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BISPOS REUNIDOS NA 59ª ASSEMBLEIA GERAL DA CNBB
DIVULGARAM A “MENSAGEM DA CNBB AO POVO BRASILEIRO SOBRE O MOMENTO ATUAL”
Os 292 bispos católicos do Brasil reunidos na 59ª Assembleia Geral da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) desde o último domingo, 28 de
agosto, divulgaram na manhã desta sexta-feira, 2 de setembro, “a mensagem da
CNBB ao povo brasileiro sobre o momento atual”.
Reunidos, em colegialidade e comunhão, os bispos católicos se dirigem na mensagem aos homens e mulheres de boa vontade. “Nossas alegrias e esperanças, tristezas e angústias (cf. Gaudium et Spes, 1) são as mesmas de cada brasileira e brasileiro. Com esta mensagem, queremos falar ao coração de todos”, escreveram.
Na mensagem, os bispos afirmam que “nossa fé comporta exigências éticas
que se traduzem em compaixão e solidariedade concretas. O compromisso com a
promoção, o cuidado e a defesa da vida, desde a concepção até o seu término
natural, bem como, da família, da ecologia integral e do estado democrático de
direito está intrinsicamente vinculado à nossa missão apostólica. “Todas as
vezes que esses compromissos têm sido abalados, não nos furtamos em levantar
nossa voz”, afirmaram.
Brasil: país envolto em crise complexa e sistêmica
Os pastores reconhecem o tempo difícil pelo qual o povo brasileiro e o
país atravessam. “Nosso País está envolto numa complexa e sistêmica crise, que
escancara a desigualdade estrutural, historicamente enraizada na sociedade
brasileira. Constatamos os alarmantes descuidos com a Terra, a violência
latente, explícita e crescente, potencializada pela flexibilização da posse e
porte de armas que ameaçam o convívio humano harmonioso e pacífico na
sociedade. Entre outros aspectos destes tempos estão o desemprego e a falta de
acesso à educação de qualidade para todos”, pontuaram.
A fome, para os bispos do Brasil, é certamente o mais cruel e criminoso
deles, “pois a alimentação é um direito inalienável’ (cf. Papa Francisco,
Fratelli Tutti, 189). A mensagem reforça os dados do relatório da Organização
das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, 2022), que aponta
que a quantidade de brasileiras e brasileiros que enfrentam algum tipo de
insegurança alimentar ultrapassou a marca de 60 milhões.
Além destes problemas, no documento os bispos fazem uma contundente
defesa da democracia brasileira: “Como se não bastassem todos os desafios
estruturais e conjunturais a serem enfrentados, urge reafirmar o óbvio: Nossa
jovem democracia precisa ser protegida, por meio de amplo pacto nacional. Isso
não significa somente ‘um respeito formal de regras, mas é o fruto da convicta
aceitação dos valores que inspiram os procedimentos democráticos […] se não há
um consenso sobre tais valores, se perde o significado da democracia e se
compromete a sua estabilidade’” – (Compêndio da Doutrina Social da Igreja,
407).
Os bispos reforçaram ainda a preocupação com a manipulação religiosa e a
disseminação de fake News que têm o poder de desestruturar a harmonia entre
pessoas, povos e culturas, colocando em risco a democracia. “A manipulação
religiosa, protagonizada por políticos e religiosos, desvirtua os valores do
Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e
enfrentados em nosso Brasil. É fundamental um compromisso autêntico com o
Evangelho e com a verdade”, afirmaram.
O documento afirma que as tentativas de ruptura da ordem institucional,
veladas ou explícitas, buscam colocar em xeque a lisura desse processo, bem
como, a conquista irrevogável do voto. “Pelo seu exercício responsável e
consciente, a população tem a capacidade de refazer caminhos, corrigir
equívocos e reafirmar valores. Reiteramos nosso apoio incondicional às
instituições da República, responsáveis pela legitimação do processo e dos resultados
das eleições”.
Na mensagem, os bispos conclamam, mais uma vez, toda a sociedade
brasileira a participar ativa e pacificamente das eleições, escolhendo
candidatos e candidatas, para o executivo (presidente e governadores) e o
legislativo (senadores e deputados federais, estaduais e distritais), que
representem projetos comprometidos com o bem comum, a justiça social, a defesa
integral da vida, da família e da Casa Comum.
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