A 43ª edição do Encontro para a amizade entre os Povos abre-se em 20 de agosto na Feira de Rimini | Vatican News |
A mensagem de Francisco foi assinada pelo secretário de
Estado, cardeal Pietro Parolin, para a abertura da 43ª edição do Encontro do
movimento Comunhão e Libertação, em 20 de agosto, intitulada "Uma paixão
pelo ser humano". O texto faz um apelo à comunidade cristã a alimentar a
amizade social não dando "lições da sacada", mas descendo "para
as ruas sustentada por uma esperança confiável".
Gabriella Ceraso/Mariangela
Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco enviou uma
mensagem ao bispo italiano de Rimini, dom Francesco Lambiasi, em vista do 43°
Encontro para a Amizade entre os Povos promovido pelo movimento católico
"Comunhão e Libertação". O evento tem início neste sábado, dia 20, e
prossegue até quinta-feira, 25 de agosto, sobre o tema "Uma paixão pelo
ser humano".
Na mensagem, enviada nesta
sexta-feira (19/08), Francisco recorda que "no centenário de nascimento do
Servo de Deus, pe. Luigi Giussani, os organizadores pretendem lembrar com
gratidão seu zelo apostólico, que o levou a encontrar tantas pessoas e a levar
a cada uma a Boa Nova de Jesus Cristo". Em seu discurso proferido no
encontro de 1985, pe. Giussani disse: "O cristianismo não nasceu para
fundar uma religião, nasceu como uma paixão pelo ser humano. [...] Amor pelo
ser humano, veneração pelo ser humano, ternura pelo ser humano, estima absoluta
pelo ser humano".
Palavra-chave
"paixão"
O Papa centraliza o tema deste
evento "Uma paixão pelo ser humano" na mensagem assinada pelo
secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin. Esse tema se transforma num apelo
aos cristãos hoje: no clima de "todos contra todos" é preciso
redescobrir o caminho da atenção, do amor pelos outros, da proximidade, da
busca pelo bem, como condição para ser plenamente nós mesmos.
Francisco recordou em várias
ocasiões que "a fragilidade dos tempos em que vivemos é acreditar que não
há possibilidade de resgate, de uma mão que te levanta, de um abraço que te
salva, perdoa, te eleva, te inunda de um amor infinito, paciente e indulgente
que te coloca novamente nos trilhos". Este é "também o aspecto mais
doloroso da experiência de muitos que viveram a solidão durante a pandemia ou
que tiveram que abandonar tudo para fugir da violência da guerra".
Como o Bom
Samaritano, como Cristo: amar cada pessoa
A parábola do Bom Samaritano é
hoje mais do que nunca uma palavra-chave, em sintonia com o tema do Encontro de
Rimini, pois nela se encarna a "paixão incondicional por todo irmão e irmã
que se encontra ao longo do caminho", que não é "apenas
generosidade", mas, na descrição do Papa Francisco, é "reconhecer o
próprio Cristo em cada irmão abandonado ou excluído". Quem crê é chamado a
ter o mesmo olhar, a mesma paixão de Cristo, que amou a todos sem exclusão: um
"amor gratuito, sem medida e sem cálculos". Mas, nos perguntamos:
"Tudo isso não poderia parecer uma intenção piedosa, em comparação com o
que vemos acontecer hoje?"
O caminho da
fraternidade não se desenha nas nuvens
Como é possível olhar para
quem está ao nosso redor como um bem a ser respeitado, num mundo que hoje
coloca "todos contra todos" e onde prevalecem "egoísmo e
interesses partidários", com a pandemia e a guerra que nos fez regredir em
relação ao projeto de uma humanidade solidária? Tendo em vista que
"o caminho da fraternidade não é desenhado nas nuvens, mas atravessa os
muitos desertos espirituais presentes em nossas sociedades" e que no
deserto, como disse Bento XVI, "se redescobre o valor do que é essencial
para viver", Francisco indica o caminho: "O nosso compromisso",
lê-se na mensagem, "não consiste exclusivamente em ações ou programas de
promoção e assistência", "não um excesso de ativismo, mas antes de
tudo uma atenção dada ao outro considerando-o como uma única coisa consigo.
Essa atenção do amor é o início de uma verdadeira preocupação com sua
pessoa" e do desejo de buscar seu bem. "Recuperar essa
consciência é decisivo." O outro, o encontro com o outro, segundo o Papa
Francisco, é "a condição para nos tornarmos plenamente nós mesmos e dar
frutos".
A amizade
social, fruto do doar-se aos outros
Doar-se aos outros constitui a
amizade social que o Papa recomenda em sua mensagem: é a fraternidade aberta a
todos, "um abraço que abate os muros e vai ao encontro do outro consciente
de quanto cada pessoa concreta vale, em qualquer situação que se encontre. Um
amor pelo outro pelo que ele é: uma criatura de Deus, feita à sua imagem e
semelhança. Portanto, dotada de uma dignidade intangível, da qual ninguém pode
dispor ou, pior, abusar".
É essa amizade social que, como fiéis, somos convidados a
alimentar com nosso o testemunho. É essa amizade social que o Papa convida os
participantes do encontro a promover. Encurtar as distâncias, inclinar-se para
tocar a carne sofrida de Cristo no povo. "Quanta necessidade os homens e
mulheres do nosso tempo têm de encontrar pessoas que não dão lições da sacada,
mas descem para as ruas a fim de partilhar a fadiga cotidiana da vida,
sustentados por uma esperança confiável!" Esta é a tarefa histórica dos
cristãos. Aos participantes do Encontro Francisco pede que eles compreendam
esse apelo, "continuando a colaborar com toda a Igreja no caminho da
amizade entre os povos, ampliando no mundo a paixão pelo ser humano".
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