Cardeal Sergio da Rocha, arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil - foto arquivo |
Um
encontro para refletir sobre a última Constituição Apostólica do Papa
Francisco: Praedicate Evangelium. Esse é o propósito do encontro que nos dias
29 e 30 de agosto, na Sala do Sínodo, reúne todos os cardeais da Igreja, também
os eméritos.
Padre Modino - CELAM
Um dos presentes no encontro no Vaticano, que reúne
todos os cardeais da Igreja, também os eméritos é o arcebispo de Salvador de
Bahia, Dom Sérgio da Rocha, que vê esse momento como “muito especial, de
vivência da colegialidade entre nós bispos, mas muito atentos, muito em
sintonia com a missão da Igreja no mundo inteiro”. O Primaz do Brasil lembra
que “o Papa Francisco tem falado muito em sinodalidade e naturalmente em
colegialidade episcopal”, destacando que é um momento “de vivência da própria sinodalidade
entre os cardeais, que somos os primeiros a estar em sintonia com o Papa
Francisco e a valorizar sempre mais essa proposta do caminhar juntos nas várias
instâncias da própria Igreja”.
O cardeal da Rocha reconhece que “sempre se espera
por reformas ou por iniciativas que expressem mudanças de ordem prática, mas
acima de tudo é necessário acolher o Espírito da própria constituição, da
própria proposta para a Cúria Romana, que é justamente de comunhão, de serviço
e missão”. Ele insiste na necessária “vivência da comunhão, vivência da missão
numa atitude permanente de serviço, de Igreja servidora e solidária”. Nesse
sentido, dom Sergio afirma que isso tem que ser assumido pela Cúria Romana “em
seu dia a dia e nas suas estruturas, aquilo que se quer para toda a Igreja, que
nós sejamos mesmo uma Igreja que promova sempre mais, vivencie sempre mais a
comunhão, essa dimensão do serviço, os que estão atuando na Cúria Romana são
servidores e hoje servidoras da Igreja, e é claro, em vista da missão da Igreja”.
O arcebispo de Salvador não hesita em dizer que
“essa dimensão de serviço, de missão, são fundamentais para a Cúria Romana,
assim como para o conjunto da Igreja”. Estamos diante de um convite do Papa,
também para a Cúria, que “quer incluir nessa perspectiva sinodal o conjunto da
Igreja”. O propósito do Papa, segundo o Primaz do Brasil, é “tornar a Cúria
Romana sempre mais participativa em relação à diversidade, à pluralidade da
Igreja no mundo”. Ele destaca a importância de “que a Cúria conte cada mais com
a diversidade de vocações e ministérios, mas também com a diversidade regional,
a pluralidade de expressões da Igreja no mundo, já que nós temos tido um
esforço muito bonito do Papa em trazer para a Cúria Romana, representantes da
Igreja nos vários continentes”.
Dom Sérgio da Rocha insiste em que “a catolicidade
da Igreja, na sua essência mais genuína, exige esta pluralidade da Igreja na
sua atuação”. Ele diz que “aqueles que atuam na Cúria, podem expressar bem
melhor e cumprir bem melhor a realidade pluriforma da própria missão da Igreja
no mundo, sempre buscando aquilo que é essencial, aquilo que nos une como
Igreja. Mas sem dúvida que essa representação contando sobretudo hoje com a
presença de mulheres, é fundamental”.
O purpurado coloca como exemplo o Dicastério para
os Bispos, do qual faz parte, mostrando sua alegria e felicitando o Papa
Francisco “pela escolha de mulheres para integrar o próprio dicastério”, algo
que considera de grande relevância, diante desta “tarefa muito exigente que é a
do Dicastério dos Bispos”.
Uma diversidade que se faz presente no Colégio
Cardinalício, que “ajuda a nós cardeais, porque é muito importante que cada
cardeal tenha também outras perspectivas, conheça ou ouça a respeito de outras
realidades da Igreja no mundo para poder ajudar melhor ao Papa no nosso serviço
à Igreja”, ressalta Dom Sérgio. Ele destaca que “nós cardeais somos servidores
da Igreja, em primeiro lugar ao serviço do próprio Papa, daquilo que o Papa
define como serviço para cada cardeal”.
Essa presença de cardeais das mais diferentes
regiões do mundo, aqueles que muitas vezes chamam de periféricos, de regiões
com uma importância que se considera secundária na geopolítica atual mundial, o
Papa ao fazer isso, diz o Arcebispo de Salvador, “está não só valorizando a
Igreja que está presente no mundo inteiro, nos diferentes contextos
socioculturais, mas também com isso a Igreja local, através de seus cardeais
possa contribuir melhor com o Colégio Cardinalício, mas sobretudo com o Papa,
de quem nós estamos ao serviço”.
Ele
vê como sinal de esperança essa pluralidade de origens dos próprios cardeais,
algo que “tem um significado eclesiológico muito bonito, enquanto expressão da
catolicidade da Igreja, essa pluralidade de origens dos próprios bispos, mas
também tem uma dimensão pastoral, de ordem prática, de que com essa presença
plural a Igreja possa realizar cada vez melhor a sua missão buscando sim a
unidade, mas sempre respeitando a pluralidade dos contextos onde a missão
acontece”.
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