Assunção de Nossa Senhora (©Pavle - stock.adobe.com) |
A Solenidade da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria,
em corpo e alma ao Céu, é um sinal eloquente do que, não só a "alma",
mas também a "corporeidade" confirmam que "tudo era muito
bom" (Gn 1,31), tanto que, como aconteceu com a Virgem Maria, também a "nossa
carne" será elevada ao céu.
Vatican News
A Solenidade da Assunção da
Bem-aventurada Virgem Maria é celebrada no dia 15 de agosto, desde o século V,
com o significado de "Nascimento para o Céu" ou, segundo a tradição
bizantina, de "Dormição". Em Roma, esta festa era celebrada desde
meados do século VII, mas foi preciso esperar até 1° de novembro de 1950,
quando Pio XII proclamou o Dogma da Assunção de Maria, elevada ao céu em corpo
e alma.
No Credo Apostólico,
professamos a nossa fé na "ressurreição da carne" e na "vida
eterna", fim e sentido último do caminho da vida terrena. Esta promessa de
fé cumpriu-se em Maria, sinal de “consolo e esperança” (Prefácio).
Trata-se de um privilégio de Maria, por ser intimamente ligado ao fato de ser
Mãe de Jesus: visto que a morte e a corrupção do corpo humano são consequências
do pecado, não era oportuno que a Virgem Maria - isenta de pecado - fosse
implicada nesta lei humana. Daí o mistério da sua "Dormição" ou
"Assunção ao céu".
O fato de Maria ter sido
elevada ao céu é motivo de júbilo, alegria e esperança para nós: "Já e
ainda não". Uma criatura de Deus, Maria, já está no Céu e, com ela e como
ela, também nós, criaturas de Deus, estaremos um dia. Portanto, o destino de
Maria, unida ao corpo transfigurado e glorioso de Jesus, será o mesmo destino
de todos os que estão unidos ao Senhor Jesus, na fé e no amor.
É interessante notar que a
liturgia - através dos textos bíblicos, extraídos do livro do Apocalipse e de
Lucas – nos leva não tanto a refletir sobre o canto do Magnificat, mas a rezar.
O Evangelho sugere ler o mistério de Maria à luz da sua oração, o Magnificat:
o amor gratuito, que se estende de geração em geração; a predileção pelos
simples e pobres encontra em Maria o melhor fruto: poderíamos dizer que é a sua
obra-prima, um espelho no qual todo o Povo de Deus pode refletir seus próprios
lineamentos.
A Solenidade da Assunção da
Bem-Aventurada Virgem Maria, em corpo e alma ao Céu, é um sinal eloquente do
que, não só a "alma", mas também a "corporeidade" confirmam
que "tudo era muito bom" (Gn 1,31), tanto que, como
aconteceu com a Virgem Maria, também a "nossa carne" será elevada ao
céu. Isto, porém, não quer dizer que somos isentos do nosso compromisso com a
história; pelo contrário, é precisamente o nosso olhar, voltado para a Meta, o
Céu, a nossa Pátria, que nos dá o impulso para nos comprometermos com a vida
presente, nas pegadas do Magnificat: felizes pela misericórdia de Deus,
atenciosos com todos nossos irmãos e irmãs, que encontramos ao longo
do caminho, começando pelos mais fracos e frágeis.
Proclamação do
Dogma
"Pelo que, depois de
termos dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado a paz do
Espírito de verdade, para glória de Deus onipotente que à virgem Maria concedeu
a sua especial benevolência, para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e
triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória da sua augusta mãe, e
para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus
Cristo, dos bem-aventurados apóstolos s. Pedro e s. Paulo e com a nossa,
pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a
imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida
terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial" (Pio
XII, Munificentissimus Deus, 1º de novembro de 1950).
Evangelho do
dia:
«Naqueles dias, Maria se
levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou em casa de
Zacarias e saudou Isabel. Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança
estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em
alta voz: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.
Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? Pois assim que a voz
de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu
seio. Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da
parte do Senhor te foram ditas!”. E Maria disse:
“Minha alma glorifica ao
Senhor,
meu espírito exulta de alegria
em Deus, meu Salvador,
porque olhou para sua pobre
serva.
Por isso, desde agora, me
proclamarão bem-aventurada
todas as gerações, porque
realizou em mim maravilhas
aquele que é Poderoso e cujo
nome é Santo.
Sua misericórdia se estende,
de geração em geração,
sobre os que o temem.
Manifestou o poder do seu
braço:
desconcertou os corações dos
soberbos.
Derrubou do trono os poderosos
e exaltou os humildes.
Saciou de bens os indigentes
e despediu de mãos vazias os
ricos.
Acolheu a Israel, seu servo,
lembrado da sua misericórdia,
conforme prometera a nossos
pais,
em favor de Abraão e sua
posteridade, para sempre”.
Maria ficou com Isabel cerca
de três meses. Depois voltou para casa» (Lc 1,39-56).
Dar louvor
Hoje, com o seu Magnificat, a
Virgem Maria nos ensina a dar louvor e glória a Deus. Com este convite, por
meio do qual a Virgem Maria é contemplada na glória, ela nos exorta a superar o
nosso modo exagerado de encarar os problemas e dificuldades habituais. Maria é
capaz e, hoje, nos ensina também a olhar a vida de outro ponto de vista: o
nosso coração é bem maior que os nossos pecados; e, se o nosso coração nos
censurar, Deus é maior que o nosso coração! (cf. 1 Jo 3,20). Logo, não
se trata, de uma ilusão, como se não houvesse problemas na vida, mas de
valorizar a beleza e o bem que existe na vida, sabendo dar graças a Deus por
tudo isso! Dessa forma, até os problemas se tornam relativos.
Deus surpreende
Outro aspecto, que merece
destaque neste dia, é o fato de Maria ser virgem e Isabel estéril. Deus é
aquele que vai “além”, que surpreende com a sua ação salvífica providencial.
A Meta
Maria encontra-se na glória de Deus; ela alcançou a Meta,
onde, um dia, todos nos encontraremos. Eis porque, hoje, Maria é sinal de
consolação e esperança, pois, se ela, criatura como nós, conseguiu, também nós
conseguiremos. Mantenhamos nosso olhar e coração fixos naquela Mulher, que
nunca abandonou seu Filho Jesus e, com Ele, agora, goza da alegria e da glória
celeste. Confiemos em Maria! Que ela nos ajude a percorrer o caminho da vida,
reconhecendo as grandes coisas, que Deus faz em nós e em torno de nós, sendo
capazes de engrandecê-Lo com o Canto da nossa existência!
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