Missa no Santuário da Aparecida durante a 59ª Assembleia Geral da CNBB |
Os
bispos brasileiros na sua carta recordam os 200 anos de Independência do Brasil
e as próximas eleições. "Observamos que os contextos da comemoração
histórica e do exercício democrático de direito desenvolvem-se sob clima de
tensão entre os Poderes da República”, escrevem.
Silvonei José – Aparecida – Vatican News
“Querido Papa Francisco, nós, bispos,
manifestamos-lhe proximidade fraterna e apoio no exercício do seu ministério
petrino, serviço exigente e indispensável à unidade e comunhão da Igreja Católica”:
é o que escrevem os bispos brasileiros reunidos na 59ª Assembleia Geral da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida numa carta
enviada nesta terça-feira (30/08) ao Papa Francisco.
Os bispos recordam no texto que a “Assembleia realiza-se
no contexto da celebração dos 70 anos da CNBB e dos 15 anos da Conferência de
Aparecida. Nesse clima, - continua o documento - nos encaminhamos, em espírito
de colegialidade e sinodalidade, para a realização do 18º Congresso Eucarístico
Nacional a realizar-se em novembro próximo, na Arquidiocese de Olinda e Recife,
com o tema “Pão em todas as mesas”. Também se aproxima o III Ano
Vocacional com o tema “Vocação: graça e missão” e o lema “Corações ardentes,
pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33), a ser aberto oficialmente na Solenidade de
Cristo Rei.
“Comunhão, participação e missão” – destacam os
bispos - constituem a inspiração e o critério das duas etapas da 59ª Assembleia
Geral. “Esta inspiração foi enriquecida pela conclusão da fase diocesana do
Sínodo em todas as Igrejas Particulares do Brasil”.
Os membros da CNBB evidenciam que nesta 2ª etapa da
59ª Assembleia, se ocuparam da votação de quatro textos sumamente importantes
para a Conferência Episcopal e para a Igreja no Brasil: 1. a atualização do
Estatuto da CNBB, resultado de três anos de reflexões, escutas e
discernimentos; 2. as traduções das orações eucarísticas do Missal Romano e a
votação final da tradução da 3ª Edição típica; 3. critérios e orientações para
a instituição do Ministério do Catequista e do Rito de Instituição; 4. e o
documento da Animação Bíblica da Vida e da Pastoral da Igreja no Brasil.
Outra questão evidenciada no texto é a pesquisa
“Saúde Integral do Clero”, que busca traçar um diagnóstico do estado da saúde
dos ministros ordenados. Destaca-se que muitos dos problemas de sofrimento
psíquico, cansaço por sobrecarga de atividades, experiências de solidão, estilo
de vida sedentário e pouco saudável, que já existiam de modo latente, foram
agravados com a pandemia de Covid-19.
Uma recordação ainda os 200 anos de Independência
do Brasil (1822 – 2022). Neste contexto, a sociedade brasileira se encaminha
para a eleição dos seus representantes legislativos e executivos, em âmbito
nacional e estadual. “Contudo, - evidenciam os bispos - observamos que os
contextos da comemoração histórica e do exercício democrático de direito
desenvolvem-se sob clima de tensão entre os Poderes da República”.
Na carta a Francisco os prelados destacam que a
Conferência Episcopal tem se esforçado para animar as pessoas e as organizações
da sociedade civil, através do Pacto pela Vida e pelo Brasil, dentro da tônica
de amizade e cooperação social, em vista do bem comum, proposta na Carta
Encíclica Fratelli Tutti. “Acreditamos na irrenunciável missão de nos empenharmos
na promoção da pessoa humana à luz da fé cristã”.
Os bispos manifestam então ao Papa Francisco
proximidade fraterna e apoio no exercício do seu ministério petrino, serviço
exigente e indispensável à unidade e comunhão da Igreja Católica. Em que pesem
os desafios, o seu testemunho segue luminoso e fecundo para vida da Igreja.
Uma alegria particular pela nomeação cardinalícia
de Dom Leonardo Ulrich Steiner e Dom Paulo Cézar Costa. Seguimos esperançosos e
animados pela continuidade das visitas Ad Limina.
