Oportunismo | Dício |
OPORTUNISMO ELEITOREIRO
Dom
Antonio de Assis Ribeiro
Bispo de Belém (PA)
Neste
tempo de campanha eleitoral, como todos os anos, fomos tocados pelo festival
das eleições: discursos inflamados, propostas mirabolantes, confusão de competências;
vimos candidatos se passando por amiguinhos do povo nas periferias
cumprimentando, abraçando, ouvindo e comendo com os pobres; muitos ilustres
desconhecidos e sujeitos sem história de luta social!
A
calmaria vai voltar, os clamores continuarão e milhares de abanadores de
bandeiras permanecerão desempregados. Continuaremos com a carência de pessoas
generosas, críticas e comprometidas com a promoção de um mundo melhor no dia a
dia. O oportunismo eleitoreiro deve ser objeto da nossa reflexão e nos levar
com criticidade a aprofundar qual perfil de servidores na categoria de
políticos queremos para o Brasil. O que está por detrás de tantos interesses em
se eleger? Por que tanta agressividade? Por que sempre o concorrente não
presta? Por que um sujeito, partido ou instituição, gastam tanto para eleger
seu candidato? Qual será a estratégia do pagamento das dívidas? Será que todo
esse esforço, para todos, é sinal de compromisso com o Bem
Comum? São questões importantes! O Brasil precisa de políticas
institucionais de longo alcance, permanentes, universais, interdependentes. Por
isso, não pode ficar à deriva das políticas de governos e nem de
aventureiros.
Certa
vez, houve uma discussão entre os discípulos de Jesus e o objeto da
questão
era
sobre quem deles era o maior (cf. Lc 9,46-49). Isso significava o desejo de um
fazer prevalecer sobre os outros seus próprios interesses, fantasias,
pretensões, vontade… Essa disputa entre os discípulos acusava a busca de glória
pessoal, sinal de tentação da vaidade. Dela vem sutis formas de violências
sobre os outros! A vaidade nunca serve, só se serve! E assim é a vida do
vaidoso em qualquer contexto.
Na
intervenção de Jesus, os discípulos foram chamados a uma radical mudança de
preocupação e mentalidade. Quem quer ser prestigiado, reconhecido como grande,
deverá cultivar a atitude de gratuidade, simplicidade, serviço! Nisso ninguém
deve se impor nem comprar ninguém! Também isso serve para a política. Quem quer
ser notado deve aprender a servir gratuitamente, com generosidade,
transparência, ser capaz de compromisso cotidiano com o exercício da
filantropia, caridade, responsabilidade social. São Paulo nos adverte para não
nos deixarmos levar pela mania de grandeza (cf. Rm 12,16). Jesus esclarece que
o sadio desejo de grandeza deve ser consequência do testemunho da fé, da
gratuidade, do amor (cf. Mt 5,12).
Quem
busca glória e status, buscará atrair sobre si benefícios, aplausos, riquezas e
muitas formas de compensação. Por isso, seu serviço será seletivo e voltado
para seus interesses e aqueles da sua categoria, porque lhe falta a compreensão
das exigências do Bem Comum, da justiça social e do desenvolvimento humano
integral.
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