Dom Antônio de Assis - Bispo Auxiliar de Belém (PA) | cnbbn2 |
A IMPORTÂNCIA DO ASSOCIACIONISMO JUVENIL
Dom
Antonio de Assis Ribeiro
Bispo auxiliar de Belém (PA)
A
IMPORTÂNCIA DO ASSOCIACIONISMO JUVENIL: Educar e evangelizar através
da experiência de grupo (1)
O
processo de educação e evangelização dos jovens desafia pais, educadores,
evangelizadores e catequistas a serem sensíveis, criativos e estratégicos no
desenvolvimento da própria missão. É necessário cultivarmos um profundo
e dinâmico movimento de empatia para se chegar ao coração de quem se
deseja educar e evangelizar, ou “evangelizar educando e educar
evangelizando”.
Para
que isso aconteça é necessário dar a máxima atenção para com os anseios, as
sensibilidades das novas gerações e a tudo aquilo que está profundamente
atrelado naturalmente à psicologia juvenil. Uma das experiências que atrai o
olhar, o coração e a mente dos jovens é a experiência de grupo.
Neste
ano a Comissão Episcopal para a Juventude (Edições CNBB) lançou o livro com o
título “Grupo Jovem Paroquial: jeito jovem de ser Igreja”. Além
da versão impressa, há uma versão digital de fácil acesso disponível a todos
em: jovensconectados.org.br/mdocs-posts/livro-digital-grupo-jovem-paroquial-jeito-jovem-de-ser-igreja
Nesta
reflexão, sem a pretensão de fazer resumo do conteúdo do livro, quero iniciar
uma reflexão sobre a importância de darmos a máxima atenção a essa estratégia
de promoção da pastoral juvenil. A pergunta fundamental é esta: por que
é importante a promoção da experiência associativa (de grupos) dentro da
pastoral juvenil?
O
grupo é importante porque corresponde a uma necessidade humana
·
O
homem é um ser social. A experiência da vida em grupo ajuda os adolescente e
jovens a crescerem na sociabilidade, na capacidade de relacionamento, na
interação com os outros.
·
No
grupo nos exercitamos na comunicação, no diálogo, na escuta, no pensamento, na
arte de responder… O grupo interpela o indivíduo e o estimula ao crescimento
saindo da sua comodidade.
·
No
grupo tomamos consciência de nós mesmos, percebemos nossas carências (medo,
agressividade, desonestidade…) e potencialidades.
O
grupo é importante porque corresponde a uma necessidade afetiva
·
Temos
sede de amar, ser amados e servir; isso só é possível na interação com os
outros. Amar é expor-se! Somos naturalmente impelidos ao encontro dos
outros. O grupo é espaço para a experiência da afetividade, do amor, da
amizade, do bem querer…
·
O
grupo nos oferece a oportunidade de dar e receber afeto, isso nos livra do mal
da carência afetiva e do anonimato. O grupo nos leva a tomarmos iniciativas em
prol das necessidades dos outros, portanto, a experiência associativa nos
sensibiliza e nos oportuniza a possibilidade da experiência da solidariedade e
do cuidado com os outros.
O
grupo corresponde a um desejo de proteção e segurança
·
Diz
o ditado popular que “Juntos somos mais fortes!” e é verdade! A experiência
associativa empodera o indivíduo psicologicamente. Ninguém vivem sem o desejo
de proteção e segurança, pois é uma das mais significativas necessidades
humanas. O grupo é um ambiente de refúgio, abrigo, tutela, apoio,
garantia.
·
No
grupo crescemos no senso de pertença, proteção e atenção aos outros. O
grupo vai ao encontro da fragilidade do indivíduo e, este, por sua vez, coloca
a serviço dos demais o que pode oferecer.
O
grupo favorece a educação através do confronto com o outro
·
O
grupo é ambiente de conhecimento, é uma escola, um lugar educativo, um espaço
de múltiplas influências e condicionamentos. O grupo, segundo o psicólogo
americano Lawrence Kohlberg criador da Teoria do Desenvolvimento Moral,
é fonte das referências morais para os adolescentes, por isso, muitas
vezes o que o grupo diz cada indivíduo acata, gerando conflito com os pais. Eis
porque é importante a promoção de grupos com bons ideais e boas práticas.
O
grupo possibilita ao indivíduo o amadurecimento moral
·
O
psicólogo Lawrence Kohlberg nos alerta para a verdade de que o grupo é espaço
de recepção de estímulos e, por isso, forja o indivíduo a desenvolver a
capacidade de discernimento, senso crítico, reflexão pessoal, contestação e
fundamentação das convicções pessoais sem entrar em conflito com os outros (sem
rupturas) preservando a própria identidade com suas convicções.
·
O
grupo é o contexto em que cada indivíduo pode também testemunhar não somente os
seus vícios e fragilidades, mas também valores, virtudes, boas ideias,
iniciativas e lutas. O grupo traz consigo sempre uma relativa ambivalência,
fruto das virtudes e limites presentes em cada pessoa. A saudável experiência
de grupo ajuda o indivíduo a crescer no senso ético.
O
grupo corresponde a uma necessidade eclesial
·
A
Igreja é uma família formada por pequenas associações de pessoas: famílias,
grupos, associações, congregações, comunidades, paróquias, dioceses… Na Igreja
não deve haver pessoas sem vínculos, desagregadas…
·
A
experiência educativa e religiosa em grupo, corresponde a uma necessidade do
caminho eclesial. Somos comunidade, Igreja Sinodal, comunhão… Dessa convicção
vem a experiência da corresponsabilidade, do mutirão, da colegialidade na
liderança (grupo, equipe, comissão), do discernimento comunitário, da promoção
dos conselhos pastorais etc.
O
grupo corresponde à necessidade missionária
·
Jesus
enviou seus discípulos “dois a dois” para evidenciar a dimensão comunitária da
missão eclesial. Nenhum discípulo deve estar isolado evangelizando. Mesmo que
alguém esteja só, não deve estar isolado.
·
Fora
do sentido comunitário, fraterno e da comunhão não existe verdadeira
evangelização. A evangelização é uma missão comunitária. A missão comunitária
nos leva à convicção da necessidade da experiência de vida fraterna como
expressão do Reino de Deus.
·
O grupo
é chamado a ser espaço de vivência dos valores do Reino de DEUS, portanto, do
perdão, da misericórdia, da compaixão, da solidariedade, da partilha
etc.
PARA
REFLEXÃO PESSOAL
Em
sua vida você já fez parte de um grupo? Como foi a experiência?
O
que você destaca de importante na experiência de grupo?
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