Dom Antônio de Assis | catedraldebelem |
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA POLÍTICA DO BEM COMUM
Dom
Antonio de Assis Ribeiro
Bispo auxiliar de Belém (PA)
Apesar
dos conflitos de interesses, confusões ideológicas, corrupção, partidarismo e
politicagem e tantos outras forças opressoras no serviço público, os ideais da
verdadeira política continuam. O joio não tem poder para eliminar a força do
trigo e, por isso, não podemos nos deixar arrastar pelo medo, fantasia e nem
pessimismo.
Em
tempos de ameaças extremistas, tanto de direita quanto de esquerda, é de
fundamental importância a solidez e intransigência das Instituições de
Controle Social, promotoras da estabilidade, serenidade e fidelidade do Estado
Democrático de Direito.
Sem
um sistema de proteção do Estado, com seu conjunto de sólidas instituições, a
sociedade fica à deriva dos governos, partidos e ideologias.
Isso é muito perigoso! Ao longo da história, ditadores de direita e
de esquerda, para implantar suas ideias, começaram demolindo as estruturas
jurídicas para inaugurar a ditadura.
Identificamos
ao longo da história muitas formas de ditaduras: religiosas, militares,
culturais, ideológicas etc. A ditadura pode estar presente em muitos ambientes:
num país, numa religião, igreja, empresa, comunidade religiosa, na família etc.
Uma das mais fortes características de um regime de ditadura é supressão dos
direitos individuais e a negação da participação dos cidadãos.
Diante
do atual cenário político é oportuno recordarmos os princípios
fundamentais da autêntica Política do Bem Comum, alicerçada no respeito
incondicional pela dignidade humana, já refletida na Declaração Universal dos
Direitos Humanos (1948).
Para
a Doutrina Social da Igreja Católica, a política é serviço em prol da
promoção da dignidade humana; é a ciência da gestão do Bem Comum em
vista da expansão da justiça e da paz; é esforço conjunto, ordenado e
sistemático para o fomento do desenvolvimento integral. O Papa Francisco nos
diz que “a política é uma obrigação moral» (EG,220) pois somos
corresponsáveis pelo bem da sociedade.
No
horizonte ético da política recordemos alguns princípios orientadores
do serviço público no poder executivo, legislativo e judiciário: a universalidade é
o cuidado com as necessidades de todos indistintamente de categorias e
isso exige imparcialidade, que significa servir sem favoritismo e seletividade; a eticidade estimula
a busca da transparência, lisura, honestidade no serviço público; a legitimidade lembra
que a política do Bem Comum vai ao encontro das autênticas necessidades
humanas, respeitando a hierarquia delas; a subsidiariedade pede
que no ato de governar, as autoridades considerem a necessidade da corresponsabilidade,
participação e envolvimento dos indivíduos, evitando o paternalismo e o
populismo.
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