Dom Carlos José | CNBB Sul 2 |
A FINITUDE DA VIDA TERRENA
Dom
Carlos José de Oliveira
Bispo
da Diocese de Apucarana (PR)
Portanto, santificai-vos, e sede santos, pois eu sou o Senhor vosso
Deus. (Lev 20-7)
‘Senhor, para os que creem em Vós, a vida não é tirada, mas
transformada. E, desfeito nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo
imperecível”. (Prefácio do Missal Romano). Essa oração forte e ao mesmo tempo
consoladora, deve servir-nos como um despertar para uma realidade que desejamos
que demore a acontecer, mas, é a única certeza que temos: nascemos, portanto,
morreremos. Talvez se soubéssemos quando, nos prepararíamos melhor, ou,
deixaríamos para a última hora, ou ainda, esperaríamos pelo adiamento de
fatídico momento. O fato é que Deus, sábio e conhecedor de nossas misérias, não
nos revelou o quando justamente para que nos mantivéssemos vigilantes e
preparados e, ainda assim, nunca o estamos! Pobre de nós. Para além de tudo
isso, graças a Cristo, a morte cristã tem um sentido positivo. Em suas diversas
cartas, o Apóstolo Paulo, com toda sabedoria, declinava aos seus sobre essa
realidade imutável e ao mesmo tempo misteriosa, a vida que seria transformada
pela morte, numa vida nova, em Cristo Jesus. Segundo Paulo, a novidade
essencial da morte cristã consiste em que, pelo Batismo, todo cristão está
sacramentalmente “morto com Cristo” e passa a ter uma vida nova, pois Cristo
Ressuscitado faz nova todas as coisas, então, quando chegar a nossa hora, se
morrermos na graça de Cristo, completaremos nossa incorporação no seu ato
redentor. (CIC 1220).
A celebração do Dia de Finados exalta a nossa fé na ressurreição e a
firme esperança do feliz reencontro na morada eterna preparada por Jesus, no
seio amoroso do Pai. Seria uma contradição tremenda se nesse dia festejássemos
os mortos. O Dia de Finados é um momento de reflexão sobre a vida, a que
vivemos e a que teremos depois da morte. A morte é uma passagem, a Páscoa
definitiva para uma nova vida. Ao celebrarmos os ‘finados’, ou seja, os que
partiram antes de nós, devemos rezar por eles de forma toda especial, trazendo
à lembrança a importância que suas vidas tiveram na construção de nossa
história, agradecer em oração pelos ensinamentos recebidos, demonstrar nossa
gratidão com flores e preces, oferecer a santa Missa em sufrágio de suas almas,
acender velas que simbolizam nosso desejo de que suas almas encontrem a Luz
eterna emanada por Cristo Jesus e, se necessário, numa prece muito sincera,
expressar nosso perdão ou pedir que Deus nos perdoe das faltas que cometemos
contra aqueles que já se foram, afinal, a misericórdia do Altíssimo alcança
onde nós não podemos chegar.
Muitos dos que nos precederam foram nossos primeiros educadores na fé e
nos valores cristãos, deixando-nos bons exemplos de virtudes que formaram
raízes que hoje produzem frutos em nossos descendentes e isso é sinal de que
laços de amor não se quebram quando são formados em Cristo. Ao recordamos a
vida dos que já partiram, deparamos com nossas próprias limitações e fraquezas.
O tempo da graça é hoje, a razão da nossa fé é a Ressurreição de Jesus Cristo,
que viveu apenas uma única vida humana, iniciada no momento de sua concepção no
seio virginal da Virgem Maria e consumada na Cruz, quando exausto e sem forças,
entrega sua vida nas mãos do Pai.
Nossa fé cristã é a fé no Ressuscitado. Esta certeza de fé elimina de
nós toda e qualquer ideia de renascimento ou reencarnação. Temos uma única
oportunidade de viver nesse mundo e nos prepararmos para vivermos a vida eterna
com Cristo, uma única chance. Somos únicos desde a concepção, durante a vida e
após a morte, não teremos outra vida, outra chance de nos redimir, só se vive
uma vez aqui neste mundo, portanto o chamado à santidade deve ser vivido agora,
a conversão não pode esperar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário