Audiência do Papa Francisco na Sala Paulo VI, 17/09/2022 (AFP) |
O
Papa recebeu este sábado, dia 17, cerca de 1500 peregrinos das dioceses
italianas de Alessandria e Spoleto-Núrcia falando sobre a importância da
Eucaristia na vida cristã: é necessária uma conversão pastoral e missionária,
que não pode deixar as coisas como estão. Em particular aos fiéis da diocese
piemontesa, Francisco recomendou que o atual caminho sinodal faça crescer a
comunhão fraterna, aos jovens da Confirmação da diocese da Úmbria para serem
testemunhas de Jesus na vida cotidiana.
Manuel Tavares/Raimundo de Lima - Vatican News
O Santo Padre recebeu, na manhã deste sábado
(17/9), na Sala Paulo VI, no Vaticano, cerca de 1500 peregrinos das dioceses de
Alessandria e Spoleto-Núrcia, norte da Itália.
Em seu discurso, o Papa dirigiu-se, primeiro, aos
peregrinos de Alessandria, que vieram a Roma por ocasião do 450º aniversário da
morte de São Pio V, o único Papa piemontês, nascido em Bosco Marengo, atual
território da Diocese de Alessandria.
Pio V, um reformador da Igreja
Falando sobre Pio V, o Papa disse que ele
“enfrentou muitos desafios pastorais e governamentais, em apenas seis anos de
Pontificado: foi um reformador da Igreja, que fez escolhas corajosas. Desde
então, o estilo de governo da Igreja mudou e seria um erro anacrônico avaliar
algumas de suas obras com a mentalidade de hoje. Da mesma forma, devemos cuidar
para não reduzir este Pontífice a uma memória nostálgica ou embalsamada, mas a
colher seus ensinamentos e testemunho. Assim, podemos notar que o núcleo
central de toda a sua vida foi a fé”. Aqui, Francisco fez umas considerações de
como encarnar, hoje, os ensinamentos de São Pio V:
“Em primeiro lugar, convidam-nos a ir à busca da
verdade. Jesus é a Verdade, não só no sentido universal, mas também comunitário
e pessoal. Seu desafio é ir, hoje, à busca da verdade na vida cotidiana da
Igreja e das comunidades cristãs. Esta busca, porém, pode ser feita apenas
mediante o discernimento pessoal e comunitário, a partir da Palavra de Deus”.
Esta busca, através do discernimento, explicou
ainda o Papa, leva a comunidade a crescer com um conhecimento cada vez mais
íntimo de Jesus Cristo. Desta forma, o Senhor da Verdade torna-se fundamento da
vida comunitária, entrelaçado por laços de amor. O amor expressa-se por meio de
ações de partilha, da dimensão física à espiritual, que dão visibilidade ao
segredo que carregamos em nossos "vasos de argila".
Reforma litúrgica e Concílio Vaticano
II
São Pio V, disse Francisco, sempre trabalhou para a
reforma da Liturgia da Igreja. Após quatro séculos, o Concílio Vaticano II fez
uma nova reforma, para melhor atender às necessidades do mundo de hoje. Nos
últimos anos, acrescentou o Papa, falou-se muito sobre a Liturgia, sobretudo,
de suas formas externas. Mas, o maior esforço deve ser feito para que a
celebração Eucarística se torne, efetivamente, fonte da vida comunitária. De
fato, afirmou: “A Palavra de Deus, ganha mais vitalidade, em particular, na
celebração da Santa Missa, tanto mediante a Palavra como a Eucaristia, onde, de
certa forma, tocamos a carne de Cristo”. Aqui, Francisco falou sobre o sentido
da Liturgia:
“Diante das encruzilhadas do caminho das
comunidades, bem como das cruzes de nossa vida pessoal, a Liturgia nos insere
no sacerdócio de Cristo, dando-nos uma modalidade nova... No fim da Liturgia,
após ter tocado a Carne eucarística de Cristo, a comunidade evangelizadora é
enviada. Através de suas obras e gestos, insere-se na vida dos outros, encurta
a distância, passa por eventuais humilhações e assume a vida humana, tocando a
carne sofredora de Cristo no povo".
Enfim, Francisco recordou que São Pio V recomendava
a oração, sobretudo a reza do terço, pois, “os primeiros passos da Igreja no
mundo foram marcados pela oração, pela imagem de uma Igreja a caminho e
atuante, que encontra na oração a base e o impulso para sua ação missionária.
Logo, a Igreja primitiva orientou seu caminho eclesial no ensinamento dos
Apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações”.
Caminho sinodal
Ao término do seu discurso, o Papa convido os fiéis
de Alessandria “a caminhar juntos na renovação pastoral da sua Diocese, que
está prestes a dar início à constituição das Unidades Pastorais, no âmbito do
caminho sinodal”.
A seguir, o Santo Padre passou a cumprimentar os
jovens da Diocese de Spoleto-Núrcia, que receberam o sacramento da Confirmação,
que representam a nova geração e as tantas flores que estão desabrochando, mas,
de modo especial, os jovens discípulos de Jesus!
Falando sobre o Sacramento da Confirmação, o Papa
fez uma pergunta: “Quem se lembra do dia do seu Batismo?” É importante saber
isso, porque o Sacramento da Confirmação confirma o nosso Batismo:
“A vida cristã é uma casa que deve ser
construída sobre os fundamentos do Batismo. Sempre, durante toda a nossa
existência. Seu fundamento é o Batismo. Por isso, é importante lembrar e
comemorar o dia em que fomos batizados”.
Pedras vivas na construção da
comunidade cristã
Aqui, Francisco referiu-se às regiões abaladas pelo
terremoto, das quais provêm os fiéis e jovens de Spoleto-Núrcia, que sabem a
diferença entre uma casa sólida e uma frágil, que desmorona. Eles levaram ao
Papa uma pedra da antiga Abadia de Santo Eutizio de Ferento, como símbolo da
sua reconstrução.
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