Humildade | Catequizar |
HUMILDADE
Dom
Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)
A
Palavra de Deus da liturgia dominical orienta-nos a refletir e rezar a virtude
da humildade. (Eclesiástico 3,19-21.30-31, Salmo 67(68), Hebreus 12,
18-19-22-24, Lucas 14, 1.7-14). O Catecismo da Igreja Católica
define a virtude como “uma disposição habitual e firme para praticar o bem.
Permite à pessoa não somente praticar atos bons, mas dar o melhor de si
mesma. A pessoa virtuosa tende para o bem com todas as suas forças sensíveis e
espirituais; procura o bem e opta por ele em atos concretos. Confere facilidade,
domínio e alegria para se levar uma vida moralmente boa. Homem virtuoso é
aquele que livremente pratica o bem”.
O
que significa a humildade? A palavra humildade evoca sentimentos diversos
e contrastantes. Pode ser sinônimo de servilismo, incapacidade, baixeza,
incompetência. Também significa uma virtude nobre e sábia. Os textos bíblicos
citados orientam a compreensão cristã de humildade. O livro de Eclesiástico
olha a vida humana sob a ótica da sabedoria ensinada a partir das Escrituras e
recomenda vivamente. “Na medida em que fores grande, deverás praticar a
humildade, e assim encontrarás graça diante do Senhor”. Os ensinamentos tem por
denominador o “amor pela humildade”. O texto inicia com apelativo “filho” que
na linguagem sapiencial cria uma relação de familiaridade. A pessoa que possui
a sabedoria pode transmiti-la à pessoa que deseja acolhê-la.
No
Evangelho Lucas encontramos Jesus como um peregrino e um hóspede. Todas os
lugares que visita e é acolhido se tornam oportunidade e vitrine para o seu
magistério. No texto de hoje, o lugar é a refeição na casa do chefe dos
fariseus. Os fariseus, diversas vezes, foram os críticos mais contundentes das
palavras e das ações de Jesus. Mesmo assim, ele não faz dificuldade para
aceitar convites, porque é livre e aberto ao diálogo, não se rege por
preconceitos e nem se fecha diante dos conflitos anteriores. Mesmo naquela
refeição, “eles o observavam”. Mas também Jesus observa o que acontecia,
notando que os convidados disputavam os primeiros lugares. O olhar atento
desencadeia o ensinamento sobre a humildade.
A
parábola que Jesus conta não pretende ensinar etiqueta, nem falar somente para
aquela refeição. Os ensinamentos dele sempre pretendem ter validade eterna e
universal. Por isso, se concentra sempre no essencial das coisas e das
situações, não se preocupa com as coisas marginais e secundárias. Na parábola
acentua que a definição do local onde o convidado ficará sentado é da
responsabilidade de quem convidou e não de quem foi convidado. Quem convidou julga
a importância do convidado e fá-lo sentar-se no lugar adequado. Inicialmente a
parábola passa a impressão de não ter ligação com Deus, mas a conclusão dela
aponta claramente que quem avalia é Deus. “Porque quem se eleva, será humilhado
e quem se humilha, será elevado”. Não cita explicitamente Deus, porém
poder-se-ia ler: “Deus o exaltará”, “Deus o humilhará”.
O
que significa humildade? Na compreensão cristã é preciso ir ao encontro de
Cristo e ver como viveu e explicou a humildade. Ela tem a haver com Deus como
causa exemplar e origem. Deus é aquele que em Cristo presta tanta atenção ao
homem, ao ponto de estar disposto a dar tudo. Jesus está pronto a morrer por
todos os homens. Humildade tornar-se assim uma virtude divina antes de ser
humana. Por isso Jesus pode dizer: “Aprendei de mim, porque sou manso e humilde
de coração” (Mt 11,29).
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