Papa Francisco no Cazaquistão | Vatican News |
PAPA FRANCISCO NO CAZAQUISTÃO: EM NOME DE DEUS E PELA HUMANIDADE, NÃO A
ARMAMENTOS, SIM PELA PAZ!
O último compromisso do Papa Francisco no Cazaquistão foi no Palácio da
Independência, em Nursultan, nesta quinta-feira (15), quando foi feita a
leitura da “Declaração Final” de conclusão do VII Congresso de Líderes de
Religiões Mundiais e Tradicionais. Na ocasião, o Pontífice fez o último
discurso da sua viagem apostólica.
Um exemplo de futuro
E começou agradecendo por “caminharem juntos” durante esta visita ao
país, através da riqueza de crenças e culturas da população, “testemunha de
tantos sofrimentos passados”, mas que oferece um exemplo de futuro com “a
multirreligiosidade e multiculturalidade extraordinária”. E tudo
vivido “sob o signo do diálogo, ainda mais precioso neste período tão
difícil sobre o qual grava, para além da pandemia, a loucura insensata da
guerra”, comentou o Pontífice.
“Há demasiados ódios e divisões, demasiada falta de
diálogo e compreensão do outro: isto, no mundo globalizado, é ainda mais
perigoso e escandaloso. Não podemos avançar assim, ora unidos ora separados,
ora interligados ora dilacerados por demasiadas desigualdades. Obrigado, pois,
pelos esforços que visam a paz e a unidade.”
A liberdade religiosa é um direito
concreto
O Papa então lembrou do lema da viagem, Mensageiros de paz
e de unidade: “está no plural, porque o caminho é comum”. Um caminho
comum que tem sido abraçado desde o início da história do Congresso, em 2003,
até a Declaração Final deste ano, que “afirma que o extremismo, o radicalismo,
o terrorismo e qualquer outro incentivo ao ódio, à hostilidade, à violência e à
guerra”, disse o Pontífice, “nada têm a ver com o autêntico espírito religioso
e devem ser rejeitados nos termos mais decididos que for possível; condenados,
sem «se» nem «mas»”. Além disso, acrescentou ele, o respeito mútuo deve ser
essencial, “independentemente da sua pertença religiosa, étnica ou social”:
“Há de ser sempre e em toda parte tutelado quem
deseja exprimir, de modo legítimo, o próprio credo. Contudo, ainda hoje quantas
pessoas são perseguidas e discriminadas pela sua fé! Pedimos veementemente aos
governos e às competentes organizações internacionais que assistam os grupos
religiosos e as comunidades étnicas que sofreram violações dos seus direitos
humanos e liberdades fundamentais, e violências da parte de extremistas e
terroristas, inclusive em consequência de guerras e conflitos militares. É
preciso sobretudo empenhar-se para que a liberdade religiosa seja, não um
conceito abstrato, mas um direito concreto.”
O diálogo inter-religioso é caminho
sem retorno
Por isso a Igreja Católica, disse o Pontífice, “crê também na unidade da
família humana. Crê que «os homens constituem todos uma só comunidade» (Conc.
Ecum. Vat. II, Decl. Nostra aetate, 1)”. Assim, desde o início do
Congresso, a Santa Sé, especialmente através do Dicastério para o Diálogo
Inter-religioso, participou ativamente do evento e vai continuar a fazê-lo:
“O caminho do diálogo inter-religioso é um caminho
comum de paz e para a paz, e, como tal, é necessário e sem retorno. O diálogo
inter-religioso já não é apenas uma oportunidade, mas um serviço urgente e
insubstituível à humanidade, para louvor e glória do Criador de todos.”
Um “caminho comum”, insistiu sempre o Papa em discurso, ao reiterar um
ponto de convergência enaltecido já por João Paulo II quando visitou o
Cazaquistão há 21 anos e tratou do caminho comum do homem e da Igreja:
“Hoje quero afirmar que o homem é também o caminho
de todas as religiões. Sim, o ser humano concreto, debilitado pela pandemia,
prostrado pela guerra, ferido pela indiferença! O homem, criatura frágil e
maravilhosa, que, «sem o Criador, se obscurece» (Conc. Ecum. Vat. II, Const.
past Gaudium et spes, 36) e, sem os outros, não subsiste!”
A paz, a mulher e os jovens
O Papa, assim, deu seguimento ao discurso destacando o espírito que
permeia a Declaração Final do Congresso através de três palavras: paz, mulher e jovens. A
primeira, disse Francisco, além de urgente “é a síntese de tudo, a expressão
dum grito do coração, o sonho e a meta do nosso caminho: a paz!
Beybitşilik, mir, peace!”:
“A Declaração exorta os líderes mundiais a cessarem
em todo o lado conflitos e derramamentos de sangue e a abandonarem retóricas
agressivas e destrutivas. Pedimos-vos, em nome de Deus e para o bem da
humanidade: empenhai-vos pela paz, não pelos armamentos! Só servindo a paz é
que permanecerá grande na história o vosso nome.”
E, se falta a paz, acrescentou o Papa, “é porque falta atenção, ternura
e capacidade de gerar vida”. Dessa forma, a mulher “é caminho
para a paz” e por isso precisa ter a dignidade defendida a condição social
melhorada: “quantas opções de morte seriam evitadas se estivessem precisamente
as mulheres no centro das decisões! Empenhemo-nos para que sejam mais
respeitadas, reconhecidas e envolvidas”.
Finalmente, e na conclusão do discurso, o Papa falou sobre a terceira
palavra: os jovens, que são “os mensageiros
de paz e de unidade de hoje e de amanhã”. Na mão deles,
“coloquemos oportunidades de instrução, não armas de destruição! E
escutemo-los, sem medo de nos deixar interpelar por eles. Sobretudo construamos
um mundo pensando neles!”
Com informações de Andressa Collet - Vatican News
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