Asseguramos-lhe as nossas preces junto a Deus,
escrevem os bispos, e com a intercessão de Nossa Senhora Aparecida, “rogamos
bênçãos profusas sobre Vossa Santidade e seu ministério, ao tempo, em que lhe
pedimos que reze sempre por nós e nos confirme no seguimento de Cristo, por sua
proximidade e Bênção Apostólica”.
O texto na íntegra:
Estimado Papa Francisco,
Com nossas saudações e votos de saúde e paz,
servimo-nos do presente para cumprimentá-lo, no contexto da etapa presencial da
59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O
Conselho Permanente da CNBB optou por uma Assembleia em duas partes. A primeira
foi realizada em abril, e aconteceu com participação remota. A segunda está
acontecendo nestes dias, em Aparecida – SP, com presença física, conforme o
Senhor nos permitiu.
Nossa Assembleia realiza-se no contexto da
celebração dos 70 anos da CNBB e dos 15 anos da Conferência de Aparecida. Nesse
clima, nos encaminhamos, em espírito de colegialidade e sinodalidade, para a
realização do 18º Congresso Eucarístico Nacional a realizar-se em novembro
próximo, na Arquidiocese de Olinda e Recife, com o tema “Pão em todas as
mesas”. Também se aproxima o III Ano Vocacional com o tema “Vocação:
graça e missão” e o lema “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33),
a ser aberto oficialmente na Solenidade de Cristo Rei.
“Comunhão, participação e missão” constituem a
inspiração e o critério das duas etapas da 59ª Assembleia Geral. Esta
inspiração foi enriquecida pela conclusão da fase diocesana do Sínodo em todas
as Igrejas Particulares do Brasil o que nos proporcionou a oportunidade de
conhecer um retrato da escuta sinodal realizada nas comunidades eclesiais de
todo o nosso País.
Nesta 2ª etapa da 59ª Assembleia, nos ocupamos da
votação de quatro textos sumamente importantes para a Conferência Episcopal e
para a Igreja no Brasil: 1. a atualização do Estatuto da CNBB, resultado de
três anos de reflexões, escutas e discernimentos; 2. as traduções das orações
eucarísticas do Missal Romano e a votação final da tradução da 3ª Edição
típica; 3. critérios e orientações para a instituição do Ministério do
Catequista e do Rito de Instituição; 4. e o documento da Animação Bíblica da
Vida e da Pastoral da Igreja no Brasil.
Abordamos também, nestes dias, a pesquisa “Saúde
Integral do Clero”, que busca traçar um diagnóstico do estado da saúde dos
ministros ordenados. Observamos que muitos dos problemas de sofrimento
psíquico, cansaço por sobrecarga de atividades, experiências de solidão, estilo
de vida sedentário e pouco saudável, que já existiam de modo latente, foram
agravados com a pandemia de Covid-19. Desejamos com esta pesquisa encontrar
caminhos de acompanhamento pastoral dos ministros ordenados, no horizonte da
melhora da nossa qualidade de vida e de ministério.
O Brasil neste ano comemora 200 anos da sua
Independência (1822 – 2022). Neste contexto, a sociedade brasileira se
encaminha para a eleição dos seus representantes legislativos e executivos, em
âmbito nacional e estadual. Contudo, observamos que os contextos da comemoração
histórica e do exercício democrático de direito desenvolvem-se sob clima de
tensão entre os Poderes da República.
A Conferência Episcopal tem se esforçado para
animar as pessoas e as organizações da sociedade civil, através do Pacto pela
Vida e pelo Brasil, dentro da tônica de amizade e cooperação social, em vista
do bem comum, proposta na Carta Encíclica Fratelli Tutti. Acreditamos na
irrenunciável missão de nos empenharmos na promoção da pessoa humana à luz da
fé cristã. Nesta tarefa, em que reconhecemos a essência do humanismo solidário
cristão.
Querido Papa Francisco, nós, bispos,
manifestamos-lhe proximidade fraterna e apoio no exercício do seu ministério
petrino, serviço exigente e indispensável à unidade e comunhão da Igreja
Católica. Em que pesem os desafios, o seu testemunho segue luminoso e fecundo
para vida da Igreja.
Estamos também em comunhão com o consistório que
ora se realiza. Alegramo-nos, de modo particular, pela nomeação cardinalícia de
Dom Leonardo Ulrich Steiner e Dom Paulo Cézar Costa. Seguimos esperançosos e
animados pela continuidade das visitas Ad Limina.
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