ser humano e em conjunto com Deus. O Verbo mesmo encarnando-se na
bem-aventurada Virgem, fez dela o próprio templo, porque aquele que saiu de
Maria era do ponto de vista exterior, ser humano, mas, era intimamente
verdadeiro Deus. O bispo continuou dizendo que aquela que foi considerada como
bem-aventurada, por isso foi com razão chamada Mãe de Deus, pois a Virgem Mãe,
Maria, gerou na carne o Filho de Deus, Jesus que nasceu dela[6].
Hino à mãe de
Deus
Rábula de Edessa, bispo na
Síria, século V, compôs um hino à Virgem Maria como mãe de Deus. Ela é santa,
mas Maria é também tesouro maravilhoso e esplêndido, dado a todo o mundo, luz
irradiante do Incompreensível, templo puro do Criador de todas as coisas.
Através dela foi anunciado Aquele que tirou os pecados do mundo e os redimiu.
Fortalece a nossa fé e doa a paz para o mundo inteiro. O bispo teve presente
que os fiéis supliquem à Maria para que a nossa maldade não leve para a ruína e
Maria volta-se ao seu povo, enquanto ela reza ao seu Unigênito, o Filho saído
dela, para que tenha piedade de todos os fiéis, pela sua santa oração[7].
O bispo continuou a sua
súplica em forma de hino à Maria pedindo-lhe que ela intercedesse junto ao seu
Unigênito pelos pecadores que nela buscam refúgio. Todos os flagelos que
atingiram a precedente geração, também afetam as pessoas na vida real. Por isso
os seres humanos querem pela intercessão de Maria junto ao seu Filho, a
misericórdia e o Senhor tenha piedade de todos os pecadores e as pecadoras[8].
A assunção de
Maria, Mãe de Deus
São João Damasceno, monge,
sacerdote, de Damasco, na Síria, séculos VII e VIII, disse que Maria foi
submetida às leis da natureza através da morte, o seu corpo imaculado, mas ela
recebeu a graça da incorruptibilidade (1 Cor 15,53). O Criador do universo
acolheu com as mesmas mãos a alma santa na qual o Deus encarnado encontrou
nela, a sua habitação. O Senhor concedeu a honra àquela que pela sua natureza
humana, Ele a escolheu na sua infinita bondade para com os seres humanos, como
mãe, segundo o plano da salvação, encarnando-se e aceitando a convivência
humana. Ela teve uma morte maravilhosa, do momento que ela foi acolhida por
Deus. Ela teve a morte natural, mas não permaneceu na morte e o seu corpo não
se dissolveu na corrupção. O seu corpo foi preservado, mudando-se nela em
tabernáculo grandioso e divino, livre da morte e destinado a durar pela
eternidade junto com Deus. Após a sua morte ela teve a graça da assunção por
parte de Deus, de seu Filho, na real habitação celeste, divina[9]
A presença de Maria leva as
pessoas até Deus, ao seu Filho no Espírito Santo. Maria nunca está sozinha
porque ela carrega nos braços o seu Filho Jesus Cristo. Nós vivamos bem com a
presença de Maria para que a nossa vida esteja ligada a Deus, ao próximo como a
nós mesmos. Maria interceda por nós junto a Deus e pela paz no mundo.
______________
[1] Cfr. Da Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, do
Papa Pio XII. (AAS 42 [1950] 760-762. 767-769). In: Liturgia das
Horas, Ofício das Leituras. São Paulo, Edições Paulinas, 1987, pg.
1515.
[2] Cfr. Agostino. Commento al Vangelo di san Giovanni, 10,3.
In: La teologia dei padri, v. 2. Roma, Città Nuova
Editrice, 1982, pg. 161.
[3] Cfr. Idem, pg. 161.
[4] Cfr. Santo Agostino d`Ippona. La Vergine Maria, 22. Pagine
scelte a cura di Michele Pellegrino. Milano, Edizioni Paoline, 1993, pg.
67.
[5] Cfr. Idem, 28, pg. 73.
[6] Cfr. Cirillo di Alessandria. Contro coloro che non
riconoscono che Maria è la Madre di Dio, 4. In: Idem, pg.
161.
[7] Cfr. Rabbula di Edessa. Inni liturgici, 1-5. In: Idem,
pg. 163.
[8] Cfr. Idem, pg. 163.
[9] Cfr. Giovanni Damasceno. Omelia sul transito di Maria,
1,10-11, 12-13. In: Idem, pgs. 171-172.
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