XXII Domingo Tempo Comum | Ordem do Carmo pt |
XXII Domingo do Tempo Comum
Palavra do Pastor
Dom Paulo Cezar Costa
Arcebispo de Brasília
Servidores humildes
e abnegados
A
Palavra de Deus deste vigésimo segundo domingo (Lc 14, 1. 7-14) coloca diante
de nós a humildade como virtude essencial do discípulo de Cristo. Jesus conta
uma parábola para indicar este caminho para os discípulos. Ele estava na casa
de um chefe dos fariseus e foi comer em sua casa. Jesus percebe a atitude dos
convidados: a busca dos primeiros lugares, o ir sentar-se nos primeiros
lugares. A partir daquela situação, Jesus mostra que a dinâmica do Reino de
Deus exige uma atitude diferente, a humildade, o ir sentar-se nos últimos
lugares. A imagem da festa de casamento relembra a Aliança de Deus com os
homens, e, com a humanidade, relembra a nossa identidade de comensais do Reino
de Deus, de discípulos de Jesus Cristo. Nessa festa de casamento, é preciso buscar
os últimos lugares, ter uma atitude de humildade. E o próprio Jesus ensina:
“Por que quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado” (Lc 14,
11).
A exortação à humildade é bastante frequente na
Palavra de Deus, principalmente no novo Testamento. No antigo Testamento,
o texto do Eclesiástico fez todo um elogio à humildade: “Na medida em que fores
grande, deverás praticar a humildade, e, assim, encontrarás graça diante do
Senhor. Muitos são altaneiros e ilustres, mas é aos humildes que Ele revela
seus mistérios” (Eclo 3, 20). A humildade é o meio para se encontrar graças
diante dos olhos de Deus: é aos humildes que Deus revela os Seus mistérios.
Maria canta, no Magnificat, que Deus olhou a humildade de sua serva. Papa
Francisco diz que a humildade é o DNA de Deus. Deus ama a humildade, Deus gosta
dos humildes. Humildade vem de húmus, terra e é nela que o homem encontra
a sua real condição: feito do pó da terra, frágil, efêmero, contingente.
A segunda parte do Evangelho coloca diante de nós o
cuidado para com os pobres, os necessitados, os últimos da vida da sociedade
(Lc 14, 12 – 14). É o cristão e a comunidade de fé que não podem ignorar, mas
devem assistir os pobres, os excluídos. Com as expressões: pobres, aleijados,
coxos, cegos, o Evangelho quer individuar os pobres, os excluídos. Essas
categorias e outras, na sociedade do tempo de Jesus, eram desassistidas,
excluídas.
O Evangelho quer relembrar a nós, hoje, o
imperativo de assistir aos pobres e aos excluídos. O grande perigo da nossa
caminhada de fé é nos tornarmos cristãos burgueses. Falamos de pobre,
dizemo-nos comprometidos com os pobres, mas quando nos encontramos com os
pobres, com os necessitados, viramos a cara, trocamos de calçada para não os
encontrar, fechamos o vidro do carro para não os tocar. Há muita gente falando
dos pobres, mas, comprometendo-se com eles, são poucos. Há muitos cristãos e
muita gente na sociedade com uma atitude burguesa diante dos pobres, muitas
palavras, mas nenhuma ação. Usando uma expressão do Papa Francisco, o
desafio permanece sendo este: o de “tocarmos a carne sofredora de Cristo nos
pobres, nos necessitados”. Quando nos dedicamos àqueles que não nos podem
retribuir, esperamos a recompensa somente de Deus, na eternidade (Mt 25, 31 –
46).
Que esta Palavra de Deus nos ajude à conversão, a
sermos servidores humildes e abnegados de Jesus Cristo e do seu Evangelho.
Fonte: https://arqbrasilia.com.br/
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