Editora Cléofas |
Os enganos da avareza
Certa vez o Papa João Paulo II disse que o pecado
original tirou os nossos olhos de Deus e os voltou para as criaturas. Isto é,
deixamos de buscar em Deus toda a nossa felicidade para busca-la nas criaturas.
Mas, essas, porque estão abaixo de nós, não podem satisfazer a nossa sede de
felicidade; somente Aquele que está acima de nós.
Toda a luta espiritual consiste nisso: voltar os olhos para Deus. Santo
Agostinho dizia: “Não andes averiguando quanto tens, mas o que tu és”. Esse é o
caminho de começo da volta. Temos a experiência de que nada é suficiente para
quem não põe limite em seus caprichos. Quanto mais temos mais queremos; a sede
é insaciável. Quem não se controla diante daquilo que é lícito, acaba
sucumbindo naquilo que é ilícito.
Um velho professor nos dizia que ser rico não é ter muito, mas precisar
de pouco. Se aprendemos a nos contentar com aquilo que é suficiente para
vivermos, veremos que de pouco necessitamos. Santo Agostinho disse que o rico
enche a bolsa de moedas e a alma de preocupações. Ele dizia que o homem fica
acabrunhado sob o fardo da avareza; transpira ao peso de sua carga, arfa e
padece fome. Trabalha como louco para afinal, tornar seu fardo mais pesado.
Por outro lado, não devemos abraçar a pobreza por amor à pobreza; pois
isso é miséria. Devemos abraçar a pobreza por amor de nossa liberdade. Tudo que
excede o necessário oprime e não eleva, pesa e não honra.
Santa Catarina disse no “Diálogo” que o cristão que possui bens, deve
fazê-lo na humildade, sem orgulho, como coisa emprestada, não própria. Deus nos
dá os bens para o uso. Não é pecado ter bens. Todas as coisas são boas e foram
feitas por Deus para a utilidade dos homens. O errado e que faz sofrer é o
apego.
O grande Doutor São Bernardo, ensina que “o avarento está sempre faminto
como um mendigo, nunca chega a ficar satisfeito com os bens que deseja. O
pobre, como senhor de tudo, os despreza, pois não deseja nada”.
De fato, não é fácil viver de acordo com esses pensamentos; mas é o
caminho da volta dos olhos para Deus. Peçamos a sua graça; pois Santo Agostinho
disse que “aquilo que pode parecer impossível à nossa natureza, é possível à
graça de Deus”. Com ela, e disposição, voltaremos os olhos novamente para Deus.
E seremos felizes!
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