Representação da parábola do rico e de Lázaro | Vatican News |
“A
única força capaz de mudar o coração do rico, fechado em si mesmo, é a Palavra
de Deus. Ela tem o poder de abrir os corações!”
Padre Cesar Augusto. SJ - Vatican News
A reflexão sobre a primeira leitura da liturgia
deste domingo nos coloca no interior de uma sociedade onde um grupo, formado
pelos nobres da Samaria (governantes, palacianos, chefes políticos e
latifundiários) desfrutava das conquistas militares do rei Jeroboão.
Nesse ambiente surgiu a fala discordante do Profeta
Amós que dizia estarem enganados os poderosos ao esperarem o Dia de Javé como
um dia de glória. O Dia de Javé será um dia de castigo, culminando com a
destruição da própria Samaria e com o exílio de seus moradores. Ele foi
claríssimo ao dizer: “o bando dos gozadores será desfeito”.
Eis os motivos: enriquecimento à custa do pobre e
“não se preocupar com a ruína do povo”.
Será que também não existem pobres que desejariam
usufruir dessas benesses e sonham em ser como um desses ricos? Pessoas vendem
seu corpo, sua inteligência para poderem conviver nesse mundo de privilegiados.
Deixam-se corromper para isso.
O Evangelho nos apresenta a reflexão de Jesus
diante desse quadro. Ele usa a parábola do rico e de Lázaro para nos dar o seu
recado. O rico, que nem nome possui, é descrito como alguém que se veste com
luxo, usando roupas importadas, se banqueteando diariamente e morando em uma
mansão.
Do lado de fora, um sem-teto, Lázaro. Ele via
entrar os comensais em traje de festa. Sentia vontade de comer, queria matar a
fome, a sede, mas nada lhe era dado. Ao contrário, ainda era incomodado pelos
cães que lambiam suas feridas. Era o excluído!
Contudo, Deus - que optou preferencialmente pelos
pobres - ao permitir a morte dos dois, acolhe Lázaro em sua casa, enquanto o
rico continua em seu fechamento, agora absolutizado pela morte. Neste momento,
o nome Lázaro revela seu significado, Deus ajuda, e de fato Deus o ajudou.
Enquanto o rico, sem nome, fica agora totalmente ignoto, morto, sepultado e
desconhecido!
Dentro da parábola vemos também o resultado, a
consequência da atitude surda, absolutamente insensível do rico. O abismo que
ele criou, excluindo o pobre de toda e qualquer participação nos bens que ele
julgava possuir, volta agora contra ele mesmo. É tão grande que é impossível haver
comunicação entre eles. Pior, a inversão foi drástica. Aquele que sempre esteve
saciado suplica por uma gota d’água e pede que Lázaro faça isso.
Existe nesse trecho do Evangelho algo que muitas
vezes passa despercebido e que não deveria, porque é importante. Quando Abraão
fala com o rico, apesar de se dirigir a uma pessoa, usa o plural – “... nem os
daí poderiam atravessar até nós.” O rico não está só. Outros o antecederam na
ocupação de acumular bens gananciosamente.
Mas o rico faz um segundo pedido a Abraão, que
salve os irmãos dele, para que não tenham a mesma sorte. Para isso ele pede a
ida de Lázaro à casa deles, para que, vendo um morto, se convertam. Abraão diz
ser inútil isso. Para salvá-los, já existe Moisés e os profetas. Veladamente aí
está que nem a ressurreição de Jesus irá salvá-los, caso não se abram ao pobre.
De fato, quantas pessoas batizadas vivem uma existência surda e insensível em
relação aos excluídos! A partilha gera vida, o acúmulo, morte!
Nenhum comentário:
Postar um comentário