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SANTA TERESA DE CALCUTÁ
“A santidade é um dever simples para cada um de
nós”. Esse é um dos ensinamentos de Santa Teresa de Calcutá, a religiosa que
surpreendeu o mundo com o seu amor, humildade, pobreza, carinho e entrega total
pelos doentes e os pobres. Por meio de seu testemunho de acolhimento dos
excluídos, Teresa nos ensinou que a maior pobreza não estava nos subúrbios de
Calcutá, mas nos países ricos, quando faltava o amor nas sociedades e nos
corações dos homens.
Agnes Gonxha Bojaxhiu – seu verdadeiro nome –
nasceu no dia 27 de agosto de 1910 em Skopje, na Albânia, e foi batizada um dia
depois de seu nascimento. Sua vocação para a vida religiosa despertou quando
ela tinha apenas 18 anos. Atendendo ao chamado de Deus, ela ingressou na Casa
Mãe das Irmãs de Nossa Senhora de Loreto, na Irlanda. Depois, foi enviada à
Índia, a fim de iniciar seu noviciado. Sua profissão religiosa ocorreu no dia
24 de maio de 1931, quando adotou o nome Teresa, em homenagem à carmelita
francesa, Teresa de Lisieux, padroeira dos missionários.
No desenvolvimento de sua vocação religiosa, Teresa
serviu como professora em Calcutá por 17 anos, ensinando para as filhas das
famílias mais tradicionais da cidade, mas, quando percorria os bairros pobres e
as ruas, ela se impressionava com o que via: crianças desnutridas, homens,
mulheres e crianças cercados pela miséria, pela fome e por inúmeras
enfermidades.
No dia 10 de setembro de 1946, Teresa vivenciou um
fato singular e determinante em sua história; o “Dia da inspiração”. Naquele
dia de graça e de revelação, em uma viagem de trem ao noviciado do Himalaia,
ela deparou-se com um pobre homem em situação de rua que lhe disse: “Tenho
sede!”. Desde então, ela teve a certeza de sua missão: saciar a sede do amor de
Deus, socorrer os pobres e os marginalizados com a consciência de que “qualquer
ato de amor, por menor que seja, é um trabalho pela paz”.
Após um necessário tempo de discernimento, com o
auxílio do Arcebispo de Calcutá e de sua madre superiora, Teresa deixou o
conforto do Colégio da Congregação para dar início ao trabalho missionário nas
ruas de Calcutá. Sua primeira ação foi reunir um grupo de cinco crianças, num
bairro pobre, aos quais começou a ensinar numa escola improvisada. Dez dias
depois, eram cerca de cinquenta crianças e esse número não parou de crescer nos
anos seguintes.
Esse início foi muito difícil, desafiador e
exigente, mas Deus estava com Teresa, abençoando sua obra. Desse modo, as
vocações começaram a surgir entre as suas antigas alunas do Colégio da
Congregação. Em 1949, ela começou a escrever as constituições das Missionárias
da Caridade e, no dia 7 de outubro de 1950, a congregação fundada pela Madre
Teresa foi aprovada pela Santa Sé, expandindo-se por toda a Índia e, em pouco
tempo, pelo mundo inteiro.
Madre Teresa era uma mulher pequena em estatura,
magra e encurvada, mas grande no testemunho da santidade e na correspondência
ao amor de Jesus Cristo. Para Madre Teresa de Calcutá, “Jesus não era uma
abstração, um conjunto de doutrinas, de dogmas ou a recordação de uma pessoa
que viveu em outros tempos, mas uma pessoa viva, real, alguém a ser visto no
próprio coração, e pelo qual deixar-se olhar”. (Fr. Raniero Cantalamessa,
Pregação na Casa Pontifícia em 2003).
No serviço aos pobres, Teresa de Calcutá defendeu o
valor do matrimônio e da família e condenou inúmeras vezes a prática do aborto.
Quando encontrava mulheres que estavam pensando no aborto, ela dizia: “Se vocês
não querem seus filhos, podem dar para mim que eu os acolherei”.
A saúde debilitada de Madre Teresa não foi
impedimento para que a sua fama de santidade se expandisse pelo mundo. Ela era
reconhecida, admirada e respeitada pelos líderes políticos e religiosos do seu
tempo e, por isso, no ano de 1979, recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Naquele mesmo
ano, o Papa João Paulo II a recebeu em audiência privada e a tornou sua melhor
embaixadora em todas as nações, fóruns e assembleias de todo o mundo.
Após uma vida inteira de amor e doação aos pobres e
abandonados, Madre Teresa foi encontrar-se com o Senhor de sua vida e missão no
dia 5 de setembro de 1997. Sua despedida atraiu e comoveu milhares de pessoas
de todo o mundo durante vários dias. Posteriormente, ela foi beatificada pelo
Papa João Paulo II, no dia 19 de outubro de 2003, no Dia Mundial das Missões.
No dia 04 de setembro de 2016, Teresa de Calcutá
foi canonizada pelo Papa Francisco, dentro da celebração do Jubileu dos
voluntários e operários da misericórdia. Naquele dia, em sua homilia, o Papa
Francisco afirmou: “Madre Teresa inclinou-se sobre as pessoas indefesas,
deixadas moribundas à beira da estrada, reconhecendo a dignidade que Deus lhes
dera. A sua missão nas periferias das cidades e nas periferias existenciais
permanece nos nossos dias como um testemunho eloquente da proximidade de Deus
junto dos mais pobres entre os pobres. Parece-me que, talvez, teremos um pouco
de dificuldade de chamá-la de Santa Teresa: a sua santidade é tão próxima de
nós, tão tenra e fecunda, que espontaneamente continuaremos a chamá-la de Madre
Teresa”.
Santa Teresa de Calcutá, a fundadora das Missionárias
da Caridade, a defensora da vida, da família e dos pobres e modelo de
misericórdia, brilha na constelação do céu da Igreja evidenciando que “não
podemos permitir que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais
feliz”.
Esse dia em que celebramos a Memória Litúrgica de
Santa Teresa de Calcutá é um dia propício para nos questionarmos quem é Jesus
para nós e o que estamos fazendo em prol do Reino de Deus. É também um dia
conveniente para ouvirmos os conselhos de Madre Teresa de Calcutá que nos diz:
“Amem-se uns aos outros, como Jesus ama a cada um de vocês. Não tenho nada que
acrescentar à mensagem que Jesus nos transmitiu. Para poder amar, é preciso ter
um coração puro e é preciso rezar. O fruto da oração é o aprofundamento da fé.
O fruto da fé é o amor. E o fruto do amor é o serviço ao próximo. Isso nos
conduz à paz”. (Entrevista à revista Sem Fronteira em 1997). Santa Teresa de
Calcutá, rogai por nós!
Aloísio Parreiras
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